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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

segunda-feira, 26 de abril de 2010

AOS QUE TRABALHAM E SOFREM


CAROS PROLETÁRIOS!

Nem eu sei, ao falar-vos em que medida as minhas palavras poderão inspirar-vos confiança.

Avalio como soa ironicamente, ‘quase a troça, esta palavra — felicidade, aos ouvidos de quem, neste Mundo, sofre da triste condição proletária! Vós a procurais com ‘afinco, naturalmente, mas ides seguindo, desde há muito, caminhos errados, atrás de falsos profetas, em quem tendes confiado.

Começastes por repudiar Deus e a Sua lei, di­zendo que A RELIGIÃO É O ÓPIO DOS POVOS, quando aconselha paciência e resignação aos oprimidos. Se vós me pudésseis responder, perguntar-vos-ia onde e quando foi que a religião aconselhou resigna­ção para com as injustiças sociais derivadas da falta de consciência e do escrúpulo dos patrões. Também ela alguma vez a terá recomendado para com o gatuno que nos quer levar a carteira, ou para com o perro, que procura filar-nos as canelas? Não se deve confundir os princípios cristãos com o comportamento dos que se dizem seus adeptos, e que provam, pelos seus actos, serem mais judeus do que católicos. Ao lado disto, afirmais também que A PRO­PRIEDADE é o roubo. Estou de acordo convosco em que propriedade e até a prosperidade de muitos, foi e tem sido obtida à custa de desonestidades.

Mas isso só prova que possuir é a tendência natural de todo o  homem, e que, quando não se consegue alcançar a satisfação desse desejo por processos lícitos, ou a ambição incontida não se conforma com a lentidão destes processos, se recorre aos ilícitos.

Todo o homem quer possuir, para poder prover às suas necessidades, ser independente e livre. Em verdade, a propriedade seja do que for é uma condição essencial da liberdade.  Só é inteiramente livre (humanamente falando) o homem que não precisa de alugar o seu trabalho. a pessoa que dentro do condicionalismo legal, faz o que quer, vai para onde quer e quando quer.

Como se consegue esta liberdade, senão pela posse de bens? E como conseguistes vós, até agora, a pro­priedade do vosso vestuário, da vossa ferramenta, do vosso mobiliário? Sem dúvida, à custa do trabalho. De facto, a propriedade é, em princípio, trabalho acumulado. E outros que conseguiram juntar o trabalho acumu­lado por pais, sogros, avós, etc., puderam alargar a sua propriedade a uma residência, a uma quinta ou herdade, a uma oficina, a um estabelecimento comer­cial.

Não desejais vós, que pouco ou nada possuis, qualquer forma de propriedade? Decerto. E isso não quer dizer que sintais desejos de roubar. O vosso abatimento deriva, exactamente, do facto de nada possuirdes de apreciável, como se infere da expressão que tantas vezes usais: uns com tanto, e outros sem nada»!

É exactamente este, o justo motivo da vossa indignação.

Muitos proprietários esquecem ou ignoram que têm uma função social a desempenhar, qual é a de auxiliar os desprotegidos e de fomentar a produção. A propriedade não é o roubo. Mas quando ela se fecha no seu egoísmo deixa de ser inteiramente legítima. O que é preciso, nos tempos que correm, é varrer o egoísmo, recordando a uns e ensinando a outros, os seus deveres, para se poder alcançar um equilíbrio tão necessário como urgente.

E não argumenteis com a «propriedade colectiva» dos socialistas. Isso é o mesmo que a não-propriedade porque o que pertence a todos, não é de ninguém.

Pois já o vosso amor à liberdade que vos levou desamparados para as forças do dinheiro, devido à dissolução em que consentistes, das vossas antigas organizações profissionais. Quando destes pelo prejuízo, fostes à procura de defesa, e começastes por vos enfeudardes à de­mocracia que ouvíeis dizer ser o Governo do povo pelo povo. Breve vos desiludistes ao verificardes que ela era, reconhecidamente, o império das plutocracias e das oligarquias, mesmo quando, ou talvez, principal­mente quando, — se afirma socialista.

E, explorando o vosso cepticismo alguns pretendem agora atrair-vos para o comunismo, para a chamada ditadura do proletariado, que não é senão a ditadura de um partido único, ou seja, da meia dúzia dos seus dirigentes. Digo-vos, porém, desde já todas as dita­duras, e portanto também aquela, são filhas legí­timas da democracia, ainda que esta se recuse a per­filhá-las, sob pretexto de que não se parecem com a mãe. Mas entre ela e as filhas, nota-se apenas um diferença essencial: a democracia é a tirania do nú­mero; a ditadura é a tirania do … algarismo.

Compreendo plenamente a vossa angústia. A de­mocracia deu-vos em teoria (só em teoria. . .) «liber­dade para tudo» mas tirou-vos a garantia do pão quotidiano e portanto a base da autêntica liberdade. O comunismo oferece-vos a ração diária se fordes do partido) e mais nada, porque vos priva de Moda a li­berdade. Mas a vossa inteligência afirma-vos que há-de haver uma outra ordem social em que o homem possa «possua em liberdade e com satisfação, o pão que ar­duamente, ganhou cotn o seu suor, porque isso é que é natural.

