No
decurso da História de Portugal ocorreram algumas revoltas centrais nas
configurações políticas do País e que envolveram o Povo (que somos
todos nós). Mas apenas uma foi exclusivamente originária no seu seio.
Quando
D. João I fere de morte o Conde Andeiro e Rui Pereira dá a estocada
final, o Povo esteve com eles contra o dito 2.º Conde de Ourém, fidalgo
galego.
Quando
os Conjurados, chefiados por D. João, trineto do Rei Manuel I de
Portugal, por via paterna, através da duquesa D. Catarina, infanta de
Portugal, sua avó paterna, invadiram o palácio da Duquesa de Mântua,
atirando Miguel de Vasconcelos pela janela causando-lhe a morte e
proclamaram João, o Duque de Bragança, Rei de Portugal D. João IV, aos
gritos de "Liberdade", o Povo e toda a nação portuguesa acorreu logo a
apoiar a revolução restauradora da Independência e, assim, Filipe III,
IV de Espanha, que se encontrava já a braços com uma revolução na
Catalunha, não teve como retomar o poder em Portugal.
No
triste dia de 5 de Outubro de 1910, por intermédio de uma elite
maçónica e jacobina, fazendo uso da Carbonária, um braço armado,
instauraram a república portuguesa…contra vontade da maioria dos
portugueses. O Povo, portanto, pouco teve que ver com esta mudança
ilegítima.
A
28 de Maio de 1926 Gomes da Costa marcha a partir de Braga para Lisboa
para por ordem no País, ordem essa que o Povo clamava tal era o caos
instalado pela I república. Os assassinatos proliferaram nas ruas e as
famílias temiam pela sua segurança. Daí, e é preciso dizer com verdade,
que esta revolta, ante câmara do Estado Novo, foi bem recebida pela
maioria dos portugueses, pois via nela a tão esperada segurança e
estabilidade nacional.
A
revolução dos Cravos, no dia 25 de Abril de 1974, organizada por
capitães, pôs termo aos 41 anos do Estado Novo. Algum Povo se reuniu à
volta das chaimites para celebrar a restauração da Liberdade.
Posto
isto, e de modo diferente daquilo até agora sumariamente relatado, a
única grande revolta que não teve mestres, sindicatos, elites, senhores e
outros comandantes, tendo sido uma manifestação originária no Povo mais
profundo, foi a Maria da Fonte o nome dado a uma revolta popular
ocorrida na Primavera de 1846 contra o governo cartista presidido por
Costa Cabral. Por isso, muitos cantores, de esquerda sobretudo, ainda a
cantam. O Zeca e o Vitorino são expressões maiores disso mesmo. De
salientar que como a «fase inicial do movimento insurreccional teve uma
forte componente feminina, acabou por ser esse o nome dado à revolta»*. À
parte: seria motivo para dizer, face a uma Chefe de Estado mulher (D.
Maria II) e uma revolta de elevada base feminina, será que hoje as
mulheres têm mais protagonismo do que aquele que tiveram naquela época?
«A
revolta resultou das tensões sociais remanescentes das guerras
liberais, exacerbadas pelo grande descontentamento popular gerado pelas
novas leis de recrutamento militar, por alterações fiscais e pela
proibição de realizar enterros dentro de igrejas. Iniciou-se na zona de
Póvoa de Lanhoso (Minho) por uma sublevação popular que se foi
progressivamente estendendo a todo o norte de Portugal. A instigadora
dos motins iniciais terá sido uma mulher do Povo chamada Maria, natural
da freguesia de Fontarcada, que por isso ficaria conhecida pela alcunha
de Maria da Fonte.*». A sublevação foi de tal ordem que provocou a
substituição do Governo de Costa Cabral, levando mesmo, entre o acender e
o apagar de novas insurreições, «a uma guerra civil de 8 meses, a
Patuleia, que apenas terminaria com a assinatura da Convenção de
Gramido, a 30 de Junho de 1847*»
Terminaria
dizendo que esta revolução ficou, para muitos, marcada como um último
fulgor do Miguelismo o que, em certa medida, poderá deixar para sempre a
dúvida se a implantação do Liberalismo maçónico que acabou por destruir
a Monarquia até 1910, seria, efectivamente, a escolha da maioria dos
portugueses naquela época?
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