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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

terça-feira, 31 de agosto de 2010

A VERSÃO HISTÓRICA DOS VENCIDOS

O livro do jornalista monárquico Joaquim Leitão relata a descoordenação militar, denuncia a fuga de ministros e até revela que o futebol serviu de senha aos revolucionários

Do depoimento de todas as testemunhas dos factos de Outubro é que tem de sair a confirmação da verdade, seja ela triste, seja ela consoladora." O jornalista Joaquim Leitão fez a reconstituição do golpe através da versão dos monárquicos que foi entrevistando, compilando no livro Diário dos Vencidos (publicado em 1911 e agora reeditado pela Alêtheia) os artigos que escrevera no jornal Correio da Manhã logo após a implantação da República.

Além de revelar os problemas militares, com o capitão Martins de Lima a sustentar que o plano secreto de defesa do coronel José Joaquim de Castro (que, neste livro, defende a sua estratégia, num curioso confronto de versões) "foi mais prejudicial à Monarquia que todo o clorato de potássio e dinamite dos carbonários, foi uma bomba única, fenomenal, que derrubou um regime e cujo estampido repercutirá para sempre na História de Portugal", esta obra também denuncia as traições, "coincidências que lembram cumplicidades, fraquezas que parecem vendas, desorientações que passam por cobardias".

No quartel-general, o ministro da Guerra, Raposo Botelho, "estava vestido à paisana, sentado à mesa, reconfortando-se com um caldo reparador". O seu colega Marnoco e Sousa, "o intemerato ministro da Marinha que o [primeiro-ministro] sr. Teixeira de Sousa foi pescar ao Mondego" (era professor de Direito em Coimbra), após entrar pela primeira vez na vida no Arsenal, saiu de lá, foi bater à porta de uma pensão e alugou um quarto. "O proprietário, carbonário, reconhecendo o ministro, deixou-o entrar e fechou-o à chave por fora."

Mas nada se compara "às atribulações do sr. Pereira dos Santos, último ministro das Obras Públicas da Monarquia, [que,] fugindo com o terror da chacina, pelos bairros excêntricos de Lisboa, são de encomenda para alegrar um chorão". O governante andou a mendigar um abrigo para se esconder ("prefiro morrer à fome do que fuzilado") e, quando, dias depois, chegou à sua casa no Estoril, passou várias vezes diante da porta com medo que estivesse ocupada pelos revoltosos, que, decerto, o executariam.

Perante isto, de pouco vale a explicação do capitão de infantaria que tinha fugido, ao ser interpelado por um oficial do Estado Maior: "Caiu ao pé de mim uma granada que me atirou um torrão com toda a força e que me magoou imenso. Está claro que me vim embora."

Panorama dos acontecimentos obtida junto dos que se esforçaram por defender o regime monárquico ou assistiram a tudo junto de D. Manuel II, o livro mostra imensos absurdos. O Campo Entrincheirado, por exemplo, "não podia intervir de maneira nenhuma", explicava anonimamente "um oficial de artilharia, muito conhecido pelo nome político da família, e antigo deputado, que pertencia à guarnição dum dos fortes" daquele complexo. "Eu explico. O Campo Entrincheirado compreende as baterias Rainha Amélia, Rainha Maria Pia e Duque de Bragança, na margem norte; e a bateria da Raposeira, na margem Sul; São Gonçalo, ao pé da Duque de Bragança. As da margem norte batem até Entre-Torres e fora da barra, sendo nestas que estão os obuses de 28. A Raposeira bate por cima da Trafaria. Ora, as baterias estão assentes para defender Lisboa de ataques de fora, e não de ataques de dentro. E como o campo de tiro, nestas peças de tiro indirecto, não abrange o quadro dos navios de guerra, o Campo Entrincheirado não podia bater cá para dentro. Para o Campo Entrincheirado incomodar os navios [republicanos] era preciso que eles saíssem a barra. Mas há mais coisas curiosas. Caxias tem obuses de 28 e tem lá um farol. Pois, como o farol podia cair, nunca se experimentou os obuses."

Razão tinha Martins de Lima quando propôs que se prendesse o Governo, esses "intrusos" que punham o quartel-general "numa confusão de endoidecer". "E hoje estou arrependido de não insistir até o general prender os ministros. Afinal, quem fez a República foram eles."

O livro está repleto de preciosidades históricas. "Este é do pontapé na bola", dito pelos marinheiros revolucionários, pois "muitas praças do cruzador Adamastor jogavam bem o foot-ball", queria dizer "este é do movimento".

E Joaquim Leitão aproveita para lançar uma crítica fora do contexto. "Com a mania que há entre os filólogos - que são os homens mais maníacos que se podiam inventar - de traduzir o intraduzível, os desportistas entenderam que deviam traduzir o foot-ball por 'pontapé na bola'."

Jornalista cuidadoso, para não ser acusado de criar boatos, confirma os depoimentos e, quando não atribui a autoria, esclarece logo os leitores. "Quem é este nosso entrevistado?... Pouco importa sabê-lo. Basta que a garantir a autenticidade possamos dizer, como podemos, que Paiva Couceiro, a quem lemos a entrevista antes de a publicarmos, a confirmou em todos os pormenores."

Joaquim Leitão só não podia suspeitar que um dos três tenentes do quartel dos marinheiros de Alcântara, que não aderiram à revolução e foram presos, seria um vulto notável nas décadas seguintes. Chamava-se António Sérgio.

(Fonte: DN)

REAL TERTÚLIA COMEMORA 19º ANIVERSÁRIO EM MONTEMOR-O-NOVO

Manuel Andrade Guerra
A Real Tertúlia Tauromáquica D. Miguel I irá pela primeira vez comemorar o seu aniversário - 19º - fora de Lisboa, desta feita no próximo dia 5 de Setembro em Montemor-o-Novo, por ocasião da tradicional Feira da Luz.

Haverá um grande almoço nos Claustros do Convento de São Domingos (junto à praça de toiros, onde nessa tarde se realiza a habitual corrida de toiros) com ilustres convidados-surpresa e a presença do Sócio de Honra, Luis Miguel da Veiga, que será homenageado pelo facto de se assinalarem este ano 50 temporadas desde a sua apresentação como cavaleiro amador, precisamente na arena de Montemor.

Na altura, será também feita a apresentação no Alentejo do livro "Cavaleiros - Heróis com Arte", de Manuel Andrade Guerra (presidente do Directório da Real Tertúlia, na foto), obra essa que é em grande parte dedicada à Família Veiga.

(Fonte: Farpas Blogue)

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

NOVO SÍTIO NA INTERNET - DUARTE DE BRAGANÇA.CO.CC

Site Duarte de Bragança : http://duartedebraganca.co.cc/

Foi criado um site dedicado exclusivamente a D.Duarte de Bragança e à Causa Monárquica, pretende-se com este site juntar tudo o que existe de informação monárquica dentro e fora das redes sociais. Também se pretende criar um ponto de referência para que por alguma razão a página do Facebook Duarte de Bragança desapareça as pessoas não percam a ligação com D.Duarte e através do Google seja possível voltar a encontrar a página de Facebook e as restantes redes. Basta carregar na página do site para aceder a praticamente todos os mais importantes sites e rss feeds sobre a Causa Monárquica, os últimos ajudam a que seja possível consultar num telemóvel.

Esperamos com esta solução responder aos fechos arbitrários de contas no Facebook referentes a D.Duarte de Bragança. Obrigado pelas mensagens de apoio que nos têm chegado.

Cumprimentos Monárquicos

Webmaster
(Fonte: Blogue "Esquerda Monárquica")

ENTREVISTA A S.A.R D. ISABEL DE BRAGANÇA, PELO CORREIO REAL DE JUNHO DE 2010

S.A.R. Dona Isabel de Bragança Princesa Real e Duquesa de Bragança, nasceu na freguesia de Alvalade, Lisboa, em 22 de Novembro de 1966.

É a XXIV Duquesa de Bragança pelo seu casamento com Dom Duarte Pio, Duque de Bragança e actual Chefe da Casa Real Portuguesa. D. Isabel de Bragança viveu entre Portugal e Angola até 1975, quando a sua família se mudou para São Paulo, Brasil.

