Caro camarada Capoula Santos
Li o seu artigo sobre o Centenário da República, no Jornal
Montemorense, vou começar pela sua alegação de que não sabe como vai
acabar a 2º República, então não sabe como acabou ? Não me diga que
de 1928 a 1974 não foi uma república, se não foi eu gostava que me
respondesse a esta perguntar elementar que o miúdo que fala na
notícia já deve saber melhor “Se o Estado Novo não era uma república quem era o Rei ?”
Vivemos na 3ª República por muito que custe ao caro deputado e a
outros militantes do Partido Socialista. Como militante do Partido
Socialista que sou há 16 anos nunca alinhei e nunca me vou deixar
alinhar pela cultura da política “adesiva”, como um profundo amante
da História de Portugal ao longo dos anos aprofundei-me sobre o
assunto no Portugal do Séc.XIX/XX.
É fácil justificar o Portugal de antes de 1910, mas justifique-me os estudos económicos como este : http://esquerdamonarquica.wordpress.com/2010/09/20/defice-divida-publica-e-outras-propagadas-demagogicas-dos-republicanos/
O Portugal Republicano de 1910 a 1928 afundou de tal maneira a
economia que em 1920 o PIB era de -27% ! Morreram milhares de
militares em La Lys na 1ª Guerra quando o Corpo Expedicionário
Português foi abandonado pelo Governo Português e pelo carrasco
Afonso Costa que os mandou para o campo de batalha em nome do
prestígio perdido pelo facto de deixar de ser uma Monarquia, os
republicanos não falam que o CEP era a única unidade militar na 1ª
Grande Guerra sem logística e sem rotatividade de pessoal no campo
de batalha ( os ingleses depois de 6 meses iam para casa ). Sidónio
Pais subiu ao poder como resposta ao descontentamento da população
com a República e foi o primeiro presidente votado por sufrágio
universal depois de 1910, mas os republicanos descontentes
mataram-no … Houve a Monarquia do Norte porque grande parte das
Forças Armadas Portuguesas já não se reviam no ideal republica que
os traiu no campo de batalha se não fosse a Guarda Pretoriana a GNR e
os neo-FP-25 da Carbonária teria sido o destino diferente. O Grande
Gago Coutinho nessa altura deixou de acreditar na republica assim
como tantos que antes de 1910 acreditavam na utopia, Agostinho da
Silva e mesmo Homem Christo. Utopia que o Partido Republicano
Português nunca conseguiu resolver porque nunca teve discurso
económico, se o Povo estava mal em 1910 ficou cada vez pior, ninguém
comemorou a perseguição a Sindicalistas, ninguém comemorou as
técnicas neo-nazis que usavam para medir crânios,, ninguém falou nas
perseguições, mortes e prisões de religiosos e religiosas.
Economicamente foi o pior período, o preço do pão aumento 21 vezes
de 1910 a 1926, será que era a culpa ainda do Rei que não governava
mas sim reinava até 1910 ? Em 1910 Portugal já tinha recuperado com
sucesso a Banca Rota de 1891 em consequência da crise mundial
fomentada pela perda da Monarquia no Brasil ( historicamente
documentado ). O Povo era pobre pois era mas não votou a República, a
esmagadora maioria das pessoas fora de Lisboa e Porto não eram
republicanos … tanto que a imposição desta só lhes chegou por
telégrafo.
Democracia ? onde ? se em 1910 em Monarquia o universo eleitoral era
de 800 mil pessoas a Constituição Republicana de 1911 era tão
“democrática” que cortou o universo para 400 e tal mil onde só
podiam votar os chefes de família letrados, analfabetos e
deficientes eram lixo. As mulheres como sempre falou-se muito delas …
mas eram só para procriar porque nem sequer o direito ao voto
tinham. E então a política colonial republicana ? não se comemorou ?
Só interessa falar do que é conveniente … mas legitimaram o
professor de finanças ir para o poder porque já ninguém conseguia
controlar o descalabro em que Portugal se tinha metido.
Razão tinha o camarada Antero de Quental, dizia que a República era
uma loucura, Oliveira Martins dizia que era a Ibéria e Castela … e
eram Socialistas. Era bom que os socialistas de hoje soubessem bem
as origens do Socialismo em Portugal e que nunca confundissem com
republicanismo, os socialistas de Antero queriam resolver os
problemas da sociedade e nem queriam saber do problema de regime. É
este o Socialismo em que me revejo, penso que por vezes é necessário
voltar às origens para entender a verdadeira razão de ser do que
queremos e o que desejamos. Sinto com algum contentamento verificar
que há muitos camaradas socialistas monárquicos como eu, tenho pena é
que não tenham a coragem de se afirmarem publicamente … alguns iam
perder os cargos políticos que já têm.
O História não se repete mas pode ter certeza de várias coisas,
depois de uma crise económica grave vem sempre : fome, miséria,
revoluções, guerras … foi isto que os últimos 100 anos deram à
Europa. Foi assim em 1910, 1928, 1974 … crises económicas seguidas
do que já sabemos, que não matam a fome, não dão emprego e nem pagam
as contas. É fácil falar na Liberdade mas essa acaba quando põe em
causa a Liberdade dos outros, não há Liberdade quando não dinheiro
para alimentar um estômago, não há Liberdade quando se tem um
contrato precário, não há Liberdade quando não há Justiça Social …
aliás somos os campeões segundo a OCDE em 2008 somos o 27º !
(Fonte: Blogue "Esquerda Monárquica")
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