(...) É paradoxal: os reis constitucionais cultivavam, na rua, a
dessacralização do poder. A República, porém, fecha-se nos seus
palácios. Nos anos 70 e 80 do séc.XIX, o rei D.Luiz, pai de D.Carlos, ia
todas as tardes ao Rossio, beber a sua ginginha com os amigos. Sozinho e
sem segurança. Qualquer súbdito poderia trocar dois dedos de conversa
com o rei, que se apresentava no seu grosseiro jaquetão burguês, e
trocar com ele umas palmadas nas costas. Hoje, qualquer mísero
secretário de Estado passa em carros topo de gama de vidros fumados,
alheio à plebe. O ar da República está irrespirável. (...)
- Filipe Luís, O ar impuro da República, na Visão
Fonte: Centenário da República
- Filipe Luís, O ar impuro da República, na Visão
Fonte: Centenário da República
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