Estudou na escola jesuíta de S. Luís, em S. Paulo, até 1988. Em 1990 obteve um MBA na Fundação Getúlio Vargas, na mesma cidade brasileira, e voltou para Portugal onde ingressou numa sociedade de gestão de patrimónios, área onde se especializou. A 13 de Maio de 1995, casou com o Duque de Bragança no Mosteiro dos Jerónimos, consagrando a partir de então os seus esforços à vida familiar. É a mãe de Dom Afonso (nascido a 25 de Março de 1996), Dona Maria Francisca (3 de Março de 1997) e Dom Dinis (25 de Novembro de 1999). D. Isabel é desde 1995 patrona de várias instituições de caridade, a maioria dedicada ao cuidado e suporte de crianças necessitadas e de pessoas vitimadas pela síndrome de Down. Além de Princesa Real e Duquesa de Bragança, é Grã-Mestre da Ordem de Santa Isabel, Grã-Cruz da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, Grã-Cruz de honra da Ordem de Malta e Grã-Cruz da Ordem de S. Maurício e São Lázaro.

Qual é a análise que faz VAR da crise que atingiu a economia mundial há dois anos ?

Não houve controlo em certas operações financeiras e imobiliárias, nem por parte do Estado, através de uma entidade independente, nem das próprias entidades reguladoras do sistema financeiro. Além de se ter emprestado dinheiro sem o cuidado necessário. Em grande parte foi o que originou esta crise financeira nos Estados Unidos e em vários países europeus. Damo-nos conta de que tem de haver controlo por parte de uma instituição verdadeiramente independente e que não se possa corromper.

Além dos aspectos económicos e financeiros encontra VAR outras justificações para a ameaça que paira sobre as economias ocidentais?

No mundo ocidental e em Portugal, em particular, passámos a viver acima dos nossos meios, a consumir mais do que produzimos, tanto as famílias como o Estado. Com o euro, ficámos com a sensação de sermos como a Alemanha, só que sem a produção e o nível de preparação que há nesse país. Os historiadores há muito tempo que explicam que quando um povo enriquece subitamente sem melhorar o seu nível cultural, acaba por consumir essa riqueza e fica mais pobre e infeliz do que antes. Isso sucedeu em muitos países do "terceiro mundo" e infelizmente sucedeu aqui...

As famílias frequentemente desperdiçaram a riqueza com bens supérfluos, e o Estado, em alguns casos, fez o mesmo ... Temos mais quilómetros de auto-estrada por habitante, temos provavelmente o maior número de casas por família, enquanto deixamos cair as áreas antigas das cidades. Temos o pior nível de educação e formação profissional da Europa. Já fomos ultrapassados pelo Brasil.

Infelizmente, exactamente pelo problema cultural, parece que concordamos com essa situação em vez de exigir-mos melhor educação, mais disciplina e menos desperdício por parte dos governantes.

Que papel poderá ter o Ideal Monárquico na superação desta crise que o País atravessa?

Nos países europeus que têm reis e rainhas como Chefe de Estado esses problemas são em geral mais bem resolvidos. Em Portugal, quem adere ao ideal monárquico são pessoas com elevado sentido patriótico, que colocam o interesse nacional e os valores morais acima dos seus interesses pessoais imediatos.

Infelizmente a grande maioria dos portugueses adeptos da Monarquia não se associaram ainda às Reais Associações, e por isso não podem ser contactados, informados e convidados a participar na luta política que é necessário conduzir para salvar Portugal.

Por falar em Reais Associações, o que considera que tem corrido melhor e pior na sua dinâmica ?

O desenvolvimento das Reais Associações foi muito diverso de região para região, conforme a capacidade dos seus dirigentes e a militância dos associados. Em geral tem funcionado como fermento e testemunho, levando muita gente a encarar a alternativa monárquica como uma proposta válida para a qualificação da nossa vida política. Mas o facto de serem a representação oficial do Movimento Monárquico e contarem com o apoio do meu Marido, também as obriga a certa prudência. Ao estarem abertas a pessoas de todas as tendências políticas, não podem tomar posições vistas como sendo partidárias.

E a intervenção política dos monárquicos portugueses?

A intervenção política dos monárquicos pode acontecer de muitas maneiras. Há notáveis organizações de intervenção cultural e política criadas e dirigidas por monárquicos. Há tendências monárquicas nos partidos políticos, há organizações de estudantes, de profissionais monárquicos, etc. Mas é muito importante que todos estejam filiados numa organização nacional comum, pelos motivos que já disse. Quando, sobretudo nas regiões com menos população, as pessoas não se filiam e não participam, os dirigentes ficam sem meios humanos para cumprirem a sua missão.

É verdade que infelizmente algumas direcções como que adormeceram, ou "fecharam-se" sobre si próprias. Mas, pelo que sei, com os novos estatutos essas situações estão a ser ultrapassadas.

Em conclusão: as R.A. são aquilo que os seus associados quiserem fazer delas. Há acções com grande visibilidade, como a presença oficial nas feiras e exposições que temos visitado, graças à notável colaboração de generosos voluntários. Também organizam as nossas visitas oficiais às suas regiões, em colaboração com as Câmaras Municipais. Mas creio que deveria ser estimulada a "formação política" dos monárquicos, para saberem defender e explicar melhor os objectivos. E também para usarem técnicas de comunicação mais eficientes.

Cem anos depois da queda da Monarquia quais os principais argumentos para a restauração?

Acho que o mais óbvio será comparar o nível de desenvolvimento que aconteceu em todas as monarquias europeias, com o nosso atraso relativo a elas nos últimos cem anos.

E outros factores: o Reino Unido conseguiu manter uma ligação profunda com as antigas colónias através da Commonwealth, e a nossa república provocou a desastrada e trágica descolonização que vivemos. Quanto ao presente, se a democracia portuguesa pudesse contar com um Rei, ele contribuiria certamente para dar mais estabilidade e dignidade à política, ajudando os governos, sem ser suspeito de querer favorecer um partido ou alguns interesses económicos. Um Rei é de facto de todos, e não só dos que o elegeram, enquanto que em Portugal a percentagem da população que, realmente, elege o presidente chega a ser menos de 25 por cento...

Mas o mais importante é o seu valor simbólico: o Rei representa a face humana da Nação. E a Família Real simboliza a sua continuidade para além das transformações impostas pela história.

Como vê a evolução do papel das mulheres portuguesas nos últimos cem anos?

Creio que foi lento em comparação com o resto da Europa durante a Primeira e Segunda Repúblicas. Nesta Terceira República houve uma evolução mais rápida, mas há ainda muito caminho a percorrer. Penso que o papel da mulher é fundamental na sociedade e na política do país

Há pouco falou em sermos mais exigentes com a educação. Está VAR preocupada com o actual estado do Ensino em Portugal?

Os professores são quase heróis, pois a lei e a práctica actual tirou-lhes a autoridade necessária para manter a disciplina em muitas escolas públicas.

Quanto aos programas, foram muito influenciados por ideologias idealistas e utópicas, muitas vezes desajustadas da realidade. As consequências estão à vista, pois temos os piores resultados escolares da Europa. Creio que só as famílias dos alunos, devidamente organizadas, é que poderão pressionar os políticos à mudança necessária.Isso deveria ser negociado com os partidos antes das eleições e o Estado tem de ser fortemente pressionado. Senão, é sempre mais simpático dar boas notas e diplomas a todos, quer estudem e tenham conhecimentos quer não...

Os programas, portanto, não lhe parecem adequados?

Acho que os programas são excessivamente teóricos e com matérias a mais.

Quanto aos 90 minutos de aulas...qual é a criança ou o adulto que consegue concentrar-se 90 minutos em matemática, quimica ou outra matéria?

Talvez para algumas cadeiras menos densas...

Quando me dizem que isso acontece porque em algumas escolas é mais tempo para que os alunos se acalmem e se concentrem, então acho que cada escola devia ter a liberdade de decidir a duração das aulas, conforme a necessidade dos seus alunos.

Estão a criar-se graves problemas à vida e ao crescimento das crianças.Para além de que elas precisam de tempo livre para brincar e practicar actividades desportivas e outras.

É simbólico que quando se procura afastar os jovens da educação moral torna-se obrigatória a participação nas aulas de "educação" sexual - apesar desses programas serem contrários às convicções da maioria das famílias. Muitos pais nem suspeitam o que lá se ensina às crianças...

Em relação ao nosso Príncipe e Infantes como faz VAR para superar as insuficiências do sistema de ensino?

O meu marido e eu acompanhamos diariamente os estudos dos nossos filhos e tentamos ajudá-los a ultrapassar certos aspectos menos felizes dos programas.

