Dom Duarte durante uma visita à Madeira |
Pergunta: Como festeja um monárquico convicto a Instauração da R.? Resposta: Não festeja, claro."O
actual regime foi-nos imposto pela violência das armas e com métodos
que hoje chamaríamos de terroristas, assassinando à traição o Rei D.
Carlos e seu filho o Príncipe Luís Filipe", defende João Paredes,
presidente da Real Associação da Madeira, que prefere lembrar o 5 de
Outubro, como dia em que D. Afonso Henriques e D. Afonso VII de Leão e
Castela assinaram o Tratado de Zamora, que marcou a Independência de
Portugal. Estas comemorações, continua João Paredes, podiam ter sido um
grande momento de reflexão nacional sobre a representação do Estado
Português. "Infelizmente, perduram os complexos e os medos relativamente
à Monarquia", lamenta, ironizando: "é verdade que apesar dos seus
curtos 100 anos o actual regime sente necessidade de justificar a sua
existência, insistindo nos erros históricos que alicerçam a sua difícil
sobrevivência". O responsável pela Real Associação da Madeira, uma das
24 espalhadas pelo país, admite que mesmo passados 102 anos sobre a
morte de D. Carlos persiste ainda um "grande desconforto", até porque o
povo português não beneficiou nem nada desse "assassinato". Crime,
frisa, que não era necessário nem conveniente à defesa e democratização
do país. "Pelo contrário, mesmo hoje a actual Constituição da R., apesar
de múltiplas revisões e com desconhecimento de muitos Portugueses,
impede o pleno exercício da democracia, ao proibir no seu artigo 288 b) a
livre escolha entre Rei e PR", acusa o monárquico madeirense dizendo
que as actuais comemorações deveriam ser aproveitadas não só para a
introdução de um "debate saudável" sobre a possibilidade de escolha do
regime, como também analisar o papel do PR. "Devemos analisar se temos
suficiente Presidente da "Coisa publica" ou se se devem reforçar as suas
competências para que seja verdadeiro árbitro da governação, com mais
poder interventivo e não mero papel representativo", defende João
Paredes, lembrando que nos últimos anos da Monarquia Constitucional os
poderes do Rei estavam bastante limitados, mas ele continuava a ter voz
activa na governação e nas decisões mais importantes do país.
"Actualmente, o PR está de mãos atadas e pouco mais pode que dar
'recados' ao país", observa, insistindo na necessidade de Portugal ter
um representante preparado para o cargo e com uma perspectiva de
continuidade. A diferença entre um Presidente e um Rei, é que o segundo
fica em funções tempo suficiente para garantir não só a estabilidade
social e económica, como para estabelecer uma relação efectiva e
duradoura com a comunidade nacional. E o problema económico, acrescenta,
nem se coloca, porque está provado que os países de regime monárquico
gastam menos com a Casa Real do que as repúblicas com a Casa Civil dos
respectivos presidentes. "Na generalidade dos países europeus mais
desenvolvidos, com maior estabilidade governativa e melhor protecção
social, existem monarquias democráticas", afirma, explicando que os
custos do actual regime incluem as despesas eleitorais e as "mordomias"
dos ex-titulares da Presidência da R. "Na generalidade dos países
europeus mais desenvolvidos, com maior estabilidade governativa e melhor
protecção social, existem monarquias democráticas", garante João
Paredes, dizendo que "ao contrário do que é voz corrente" os monárquicos
não pretendem restaurar a monarquia, mas sim instaurar um regime
monárquico democrático. "Agora, urge sim Restaurar a R., uma vez que
esta não está a dar resposta às reais necessidades do país", defende
João Paredes, justificando que ao longo do último século, Portugal teve
três repúblicas e nenhuma funcionou. A 1ª R. "dividiu e destroçou" o
país, retirou direitos adquiridos às pessoas como o voto das mulheres e a
liberdade de culto. A 2ª R., "imposta pelas armas e com sacrifício das
liberdades individuais", afastou o país da Europa, mas ainda teve o
condão de desenvolver o Portugal Ultramarino, que hoje, no caso de
Angola, está a funcionar a nosso favor. "A 3ª R., ora vigente,
inaugurada pela Revolução de 25 de Abril de 1974, implantou-se de forma
pacífica apenas na Metrópole e à custa da tragédia de uma
'descolonização' do Ultramar Português desorientada e antipatriótica na
sua essência", afirma, reconhecendo que a aproximação ao modelo
democrático europeu foi positiva, embora Marcelo Caetano já a tivesse
esboçado. "A tentativa antipatriótica de colagem ao modelo soviético
resultou em nacionalizações e em instabilidade social e económica:
destruído ou fragilizado o sistema produtivo nacional, Portugal entrou
em pré-falência", recorda, dizendo que só a entrada na então Comunidade