Pois tendes razão, caros proletários.

Essa ordem social, embora  não instaurada em qualquer comunidade, existe, concebida pela inteligência, esclarecida à luz dos ensinamentos da história da Humanidade. É aquela que se baseia nos agrupamentos naturais do povo, especialmente na família (ordem político-administrativa) e no Sindicato (ordem económico-social). Não se trata de um sindicalismo revolucionário, com a greve geral» como arma principal, mas de uma modalidade de sindicalismo ,a , que outrora se chamou «reformista», fundado na colaboração cada vez mais necessária entre o capital e o trabalho.

É no seio dos seus organismos profissionais que a posição do trabalhador se há-de valorizar, e por meio deles, que intervirá  na administração pública e na luta pelas suas liberdades e prerrogativas humanas e sociais.

O mito da LUTA DE CLASSES, do ódio mortal entre patrões e operários, está a entrar, felizmente, no campo das efemérides históricas. Baseava-se ela, em parte, nas aquisições da CIÊN­CIA, do século passado, denunciando a luta pela vida e o triunfo do mais forte na existência dos animais. Mas a Ciência deste século já demonstrou que essa noção está longe de poder ser a regra em toda a Na­tureza, e talvez seja apenas a excepção, em vista da exuberância das associações animais, e principalmente do conhecimento das simbioses — verdadeiras afirma­ções de auxílio mútuo, com vista ao exercício das di­versas actividades vitais.

Também o Homem não pode viver isolado. Ele é um ser eminentemente social. Daí o individualismo ser um erro político que já ninguém hoje defende com seriedade. O exemplo da vida nas associações animais con­diciona uma modificação na mentalidade social, tendente a transformar a luta irredutível, em colaboração in­teligente, e útil para todos. Estes três erros, entre outros, vos têm trazido divorciados de tudo o que é nacional, cristão, e mesmo profundamente humano.

Mas já verificámos que a religião, á-parte o seu caracter sobrenatural de reguladora das nossas relações com DEUS, é a grande consolação dos que, neste Mundo, são infelizes.

Esforce-se cada pessoa, cada classe, por melhorar a sua condição, à custa de todos os meios legítimos e lícitos; mas permaneça intacta, para os mal sucedidos, para os incapazes, para os espoliados, para todas as vítimas indefezas da maldade humana, a esperança de que na OUTRA VIDA, terão parte na reparação que lhes foi anunciada há dois mil anos, pelas bem-aventuranças enunciadas por Jesus Cristo.

Verificámos também que a propriedade, na sua essência é trabalho acumulado, e fonte, de riqueza e de produção, quando cumpre inteiramente os seus deveres sociais e económicos. Verificámos, por fim, que a luta de classes é um mito, e que dentro de cada espécie de seres vivos, a associação é a regra e o auxílio mútuo domina o panorama da vida. Também o homem é naturalmente inclinado à associação e a inteligência afirma-nos, que para um fim comum, e útil a todos, devera ser Conjugados os esforços de todos.

Estou, porém, ouvindo duas objecções: E quem nos garante que no campo da colaboração, a nossa posição de mais fracos, de menos influentes, não será sacrificada à ambição da outra parte, menos escrupulosa e mais poderosa?

E quem nos garante que a propriedade, para que nós contribuímos, acabará por reconhecer os seus deveres, e deixará de constituir um elemento de opressão para passar a apresentar-se , corno agente de pro­gresso da colectividade? Tendes razão nas vossas objecções. A garantia é a base de todos os contractos.

Donde vos poderá, então, vir ela? Sem dúvida, do Poder, islo é, dos Governos. E para isso, não deverão estes ser susceptíveis de passar para as mãos dos poderosos das forças econômicas, dos ignorantes, dos maus, ou dos incompetentes. Garantida a vossa participação na vida administra­tiva do Estado, é preciso que o Governo supremo do agregado nacional não possa ser jogado aos dados, e que à Nação naturalmente organizada, corresponda um’ Governo também natural, e naturalmente transmitido. Ora dai vós à imaginação as voltas que quizerdes, e não encontrarei» outro nestas condições, que não seja o GOVERNO MONÁRQUICO.

Só o Rei que não deve o poder a nenhuma classe; que não provém de qualquer camada social: que não vai assumir funções sem estar para elas pre­parado; que. não precisa de criar amigos à custa da iniqüidade — pode ser o árbitro supremo, o vigilante da justiça, a garantia do cumprimento dos contratos, da execução das leis, da aplicação do castigo aos trans­gressores de má fé.

É por isso que nós, sendo sindicalistas e municipalistas, somos também MONÁRQUICOS.

O nosso monarquismo é mais uma consequência do que uma precedência. É também como conseqüência que nós vos convidamos a adoptá-lo. Meditai no que vos digo nesta resumida prátíca. E sede corajosos, desassombrados e inteligentes na resolução que. decerto, não deixareis de tomar. Nós não somos falsos profetas. O caminho seguro está aberto diante de vós.

(Fonte : Prédicas de um Monárquico, Jacinto Ferreira 1957)
Blogue "Esquerda Monárquica"

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