João Távora

Duarte Calvão

(Fonte: Monarquia Portuguesa )

O EXPRESSO E A RESISTÊNCIA CLANDESTINA PORTUGUESA

Sábado de manhã, muito calor e um verão que vai a meio, sem que isso até hoje significasse praia. Lá me decidi ir de comboio até Carcavelos e para me entreter, recorri ao saquinho de plástico que entre muito desperdício de papel, contem o Expresso.

Já em viagem, estourou uma audível zaragata num grupo que digladiava argumentos acerca da actual situação política. Entre o mata e esfola, as sugestões de "pena de morte" e um infindável e esperado arsenal de "pneus a arder, bastões de ferro, caçadeiras e barricadas", decidiram-se pela necessidade de "acabar com isto". "Isto", diante de um agente da autoridade que se alheou completamente, não fazendo caso do chorrilho de insultos endereçados aos vários palácios do Poder.

Dizendo para mim o inevitável ..."a coisa vai mesmo mal, perdeu-se a compostura e o medo", tentei abstrair-me e abri o semanário, encontrando as notícias que fomos conhecendo ao longo da semana. A crónica de Miguel Sousa Tavares consiste numa variante elegante daquilo que ainda era possível escutar no berreiro que alegremente decorria uns bancos mais à frente, mas a novidade, consistiu nas duas páginas de destaque, brilhando pelo ineditismo do tema escolhido. Trata da "questão dos monárquicos" que são afinal, muitos mais do que aquilo que se possa pensar. Surgem de forma inesperada, cortam todo o espectro político e já muito longe do labéu de "ratos da Torre do Tombo", desempenham as mais diversas funções. Isto poderá espantar a maioria dos leitores do Expresso, sempre chamados a ler os piramidais e insondáveis desígnios de escutas jamais feitas, os inefáveis poderes presidenciais que existem em part-time, os tais procuradores à cata de algo mais e o fabuloso mundo dos terrenos, demolições, centros comerciais e contentores vários, além de casos futebolísticos que captem a atenção de uma franjinha mais desportiva.

Grande surpresa, essa... O Expresso está verdadeiramente boquiaberto, ou então, é globalmente parvo parvo andando a "fazer de conta", ou para tudo ser mais plausível e elevado, resolveu-se a tactear o terreno. Já há uns anos, o seu director José António Saraiva o fez, mesmo que de forma indirecta e evocando o rival país vizinho.

Já paira entre todos, aquela sensação de que o país precisa e quer algo de novo. Que corte cerce o legado das últimas duas décadas, mas não perturbe a tranquilidade palradora de todos os nós. Assim, talvez seja esta uma das interpretações a dar às imprevistas páginas centrais do Expresso.

Afinal, é uma "surpresa" que não o é, até para os mais desatentos. Embora disso não se fale, "eles" existem em todas as famílias, todos os partidos, locais de trabalho e sobretudo, irritam precisamente aqueles que se sentem donos da vontade alheia. Enfim, estão por aí, silenciosos, dificilmente mutáveis e de uma persistência estóica, sabendo bem qual a sua primeira fidelidade acima de qualquer clube, grupinho debicador de acepipes ou leituras.

Existem mesmo. Mas qual é a surpresa? Não são uma "meia dúzia" de milhar, nem uns excêntricos de estranhas falas e vetustos almanaques debaixo do braço. São gente que todos têm ao lado, muitas das vezes sem que disso se dêem conta.

Não são afinal os monárquicos portugueses, o mais subterrâneo e teimoso movimento clandestino de resistência em Portugal?

Nuno Castelo-Branco
(Fonte: Estado Sentido)

domingo, 29 de agosto de 2010

REVISÃO CONSTITUCIONAL - UMA OCASIÃO QUE NÃO PODE SER PERDIDA

Os poucos republicanos convictos da imprescindibilidade do regime para a manutenção da democracia e o alcance do progresso, tentam colar aos que defendem o regresso ao regime que durante quase oito séculos presidiu aos destinos de Portugal evoluindo e adaptando-se aos tempos, o rótulo de passadistas, retrógrados, defensores de privilégios e outros epítetos semelhantes.

São quase sempre os mesmos que neste ano do centenário da República, falam dos primeiros anos do regime imposto revolucionariamente em 1910, como de um paradigma, mesmo de um paraíso perdido, onde a onda avassaladora da liberdade, da paz social, das novas conquistas civilizacionais, se impôs pela bondade das suas ideias e realizações. Tem sido esse o tom das conferências, palestras, publicações e exposições que, um pouco por todo o país, o Estado, as autarquias e algumas escolas e universidades têm realizado, no afã de agradar às clientelas nuns casos, aos poderes públicos noutros.

João Mattos e Silva
Presidente da Real Associação de Lisboa

(Fonte: Causa Monárquica )

A REPÚBLICA HOMENAGEIA AMÉLIA DE ORLEÃES?

Na Rotunda, a rainha

Diz a notícia batráquio, que ..."aproveitando as Comemorações do Centenário da República", realizar-se-á uma série de eventos culturais em toda a capital. Orquestras de jazz, disc jockeys, dança e cinema, preencherão um mês inteiro. Não podemos deixar de "parabenizar" - é assim que deveremos passar a falar, não é? - quem se lembrou de entreter os numerosos turistas que acorrem a uma cidade em completa decadência. Esburacada, com os seus prédios a ameaçarem substituição por monturos informes de reles betão, deserta e com fachadas cheias de letreiros pois "Era", "vende-se", temível "projecto aprovado" e outras malandrices do estilo, Lisboa precisa de oferecer entretenimento, nem que seja para simular pertencer ao mais badalado espaço europeu. Na verdade, esta cidade cada vez mais se parece com a sua prima além Mediterrâneo, a Argel das esplendorosas construções de traço francês, vidros estilhaçados, trapeiras que se afundam nas telhas partidas, fachadas que mostram cinco ou seis camadas de tinta às três pancadas, alumínios que substituíram as persianas de madeira, estuques esboroados e gradeamentos enrubescidos pela ferrugem do tempo. É o progresso que temos.

Concordamos com a ideia de aproveitar as noites amenas do estio, onde uns jogos de luz emprestarão algum brilho a cenários de alvenaria cheios de mazelas que o impenitente sol não deixa esconder. O que se torna um absurdo é a inclusão destas iniciativas, no âmbito das comemorações da famigerada república. Não contentes com degraus estilo Burbbery's, uma estátua equestre com carradas de lixo e um "cais de pedra quase desaparecido no Terreiro do Paço, agora servem-se da república para entreter os viandantes mais incautos. Para mais, atrevem-se a invocar as "mulheres" da dita cuja, para prestarem louvaminhisses que estranhariam às mesmas. É que enquanto na monárquica e aliada Inglaterra, as milhares de activistas que seguiam Emmeline Pankhurst acabaram por conseguir a igualdade que lhes era negada, no Portugal republicano tivemos as mulheres sujeitas à discriminação milenar e pior ainda, com princípios impiedosamente propagados em cartilhas, jornais de leitura em casa de pasto, legislação vexatória e oratória vibrante de machismo que roçava a misoginia e outras certezas próprias de sifilíticos machotes sorvedores de vinhaças no café Gelo. Os linotipistas ao serviço das folhas de Afonso Costa, lá iam compondo umas linhas destinadas a ensinar os seus bons "chefes de família" e tanto sucesso obtiveram, que aquela "república calma, de ordem e de tranquilo progresso" que sucedeu ao período revolucionário, integraria plenamente na ideologia oficial, todo o precioso legado de quem estabeleceu as regras da prioridade, da hierarquia. De facto, a partir de 1910, deixou de haver lugar à possibilidade de uma mulher ascender à chefia do Estado, quanto mais, tornar-se, por imposição desse cargo, comandante supremo das forças armadas... Era só o que mais faltava, voltar Portugal inteiro a ter de deixar um ser inferior, destinado à mudança de fraldas, panos do pó, panelas, vassouras e agulhas de coser, passar à frente de homens que ainda por cima, abriam alas em respeitosa reverência. Nem pensar nisso, nunca mais. O mulherio devia seguir por outro caminho e voltar à batinha doméstica, porque a outra, aquela que dizia o que bem entendia ser a verdade, fazia lembrar aqueles ominosos tempos, em que os homens eram pela regra, obrigados a sujeitar-se a costumes bem diferentes.