Económica Europeia permitiu ao país recuperar economicamente, mas à
custa de humilhações. "Portugal foi o "bom aluno" da Europa, distinção
que mais humilha do que honra quem realizou os Descobrimentos e dialogou
em pé de igualdade com as potências mundiais aquando da II Grande
Guerra", frisa o monárquico, que traça um quadro negro do futuro a curto
prazo do país. "O governo está a prazo e a oposição quer ser
alternativa de governo a prazo, e o PR, por mais isento que queira ser,
está hipotecado ao seu eleitorado e ao partido que o apoia
eleitoralmente", acusa, dizendo que a população está "divorciada" da
vida política: "apenas 60% dos eleitores votam, e o Presidente é eleito
por pouco mais de 30% dos eleitores". Perante isto, João Paredes
pergunta: "Onde está o 'Presidente de Todos os Portugueses', para que é
que ele serve e a quem serve ele, de facto?". E o monárquico madeirense
'desmonta' um dos argumentos mais utilizados pelos republicanos. [Dizem]
que o sucessor directo do soberano reinante pode não ser a pessoa mais
dotada e com a personalidade adequada ao exercício do cargo, mas em
casos de dúvida sobre a sucessão, cabe ao Parlamento, enquanto órgão de
soberania, seleccionar o membro da Família Real com melhor perfil e
proceder à sua aclamação por voto democrático", explica, dizendo que um
Rei em Portugal seria benéfico para o país, principalmente no actual
contexto de crise económico financeira. "A estabilidade e continuidade
da Representação Real dão confiança aos investidores nacionais e
estrangeiros, gerando maior abertura para a concessão de financiamentos a
longo prazo e com condições mais favoráveis, mesmo num contexto de
crise e de risco", diz João Paredes, lembrando que em política tudo pode
mudar de um dia para o outro, mas só um Rei pode dar a referência de um
rumo histórico e a segurança de continuidade e futuro da Nação. Em
teoria, qualquer cidadão de pleno direito pode candidatar-se à
Presidência da R., mas na prática para ter reais hipóteses de ser eleito
é necessário ter feito carreira numa qualquer estrutura partidária,
gerir apoios e fazer muitas promessas", afirma, contrapondo com a
"legitimidade histórica e dinástica" de um Rei, que lhe dá autêntica
"independência e autoridade moral e política" para exigir o
"entendimento das forças políticas" e "impor moralidade" nas contas
públicas em nome do bem o comum. "A população entenderia melhor os
sacrifícios a que está a ser sujeita nesta época de crise se sentisse
que o exemplo de sacrifício e de moralização vinha dos principais
responsáveis políticos, se soubesse que os jogos de interesses
particulares não tinham eco junto do mais alto Representante da Nação".
Por tudo isto, defende João Paredes, é necessário "restaurar" a R. e se
possível com um Rei.
PR vs Dom Duarte aos olhos de um monárquico.
"O PR
tem um percurso de ilustre professor de economia, que depois segue para
a área política e que, honra lhe seja feita, foi o autor da primeira
maioria governativa da III República. Como Primeiro-Ministro de
Portugal, lançou as bases do desenvolvimento tecnocrático que
estabilizou a nossa economia e absorveu grande parte dos fundos
comunitários. A sua candidatura à P.R. foi estruturada com grande
sentido de Estado e muita expectativa por parte dos Portugueses que
tiveram a ilusão de que a sua honestidade e os seus conhecimentos de
macroeconomia bastariam para por ordem na política e na gestão do nosso
país e assegurar o êxito da nossa integração na Comunidade Europeia, o
que a realidade veio a desmentir, infelizmente. Já o Senhor Dom
Duarte não exerce nenhum cargo oficial, muito menos remunerado. Não só
nada custa ao Erário Público, como pertence a uma família que a
Revolução despojou dos seus bens. Os poucos bens da Família Bragança que
não foram nacionalizados estão consolidados na Fundação da Casa de
Bragança, gerida pelo Estado Português e que apoia intervenções de cariz
patrimonial, cultural e educacional utilizando os bens que constituíam o
morgadio da Casa de Bragança e que eram destinados ao sustento e à
educação dos Infantes de Portugal. O Senhor Dom Duarte tem-nos
representado em todo o universo das suas relações familiares em eventos
sociais e culturais, sem quaisquer custos para o país, sempre com uma
presença digna e distinta, acompanhado por sua mulher e às vezes seus
filhos, utilizando estas ocasiões para promover no mundo a imagem e a
história de Portugal. É apoiado politicamente por 24 Reais Associações
espalhadas pelo país e também na Europa, nos Estados Unidos e no
Oriente; reunidas na Causa Real, estas Associações defendem e promovem o
debate político sobre a representação do Estado".
Diário de Notícias da Madeira - de 04-10-2010
Sem comentários:
Enviar um comentário