Acabaram-se com os puxões de orelhas a ministros que faziam ouvidos de mercador às imprecações de uma Amélia de Orleães, escandalizada pela fábrica de gás construída diante da Torre de Belém. Acabaram-se de vez com as retiradas estratégicas diante da colossal figura da majestade, quando esta perseguia conselheiros e deputados, exigindo a tomada de medidas e a outorga de projectos e verbas que zelassem pela saúde pública, instituíssem sanatórios, hospitais, institutos de investigação científica, lactários, cozinhas de assistência, berçários e programas de formação da juventude. Nada de chapéus espampanantes com penas de avestruz, rendas, leques e sedas cor de rosa à la mode de Paris, ou muito menos ainda, primazias de primeira fila. Nunca mais queriam ter pela frente Marias Segundas que se atreviam a colocar ministros na ordem e apontavam com o indicador para o articulado da Carta, ou Marias Pias que ameaçaram militares golpistas com pelotões de fuzilamento. Sobretudo, não admitiriam mais as mulheres que liam e se imiscuíam na vida pública, tinham opinião e discordavam, não podendo por isso mesmo, ter qualquer tipo de relevo. Visibilidade ou primazia institucional, então, jamais.

Para os fulanotes de chapéus de coco, bengala, bigodinhos retorcidos e pêras à caceteiro do republicanismo, o símbolo de muitas mulheres foi durante décadas, aquela que um dia desembracou numa Santa Apolónia apinhada de um povo desejoso de ver o futuro que chegava. Aquele porvir que trazia o interesse pela ciência e pelas questões que procuravam mitigar os abusos do laisser faire da sociedade liberal. Essa mesmo que gostava de pintar ao ar livre, que se atrevia a ler "indecências estrangeiras", ia ao teatro sem o marido, discutia os grandes temas como uma igual entre os intelectuais e que ousava fotografar, tratando ela própria, das coisas técnicas da nova arte.

Amélia de Orleães era para os rufiões do PRP, ..."a mulher de hoje, sobretudo aquela que vegeta nas cidades onde há cheiros de civilização, não é a mulher como devia ser, nem tão pouco parece aproximar-se da devida meta, é uma mulher manequim, chapa aonde os holofotes das. casas de modas de Paris e de Londres projectam as linhas caprichosas dos seus figurinos complicados. E’ uma mulher falsificada, pretensiosa, entalada em rígidas lâminas de aço, e aumentando sensivelmente o seu peso real com alguns quilos de algodão que lhes retocam as deficiências do físico." Este textozinho consiste numa amálgama daquilo que o PRP fazia distribuir pelas ruas da capital, quando à rainha se referia e a primeira imagem que imediatamente surge, é a do retrato pintado por Corcus, pendurado na parede de honra do Museu dos Coches. Daí o ódio por quem saía à rua sozinha com os filhos, ia às compras na Baixa, cavalgava solitária no Jardim do Campo Grande, ia às touradas no Campo Pequeno, discutia os temas da actualidade, atrevia-se à política, enfrentava sapiências genuínas ou duvidosas e trocava correspondência com vultos eminentes da ciência e das artes. Não podia ser, aquela mulher significava a subversão da ordem aceite.

Muito bem faz a escabiótica comissão oficial do Centenário da República - a república de 1926-74 incluída -, quando sem o querer, homenageia quem jamais se sujeitaria ao estatuto de inferioridade a que o regime condenou as mulheres portuguesas, a partir daí votadas à condição subalterna de madames Carmona, donas Gertrudes e pouco mais, porque das outras, as senhoras Bernardino ou Almeida, não reza a história. Muito menos ainda, os figurinos da moda.

De facto, quando se fala em república de início do século, apenas um nome permanece na mente de todos: o da corajosa, gigantesca, teimosa, inteligente e risonha Amélia. Um ícone sem rival.

publicado por Nuno Castelo-Branco
(Fonte: Blogue "Estado Sentido")

HISTÓRIA ESSENCIAL DE PORTUGAL DO PROFESSOR JOSÉ HERMANO SARAIVA (VOLUME 5)

sábado, 28 de agosto de 2010

HOJE FAZ UM ANO QUE FALECEU UMA GRANDE MONÁRQUICA: CLAUDETTE ALBINO.


VAMOS HOMENAGER A SUA MEMÓRIA VISITANDO A EXPOSIÇÃO RETROSPECTIVA DA SUA OBRA.
HOJE É O ÚLTIMO DIA DA EXPOSIÇÃO!

AVEIRO - DE VILA A CIDADE. POR CLAUDETTE ALBINO (1939-2009)

Aveiro nos princípios do séc. XVIII, vendo-se o lado norte da muralha. Painel de azulejos existente na estação do caminho de ferro de Aveiro.

A partir do séc. X, encontramos escritos que referem Aveiro como... "terras in Alavarium e salinas...", o que está descrito na doação que Mumadona Dias fez ao Mosteiro de Guimarães em 959. Esta primeira referência relaciona Aveiro com a exploração de salinas. A origem do nome Aveiro tem sido muito discutida e tem sido defendida de várias formas por diferentes autores. Defendemos que Aveiro foi construída pelos Romanos, que lhe terão chamado Avaricum ou Avarico nome que os Romanos deram também à cidade da Gália, com canais semelhantes aos de Aveiro, a actual Bruges. Foi construída depois da destruição de Talábriga pelos Mauritanos, que assolaram e destruíram as povoações costeiras abaixo do rio Douro. Em memória, figura nas armas de Aveiro uma águia parda com a coroa imperial, emblema que os imperadores romanos usavam no seu estandarte. No séc. XI aparecem as formas de Aaveiro e Aavero, sendo Aveiro definida como vila neste mesmo século.

Todo o labor em torno do sal adquiriu enorme importância na zona, o que se deduz do interesse que havia por parte dos senhores empenhados na sua exploração e aproveitamento (Silva, 1991: 96 - 104).

A exploração do sal e do barro deve ter sido factor determinante no povoamento da região, assim como a sua situação junto à foz do rio "Vácua" e ao mar. Columella (60 d. C.) dizia que para que uma «villa» tivesse condições ideais devia situar-se junto ao mar ou a rio navegável. A verdade é que houve um interesse sentido, desde muito cedo, pelos iniciadores das dinastias condais, que aqui tiveram propriedades. Nos princípios do séc. XII, existem alienações de propriedades nos arredores de Aveiro, levadas a cabo por dona Teresa e D. Henrique, o que indica que a região de Aveiro era domínio dos Condes Portucalenses (Azevedo, 1958). Em 1187, o rei D. Sancho I fez doação da "villa que vocatur Aaveiro" a sua irmã dona Urraca Afonso (T.T., Chancelaria de D. Dinis, livro 5: 69-69 v.). Saiu depois a vila do património régio, mas D. Dinis fez com que a ele voltasse por a ter readquirido quando se encontrava na posse do Mosteiro do Lorvão (Silva, 1991: 66 - 69).

No tempo ainda de D. Dinis, fins do séc. XIII, é criado em Aveiro um banco de comércio destinado a apoiar as relações mercantis. D. Afonso IV decretou reformas de carácter administrativo e judicial, que tinham por objectivo fortalecer o poder real e combater os grandes senhorios. Com o objectivo de controlar o poder senhorial, ordenou a reorganização geral da administração. A lei pragmática, promulgada por este monarca, visava limitar os gastos, definindo o número de trajos que cada um podia fazer por ano, de forma a tabelar e estabilizar os preços dos bens de luxo. Em meados do séc. XIV, a peste negra assolou a região de Aveiro, mas a recessão então sentida foi anulada com directivas para povoar as terras abandonadas, seguindo-se uma grande vitalidade económica e o sucesso da política de fomento depois da crise.

Canal Central de Aveiro, nos meados do século XX.

Aveiro vive com o senhorio régio do séc. XIV uma época de fomento, de produção de sal e de comércio do mesmo, assim como de objectos de barro e outros produtos, servida por estradas e pelo mar, pelo que foi um centro quase que exclusivamente comercial, pouco dedicado à vida agrícola e à pastorícia. Assim, via-se obrigada a recorrer à importação dos bens essenciais, tornando-se numa vila poderosa e assim continuando no séc. XV.

Aveiro na década de 1950, vendo-se a zona central da cidade.

Aveiro tem ainda hoje, na sua parte central, estrutura de vila da idade média com a rua direita, que ia então, da porta da vila à porta da ribeira, passando ao lado da Praça do Município, onde ficava a Igreja de S. Miguel, no local onde se encontra hoje a estátua de José Estevão, e em frente da qual estava e ainda se encontra o edifício do Município, que então era também cadeia. Em 1423, D. João I possuía umas casas na rua Direita, tendo então passado carta de aforamento em relação a algumas (T. T. Chancelaria de D. João I, livro 4: 79). Quer os reis da 1ª dinastia, quer os reis da 2ª dinastia estiveram sempre ligados a Aveiro, por si ou através de familiares, não permitindo que os senhores aqui tivessem poder. Aveiro só teve Conventos a partir do séc. XV, tendo sido autorizada a fundação do primeiro, o Convento Dominicano de Nossa Senhora da Misericórdia, em 1423, tendo sido D. Pedro, filho de D. João I, a colocar por sua mão a primeira pedra que deu início à construção (Arquivo da Misericórdia). Em 1456, os religiosos deste convento foram isentos do pagamento de sisa, dízima ou portagem de bestas, madeiras e outras coisas. Outros conventos foram surgindo: Convento Franciscano da Madre de Deus, Convento de Jesus, Convento Franciscano de Santo António, Convento do Carmo, Convento das Carmelitas, cuja cerca foi construída no espaço que tinha sido ocupado até ao séc. XV por dezassete casas da Comuna dos Judeus de Aveiro. De todos estes conventos somente continua a existir o do Carmo. No Convento de Jesus está hoje implantado o Museu Nacional de Aveiro. O Convento da Misericórdia existe hoje como Casa da Misericórdia, ao lado da qual está a igreja do mesmo nome. Dos restantes ficaram as igrejas.

Protecção especial de D. Afonso V e de D. João II teve o Convento de Jesus, onde viveu a Infanta D. Joana com seus escravos e seu sobrinho D. Jorge de Lencastre.

Sempre sob protecção real, Aveiro foi crescendo. Se até 1572 teve como Igreja Matriz a de S. Miguel e uma única freguesia, nesse ano de 1572, com 11.365 pessoas de comunhão, foi dividida em quatro freguesias, a de S. Miguel, as de Vera-Cruz e S. Gonçalo, na Vila Nova, zona de pescadores e marnotos, e a do Espírito Santo, para cimo de vila, já fora das muralhas. A freguesia de S. Miguel compreendia a parte mais nobre da vila, quase toda muralhada, a mais rica e a mais distinta. Dentro desta freguesia ficavam as casas dos Sousas, dos Távoras, Pizarros, Amarais e outras. Dentro desta freguesia ficavam ainda o recolhimento de S. Bernardino, a Igreja da Misericórdia, a Albergaria de S. Brás, a Capela dos Santos Mártires, a do Passo, a de Sto. António, o Tribunal e outras repartições administrativas (Quadros, Apontamentos Históricos).

D. Sebastião, em 1577, ordenou ao provedor da comarca de Coimbra que se deslocasse a Aveiro e verificasse como os pescadores pagavam o dízimo do pescado a Francisco Tavares, e se informasse se recebiam por isso algum vexame ou se pagavam mais do que o que deviam. O clero, aqui em Aveiro, também não teve poder. Os conventos aqui existentes eram quase todos de ordens mendicantes. O facto de o poder senhorial e o poder clerical não se terem feito sentir em Aveiro, de o sal e a sua exploração ter forma contratual especial e ter sido fonte de riqueza, de a agricultura não ter tido em Aveiro um primeiro lugar na economia da vila e depois na economia da cidade, conduziram a que os habitantes de Aveiro adquirissem uma postura de liberdade, que souberam manter mesmo em momentos difíceis da nossa história.

Em 1759, por alvará de 11 de Abril, D. José I "considerando a situação natural da povoação e circunstâncias que concorriam na vila de Aveiro e nos seus habitantes, e folgando pelos ditos respeitos, e por outros que inclinaram a sua real benignidade, houve por bem elevar a dita vila de Aveiro, notável por mercê filipina, à dignificante categoria de cidade" (Arquivo C.M.A., I: 25).

Em 1807 a Procissão de Santa Joana, Padroeira da cidade de Aveiro, foi considerada real; e passou a participar nela o Senado da Câmara (T. T. Chancelaria de D. João VI, 11: 9). A Câmara ainda hoje participa nesta procissão, com outras instituições da terra, nomeadamente a Universidade.

Em 25 de Julho de 1835, foi nomeado primeiro governador civil de Aveiro o oficial da marinha, José Joaquim Lopes de Lima (Arquivo, XXXV, : 53), que, em 11 de Outubro do mesmo ano, mandou publicar um alvará, reduzindo a duas as quatro freguesias da cidade: a freguesia da Vera Cruz e a freguesia de Nossa Senhora da Glória (Quadros, Apontamentos Históricos) tendo, neste mesmo ano, sido demolida a Igreja de S. Miguel.

Com a extinção dos concelhos de Esgueira e Aradas, ambos em Novembro de 1836 (Arquivo, XXXV: 56), aquelas povoações foram incorporadas no Município de Aveiro: a primeira, na freguesia da Vera Cruz; e a segunda, na freguesia de Nossa Senhora da Glória.

O Concelho de Aveiro tem hoje uma população residente elevada, que está dividida pelas freguesias de Aradas, Cacia , Eirol , Eixo, Esgueira, Nossa Senhora da Glória, Nariz, Nossa Senhora de Fátima, Oliveirinha, Requeixo, Santa Joana, S. Bernardo, S. Jacinto e Vera Cruz. Destas freguesias só duas são consideradas urbanas: Vera Cruz e Glória, não sendo nenhuma delas a que tem mais população residente. Para além da população residente, Aveiro tem uma população migratória que tem vindo a aumentar pelas seguintes razões: o crescimento industrial, a Universidade e, mais recentemente, a área de serviços.

Claudette Albino
(Fonte: Alternativas - BOLETIM CULTURAL E RECREATIVO DO S.E.U.C. - J. ESTÊVÃO)

A HERANÇA REAL TEM SIDO BEM APROVEITADA PARA PROMOVER SINTRA

A Família Real Portuguesa, seja agora no presente como também no tempo da monarquia, sempre teve uma forte ligação a Sintra, onde reside D. Duarte de Bragança. Assim sendo, Jornal de Sintra entrevistou D. Duarte acerca de questões relacionadas com a sua vivência no concelho.

Jornal de Sintra – Gostaríamos de saber quais os pontos marcantes em que Sintra interveio na história da monarquia portuguesa e como esta viu e vê os sintrenses.

D. Duarte de Bragança – A Família Real Portuguesa sempre gostou de estar em Sintra devido à simpatia dos seus habitantes e à maravilhosa beleza desta vila. Esta herança “real” tem sido bem aproveitada para promover o concelho. Congratulo-me com a Câmara Municipal pelo valoroso esforço de protecção do seu património monumental e paisagístico.

JS – Como habitante no concelho de Sintra, quais são as suas actuais preocupações?

DDB – Infelizmente em tempos anteriores, mas ainda recentes, algumas barbaridades foram cometidas que comprometeram gravemente a beleza da nossa paisagem, nomeadamente a construção desordenada de “caixotes” próximos do Palácio de Queluz e de outros junto ao Palácio da Vila. A autorização para grandes urbanizações no concelho terão trazido recursos financeiros à Câmara Municipal mas transformaram Sintra num concelho dormitório de Lisboa, o que causou imensos problemas. Felizmente os actuais autarcas têm consciência deste problema e determinação para lhe fazer frente, sendo essa a sua maior virtude. Em Sintra é mais importante saber dizer “não” do que fazer muitas coisas frequentemente inúteis, com o dinheiro dos contribuintes, como acontece em muitos outros concelhos.

JS – Quer acrescentar alguma coisa que considere de interesse para os sintrenses?

DDB – A vila de Sintra é hoje Património da Humanidade reconhecido pela Unesco, mas se não soubermos corrigir alguns erros cometidos e impedir outros, podemos facilmente perder esta classificação. Seria importante apoiarmos as actividades dos movimentos cívicos como a Associação de Defesa do Património de Sintra que luta há anos pela salvaguarda da nossa memória e da beleza da nossa terra. Só com muitos associados é que estes movimentos podem ter verdadeira influência. Temos que ser lógicos e coerentes: se gostamos de Sintra temos que contribuir para a sua preservação de todos os modos possíveis. Há evidentemente um outro problema que me preocupa e que é a necessidade de apoiar e integrar social e culturalmente a juventude que cresce em certos bairros chamados sociais e onde se está a desenvolver um espírito de gueto com consequências perigosas para o futuro. As leis portuguesas foram escritas com a preocupação humanitária de proteger os marginalizados mas na verdade acabam por estimular os comportamentos marginais ao desautorizarem a acção da justiça e das forças de segurança. Temos que exigir de quem votamos uma atitude mais justa e inteligente.

David Garcia
(Fonte: Jornal de Sintra)

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

ENTREVISTA A S.A.R., DOM DUARTE AO NOTÍCIAS MAGAZINE

Suplemento do Jornal de Notícias - Notícias Magazine de 05 de Março de 2006
(Clique nas imagens para ampliar)

(Fonte: Blogue "Família Real Portuguesa")

DEBATE ABERTO «MONARQUIA-REPÚBLICA» NO XII CONGRESSO DA CAUSA REAL EM LISBOA VISTO POR MENDO CASTRO HENRIQUES

XII Congresso da Causa Real, em Lisboa, no Parque das Nações. Um debate aberto e longo entre as 15H30 e as 19H00 sobre Monarquia-República, moderado pela Dr.ª Fátima Campos Ferreira, no formato do “Prós e Contras”. João Soares, Luís Nandim de Carvalho e Manuel Monteiro, na bancada republicana. Gonçalo Ribeiro Teles, José Maltez e eu mesmo na bancada monárquica. Uma assistência de cerca de 150 pessoas enchia o Auditório donde vieram mais de duas dezenas de oportunas intervenções como as de Ferreira do Amaral, Nogueira de Brito, Rui Carp, Lopo Castilho. Além de Dom Duarte, presentes o corpos dirigentes da Causa, presidida por António de Sousa Cardoso. Um debate emotivo com palmas e sem apupos, com muitas sintonias e discordâncias suficientes. Um debate em que ninguém cabeceou, como disse Fátima Campos Ferreira. Um debate que consolidou a ligação entre monarquia e democracia. Mas um debate que não pode ser ainda um virar de página porque não teve qualquer órgão da comunicação social a assistir….

A bancada republicana surpreendeu pela argumentação serena e construtiva – e não terá sido por jogar fora de casa. Apesar de obviamente republicana, concordava com o substancial do novo argumentário monárquico pela democracia. Todos os oradores da bancada confessaram não só a sua pessoal simpatia por Dom Duarte de Bragança, que assistiu aos debates, como o seu reconhecimento da valia e do contributo que Dom Duarte tem prestado à pátria e à democracia portuguesa. De João Soares e de Nandim de Carvalho vieram mesmo sugestões de que deveria evoluir o estatuto da Fundação da Casa de Bragança e a composição do Conselho de Estado para reflectir as prerrogativas do representante dos reis de Portugal.

Agora, argumentos específicos de cada um.

Manuel Monteiro defendeu um regime presidencialista – à americana – com um esvaziamento ou desaparecimento da figura do primeiro ministro. No contexto actual, isso só pode apontar para uma defesa do reforço dos poderes presidenciais e nomeadamente do dr. Cavaco Silva, caso for eleito. Considera direito de qualquer cidadão poder ser eleito chefe de estado. E reforçou o seu capital de simpatia por D. Duarte.

João Soares considera que não devem existir mandatos vitalícios em democracia; nem Câmaras, nem deputados, nem presidentes, e portanto, um rei não seria democrático. Aparte isso, considerou preferível ter dez anos de presidência de Dom Duarte que de Cavaco Silva. Chamou a atenção que Dom Duarte aparecia muitas vezes isolado nos seus combates e que os monárquicos se deveriam organizar, já que notava um revigoramento dos argumentos.

Nandim de Carvalho atacou o “corporativismo partidário”; incitou os monárquicos a ter formações políticas próprias - um partido mesmo, disse ele – que possam disputar lugares através de programas políticos genuinamente monárquicos, nomeadamente nas autarquias apoiando listas de independentes. O seu republicanismo pelo “Presidente de todos os portugueses” também recusa os mandatos vitalícios mas nada lhe custaria viver em monarquia, desde que o povo assim desejasse e houvesse plena tolerância dos republicanos como agora há dos monárquicos

Tudo apurado, os argumentos puramente republicanos contra a chefia monárquica do estado resumem-se a dois: é um mandato vitalício e não está aberto a todos. Por força da experiência portuguesa, evaporaram-se na atmosfera os argumentos habituais sobre as (in)capacidades do rei, sobre o papel de (in)existentes nobrezas, sobre o peso da corte. Nalguns casos, o feitiço virou-se contra o feiticeiro . Os velhos argumentos sobre os gastos com a Casa real e o intervencionismo dos reis, são agora tratados à defesa depois do artigo da revista EXAME de Outubro, demonstrando que cada português gasta 18 vezes mais com o seu PR do que os espanhóis com o seu Juan Carlos.

Na bancada monárquica, todos insistiram que está por inventar o modo de instaurar a monarquia do séc. XXI, em Portugal, através do consenso popular. Uma coisa é existir uma solução histórica que é a instituição real, com as suas tradições; outra coisa é o procedimento actual que permite a um povo escolher democraticamente, com ou sem votos, um representante isento das divisões político-partidárias. Finalmente, todos salientaram que conforme os relatórios da OCDE e do PNUD, são monarquias democráticas a maioria das quais entre os doze países mais desenvolvidos do mundo, em termos de índice de desenvolvimento humano e de produto per capita.

Da assistência veio a ideia força de que um rei tem a vantagem de ser o representante de uma instituição que gera espontâneas manifestações de coesão e de afecto, uma dinastia que no caso português coincide com uma família com a de Dom Duarte de Bragança cujo tronco remonta ao próprio D. Afonso Henriques.

Agora, argumentos específicos.

Gonçalo Ribeiro Teles realçou que a campanha presidencial está dominada por equívocos: 1) Obriga o país a escolher entre um ( ou mais que um) candidato da Esquerda e um candidato da Direita para um lugar que é de Unidade nacional; 2) Debate programas políticos, quando os poderes presidenciais são por natureza alheios aos do governo. Acrescentou que cabe aos monárquicos inventar o modo de instaurar a monarquia do séc. XXI em Portugal. E insistiu, finalmente, que sem comunicação social a divulgar ideias alternativas às predominantemente veiculadas pelos jornais e televisões, não há verdadeira democracia.

José Maltez considerou que tempo era de sementeira de ideias monárquicas, a médio e a longo prazo, a menos que houvesse conversão dos republicanos. Estabeleceu paralelos históricos com a Restauração, com o 5 de Outubro de 1910, com o Estado Novo em que os monárquicos sempre combateram em duas frentes; contra o autoritarismo antidemocrático de 1933, e contra a oposição socialista e comunista. Em todos estes momentos históricos salientou a ideia de Passos Manuel sobre “cercar o trono com instituições republicanas”. Seguindo o pensamento de Barrilaro Ruas, afirmou os monárquicos “aperfeiçoavam a república”. Não eram anti-republicanos, mas sim para além de republicanos, eram monárquicos.

Eu mesmo evidenciei duas tendências políticas de fundo, uma interna, a outra internacional; ambas favorecem o crescimento da instituição monárquica A internacional é de que a processo de integração europeia vem exigir dos estados membros uma partilha dos poderes que o estado republicano não tem maneira de compensar. Mas a solução monárquica oferece uma garantia de independência que não é afectada por desenvolvimentos externos e internos.

A tendência interna é que, com a consolidação do Estado democrático em Portugal pode-se, deve-se e tem-se diminuído os poderes do chefe do estado. Não se justifica a originalidade do “semi-presidencialismo” português; o país deve ter uma única legitimidade democrática por via eleitoral. Os poderes diminuídos do PR abrem o caminho para um chefe de estado real.

Salientei ainda a importância de um debate de ideias como o que opõe monarquia e república, numa fase da democracia em que só os debates economicistas parecem ter direito à comunicação social. É uma herança da má desmarxização dos anos 80 em Portugal, o facto de a ideologia do materialismo económico ter transitado das mãos dos marxistas para a dos liberais, enquanto a utopia da justiça social ficou perdida, para ninguém.

Afirmei que é prematuro debater o modo de transição da república para a monarquia; as circunstâncias futuras ditarão os procedimentos necessários. Segundo as regras da dupla revisão constitucional, é possível fazer do rei o sucessor um presidente. A assembleia pode votar, o país pode referendar, os corpos soberanos podem aclamar o sucessor dos reis de Portugal. A única exigência presente é que a “aclamação” será um procedimento democrático.

No plano histórico, esse sentimento de aclamação verificou-se na restauração de 1640, descrita pelo jornalista internacional da época, o Abade Vertot, como jamais vista no que toca ao extraordinário consenso e unanimidade que permitiu a aparente facilidade com que as guarnições militares e o poder civil dos Habsburgos de Espanha foram expulsos de Portugal. Foi esse mesmo sentido de unanimidade que levou Francisco Velasco de Gouveia a escrever na “Justa Aclamação que “o poder dos reis está no povo”.

Salientei ainda que, sem despesas para o tesouro público, Dom Duarte tem levado a cabo numerosas missões de interesse nacional, tanto junto dos países lusófonos, como das comunidades portuguesas. Internamente tem-se batido por causas cívicas de ordenamento do território, de solidariedade, de património, em que tem ganho a experiência de um chefe de estado real.

(Fonte: Somos Portugueses)

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

S.A.R. O SENHOR DOM DUARTE NUNO, PROVAVELMENTE EM 1911 (BILHETE POSTAL 1918)

(Fonte: monarquia.webnode.pt)

COMBOIO REAL PORTUGUÊS É VEDETA EM EXPOSIÇÃO NA HOLANDA

Interior do comboio real português durante as operações de restauro

A composição formada pela locomotiva D. Luiz, o salão D. Maria Pia e a carruagem do príncipe D. Carlos I é uma das mais apreciadas no museu ferroviário de Utreque.

(Fonte: Público )

DECLARAÇÃO DO DEPUTADO LUÍS COIMBRA NO PARLAMENTO EM 31/01/1980

O Sr. Luís Coimbra (PPM): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Ao ser aqui evocada a tentativa revolucionária do 31 de Janeiro, o Partido Popular Monárquico não pode deixar igualmente de referir o significado desta data.

Portugal vivia em 1891 ainda sob a indignação provocada pelo ultimato que ameaçava o nosso Império Ultramarino e - ironia do destino - no próprio dizer desse notável causídico republicano que foi João Chagas, tinha sido, aliás, este acontecimento «... a causa única do movimento revolucionário do Porto, que sem ele nem encontraria medo idóneo em que se consumasse, nem agentes que o provocassem».

Nesta data, saudamos, porém, simbolicamente, nas pessoas do alferes Malheiro, de Basílio Teles, de Sampaio Bruno, do Dr. Alves da Veiga, de Miguel Verdial a Santos Cardoso, a inteligência, a argúcia política, a própria irreverência dessa geração de republicanos impolutos.

Todos eles acreditavam, de acordo com as suas convicções, que a implantação da República seria a melhor maneira de redimir a Pátria da incapacidade e inépciareveladas por muitos dos políticos de então, de a libertar da corrupção quese instalara na administração pública, da confusão generalizada, estupidamente tantas vezes assacada aos «excessos» de liberdades que a monarquia constitucional proporcionara.

Triste ilusão!

Os homens do 31 de Janeiro não podiam prever que passados dezassete anos da sua tentativa revolucionária e em nome dos seus «ideais, um chefe do Estado e um grande português - el-rei D. Carlos I -, fosse barbaramente assassinado por dois energúmenos, faz amanhã, dia 1 de Fevereiro, setenta e três anos acontecimento esse, que como os Srs. Deputados sabem, na altura enlutou a Nação inteira.

Os homens do 31 de Janeiro não podiam, de facto, prever que em tão curto espaço de tempo de vigência do regime pelo qual se tinham batido, e sob de, Portugal viesse a sofrer o mais longo período de ditadura que a nossa história de oito séculos de liberdade regista.

Desinteressadamente esses homens valorosos do 31 de Janeiro, prelúdio do 5 deOutubro de 1910, arriscaram a vida apenas movidos pelos seus ideais, tal como muitos daqueles que em 16 de Março de 1974 avançaram das Caldas da Rainha para Lisboa em busca de um 25 de Abril traído pela revolução do quase-nada e das reformas de coisa nenhuma.

E estes, e aqueles que hoje evocamos, não podiam igualmente prever as arbitrariedades, a corrupção, as mentiras, a falta de patriotismo quando não a traição que tem caracterizado em muitos aspectos os últimos anos do regime implantado em 1910.

Mas a História acontece e só acessória ou posteriormente se faz dela juízo,

Por isso, a todos os adversários ou até mesmo aos nosso aliados que estão convictos dos seus ideais e da grandeza das suas intenções, como era o caso dos revolucionários do 31 de Janeiro, nós, populares monárquicos, manifestar-lhes-emos sempre a nossa consideração, já que é também pelo seu exemplo que cimentamos a certeza da razão do nosso combate, por um Portugal mais livre, mais justo, mais próspero e mais universalmente português. E daí, Sr. Presidente e Srs. Deputados, a nossa homenagem sincera aos homens do 31 de Janeiro de 1891, efeméride aqui hoje evocada.

(Fonte: Somos Portugueses)

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

E SE ELE FOSSE REI? (REVISTA JUST LEADER - SETEMBRO 2006)

(Fonte: Unica Semper Avis)

DECLARAÇÃO DO DEPUTADO FERREIRA DO AMARAL (II LEGISLATURA 11/12/1980)

O Sr. Ferreira do Amaral (PPM): - Sr. Presidente, Srs. Deputados:

"Pedi a palavra para dar um breve esclarecimento ao Sr. Deputado Salgado Zenha, visto que fui por ele mencionado há alguns momentos.

O Sr. Deputado Salgado Zenha fez uma observação em que, de certo modo, deixou a ideia de que nós, Partido Popular Monárquico, seríamos parlamentaristas por um certo oportunismo.

Gostaria de esclarecer, embora pense que o Sr. Deputado não precisa deste esclarecimento, que somos parlamentaristas por razões de coerência desde a primeira hora e desde as primeiras bases do nosso programa.

Sempre pensámos que a representação parlamentar é a mais genuína, pois é aquela que assegura de uma forma matemática as várias correntes que se digladiam num determinado país ou Estado. Portanto, é possível dosear essas forças de uma forma que mais ou menos corresponde às tendências do eleitorado.

Este é um facto que não acontece em relação ao chefe do Estado. As últimas eleições demonstram-no pois o próprio chefe de Estado eleito não corresponde à vontade das forças que o elegeram, como se pode verificar pela intervenção agora produzida pelo Sr. Deputado Vital Moreira, afirmando que este não é o chefe de Estado do PCP, pois o PCP viu-se forçado a dar-lhe o seu apoio.

Assim, por coerência com o nosso programa e com as nossas ideias, entendemos que o regime político ideal para a Europa livre, como é aquela a que Portugal pretende pertencer, é o sistema parlamentarista.

Ora, nós não mudámos em nada quanto a estas nossas convicções pelo facto de a eleição presidencial ter tido este resultado, visto que já anteriormente assim pensámos, aliás como o Sr. Deputado Salgado Zenha sabe."

(Fonte: Somos Portugueses)

terça-feira, 24 de agosto de 2010

AFINAL, QUE BANDEIRA É ESTA?

A História está cheia de enganos. Uns propositados, outros por ignorância e outros simplesmente produtos de imaginação. Recordo que aqui há uns anos um Presidente da República que andou pelas escolas de norte a sul a distribuir um “kit patriótico” de que faziam parte uma cassete com a Portuguesa, uma bandeira da República e uma fantasiosa interpretação dos elementos que as compõem. Começo por achar a expressão “kit”, só por si, pouco patriótica. Mas o que na altura e hoje me parece chocante é o quanto tão pouco pode ser patriótico falar de símbolos nacionais com a ligeireza e falta de rigor com que o “kit” se referia às armas de Portugal. Desde a escola aos escuteiros, a explicação dada para a bandeira da República, que este ano comemora 100 anos, e cujo bom gosto acho discutível, é explicada escamoteando-se o facto de que a escolha das suas cores resultou de uma qualquer obscura loja maçónica. Se esta escolha de cores é já por si infeliz, querer atribuir-lhe algum significado dentro dos 800 anos da história que precederam a República, é um total absurdo. Também um absurdo é a interpretação “oficial” da República para o escudo, ou armas, de Portugal. Com a falta da coroa a encimá-las, substituída pela esfera armilar, estas são o único elemento que sobreviveu da monarquia. A “versão oficial” diz que os símbolos inseridos nas armas de Portugal representam as 5 chagas de Cristo – Cinco escudetes de azul; Os trinta dinheiros da traição de Judas – Cinco besantes contados em cruz (ridículo! Se os “círculos prateados” servem para ser 30 dinheiros, então bastaria colocar 6 dentro de cada escudete, em vez de se ter que contar 2 vezes as do centro); as 7 cidades conquistadas aos mouros por D. Afonso Henriques – os 7 castelos na orla (bordadura) do escudo. Não pretendo fazer doutrina com a descrição que dou das armas de Portugal, e muito melhores opiniões haverá que a minha, mas estou certo de que a forma como as descrevo está muito mais perto de uma verdade histórica, do que o ridículo da “versão oficial”. Na Idade Média, quando Portugal começou, não havia bandeiras. O que havia eram estandartes que representavam as armas, ou brasões, dos reis ou senhores de uma determinada região. Quando D. Afonso Henriques por direito se tornou Rei, adaptou armas próprias, mas não querendo romper com as de seu pai, utilizou as mesmas cores (metais e esmaltes) do brasão do Conde D. Henrique. Assim, encontramos na representação do brasão de armas de D. Afonso I, a cruz azul, agora delineada pela posição de 5 escudetes de azul, sobre um fundo branco (campo de prata). Os nossos primeiros Reis, pelo menos até D. Afonso III, parece que se esforçavam por preencher estes escudetes com o maior número possível de pequenos círculos brancos (besantes de prata). Interpretam isto, alguns historiadores, como os besantes representarem dinheiro, concluindo assim que estes são uma manifestação de fortuna por parte do Rei. Facto é que o numero destes besantes só é fixado em 5 com D. Dinis, que os colocou em X (em aspa) por uma simples questão de estética e harmonia heráldica. Os 7 castelos, nem sempre foram 7. O seu número sempre variou até ao reinado de D. Sebastião. Não representam cidades; são, por muito que me custe reconhecer, uma representação das armas de Castela. De acordo com a tradição heráldica, só ao primogénito é possível utilizar as “armas plenas” de seu pai. Os filhos segundos têm que usar as suas armas com “diferença”. D. Sancho II e D. Afonso III eram ambos filhos de D. Afonso II e de Dona Urraca, infanta de Castela. Ao primogénito couberam as armas “plenas” do seu pai. Ao Bolonhês, coube usar as armas de seu pai, acrescidas com as da casa de sua mãe. Estas foram representadas no seu brasão da orla (bordadura) do escudo. Quando D. Afonso III depõe D. Sancho II e se torna Rei de Portugal, o seu brasão converte-se nas armas do reino, com os castelos “incluídos”.

Durante os 300 anos seguintes, os Reis de Portugal, nunca se preocuparam em fixar este número de castelos. D. Sebastião foi o primeiro a ter essa preocupação, mas foi o seu tio e sucessor, D. Henrique, que de forma definitiva regulou fixando-os em 7. Dizem que o fez como manifestação de adesão às deliberações saídas do Concílio de Trento, pretendendo que os 7 castelos representassem as 7 virtudes cristãs ou os 7 sacramentos, não sei. Pessoalmente entendo que mais uma vez o seu número resulta essencialmente de uma questão de estética e harmonia heráldica. Um brasão é quase sempre o resultado da história de uma família e das suas alianças. As armas de Portugal, mesmo em República, são o brasão dos nossos Reis, e como tal são reflexo da nossa História. Mesmo numa República com 100 anos, há coisas que esta, ainda que o tente com as suas patranhas, não conseguirá apagar.

Tiago Beirão Belo in Diário Digital (11-Ago-2010)
(Fonte: BLOGUE REAL ASSOCIAÇÃO DE LISBOA )

PRESIDENTE DA REPÚBLICA IDEAL - O PROBLEMA NÃO TEM SOLUÇÃO (II LEGISLATURA 20/07/1982)

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Borges de Carvalho, para uma intervenção.

O Sr. Borges de Carvalho (PPM): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Chegados, que fomos, à discussão do artigo 193.º, temos, como era de esperar, uma discussão mais acalorada que a das últimas sessões.

Deste problema temos uma visão um pouco diferente. Não sabemos se a questão de fundo em discussão é realmente o facto da dupla responsabilidade ou se não será mais o problema que é levantado pela dupla legitimidade, pelo duplo sufrágio universal e directo.

É aqui que para nós nasce a raiz do problema. De facto, quando através de duas legitimidades, em si iguais, se procura encontrar responsabilidades da mesma natureza, temos fatalmente a confusão, a impossibilidade e a inviabilidade do sistema ou, quando muito e na melhor das circunstâncias, o seu mau funcionamento.

Em Portugal, o fenómeno foi acrescido de algo estranho, que sucedeu aos partidos portugueses. Aconteceu a todos eles, sem excepção. Refiro-me ao facto de, numa reminiscência messiânica, se haver procurado num independente o Presidente da República ideal. De facto, está aqui também uma das razões profundas do problema. Num sistema democrático e pluralista são os chefes democráticos e pluralistas que se candidatam à Presidência da República e não pseudo-independentes que, afinal, acabam por contribuir para a inviabilização do sistema.

De facto, havendo duas maiorias, havendo dois tipos de sufrágio universal e directo, para dois órgãos diferentes, sempre o sistema se verá confrontado com gravíssimos problemas. Isto, evidentemente, se essas duas maiorias não coincidem.

Mas no caso das duas maiorias coincidirem, o sistema ver-se-á confrontado com uma outra questão, talvez não menos grave, que é a da possibilidade de concentração de todo o poder num mesmo sector de opinião.

O problema não tem solução, para nós, dentro das instituições vigentes. Só quando subtrairmos o Chefe de Estado ao sufrágio, poderemos encontrar um Chefe de Estado que possa representar toda a comunidade e não só aqueles que o elegeram e que possa, de facto, presidir a um sistema puramente parlamentar, que é aquele que desejamos.

Borges de Carvalho: Sr. Presidente e Srs. Deputados: Vivemos numa outra originalidade do nosso processo, mergulhados naquilo a que chamaria o complexo semipresidencialista.

Nenhum partido, salvo o nosso, põe em causa esta questão. O semipresidencialismo entrou por baixo da pele da nossa classe política e é alguma coisa que não se discute. Toda a gente é semipresidencialista, só que uns são-no de uma forma, outros de outra, uns são semipresidencialistas azuis, outros amarelos, outros encarnados e por aí fora.

Ninguém contudo, tem a coragem de pensar os problemas do semipresidencialismo, ou do presidencialismo disfarçado, como lhe costumamos chamar.

O Sr. Santana Lopes (PSD): - Não apoiado!

O Orador: - Por outro lado, ainda neste campo, vemo-nos confrontados com outra originalidade do processo: a de que, em Portugal, é o PCP, o partido mais à esquerda do espectro político português, que vem a ser o partido mais presidencialista dos existentes.

O Sr. Veiga de Oliveira (PCP): - Honra-lhe seja!

O Orador: - Isto é, de facto, uma originalidade, que convém fique marcada e registada.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Isso só é originalidade na sua cabeça.

O Orador: - Lembro-me da estupefacção dos nossos colegas comunistas finlandeses, quando aqui estiveram e tiveram consciência de que, em Portugal, era o PCP o partido presidencialista, enquanto os partidos à sua direita defendiam um regime mais parlamentar. É, de facto, de uma originalidade tão espantosa que não podemos deixar de, com um sorriso, aqui o deixar registado.

O Sr. Vital Monta (PCP): - Isso é fantasia sua!

O Orador: - Deverá ser, na realidade, o único partido comunista conhecido a defender um poder militar mais ou menos independente e em autogestão, o único a defender um presidencialismo contra o Parlamento.

É uma originalidade extraordinária esta do PCP, a qual, se não é, por nós, considerada ridícula, pelo menos, original é.

O Sr. Vital Moreira (PCP): - Olhe que nós já não lhe vamos responder!

O Orador: - Não nos admira, Sr. Presidente e Srs. Deputados, que o PCP preconize, para Portugal, um Governo com dois patrões, ou seja, um Governo com duas dependências institucionais, a respeito da mesma matéria. Todos sabemos que tal sistema não possui condições para funcionar e, no entanto, é precisamente isso que o PCP deseja: que o sistema rode aos solavancos, que o sistema democrático e pluralista em Portugal sós sobre, no meio de todas estas incongruências constitucionais.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Então e sobre o golpe de Estado? nada?!...

O Orador: - Nós, porém, colhemos do passado recente as lições que dele havíamos a colher. Aplicamos conceitos teóricos à circunstância política e optamos por soluções capazes de viabilizar a prática continuada da democracia pluralista em Portugal. Soluções capazes de impedir definitivamente os sonhos totalitários daqueles que se nos opõem.

Aplausos do PPM, do PSD e CDS

(Fonte: Somos Portugueses)