Mesmo em tempos difíceis há sempre quem
se lembre de dizer que a monarquia é mais cara que a Republica. Não
fosse trágica a ignorância até dava para rir um pouco (ou nem por isso).
Todos nós portugueses deveríamos poder
fazer umas perguntas à república (alguém a viu por aí?).
Uns para
esclarecer algumas dúvidas e outros para ver se abrem um pouco os olhos
de uma vez por todas e vêm com olhos de ver a realidade que os rodeia (a
verdadeira, não a ilusória).
Certamente assim deixariam de ver a
Monarquia como um bicho-papão e passariam a vê-la como a mais óbvia e sensata solução para este país
que muito a muito se vai afundando cada vez mais. Aliás, cada vez que
se afunda julga-se impossível afundar mais ainda. No entanto a
republica, na sua imensa capacidade de surpreender tudo e todos consegue
sempre afundar Portugal mais ainda. E caricaturas não faltam para
ilustrar tamanho afundanço, o que só mostra que os monárquicos têm
razão.
Dizem (é triste saber que existem pessoas que pensam assim) que a monarquia é um regime de grandes Senhores que com grande crueldade
subjugam a população. Poderá haver pensamento mais medieval e desfasado
da realidade das monarquias europeias do sec. XXI? Poderá haver maior
ignorância a respeito do que é uma monarquia constitucional? Pior ainda
que esta ignorância é aceitá-la cegamente como verdadeira e não procurar
esclarecimentos.
Então e neste momento? Aqui! Agora! Em
que regime estamos? E qual é a realidade? Não haverá mais dos ditos
‘grandes senhores’ do que em qualquer monarquia europeia?
Dizem que a monarquia iria gastar muito!
Engraçado. Sempre que falam nisso dá-me para recordar algumas coisas
relativamente recentes. Não sei porquê vem-me à memória a noticia da
renovação da frota automóvel (tudo do bom e do melhor, claro está).
Vem-me também à mente a renovação do Parlamento. Não se ficando pela
conservação única e estrita que um edifício exige, foram introduzidos
alguns luxos. Isto em tempo de crise. Vem-me ainda à mente aquela
reportagem, já antiga é certo, que comparava Espanha com Portugal no que
toca às despesas com a chefia de estado e em que Portugal saía
claramente como mais despesista.
E depois a monarquia é que iria gastar muito. Pois, vamos fingir que acreditamos todos nisso. Está bem?
Há ainda umas mentes iluminadas que
dizem que seria demasiado caro conservar os palácios reais! Isto também é
engraçado de ouvir. Quer dizer que por não haver monarquia em Portugal
os palácios (património nacional) podem todos ficar ao
abandono, entrando consequentemente em degradação! Será isso? Ainda
nesta temática convém alertar para alguns aspectos importantes que
muitas pessoas parecem ter esquecido! Vamos então a uma pequena aula de
história!
P. Onde está sediada a Presidência da República?
R. Palácio de Belém (antigo Palácio Real)
P. Onde está sediado o Ministério dos Negócios Estrangeiros?
R. Palácio das Necessidades (antigo Palácio Real)
P. Onde está sediado o Ministério da Cultura?
R. Palácio da Ajuda (antigo Palácio Real)
P. Onde são feitos, actualmente, os
banquetes de estado (lerem bem, banquetes) e outras cerimónias
importantes de carácter oficial?
R. Palácio da Ajuda. (antigo Palácio Real)
P. Onde fica situado actualmente o quarto de hóspedes exclusivo para chefes de Estado estrangeiros em visita a Portugal?
R. Palácio de Queluz (antigo Palácio Real)
P. Onde está situada a residência oficial da Presidência da República no Norte?
R. Paço dos Duques de Bragança (Guimarães)
Como se pode ver estes palácios, para
poderem cumprir as funções que possuem actualmente têm de ter uma
conservação/manutenção regular. Será que haveria uma alteração assim tão
grande em termos de despesa se algum deles fosse hipoteticamente convertido (novamente) em Residência Real?
Quanto aos outros palácios aqui não
referidos, qualquer pessoa sabe (ou deveria saber) que uma casa
desocupada tende a degradar-se muito mais do que uma habitada. Um
palácio, no fim de contas é uma casa.
Tamanho XL, é certo, mas uma casa
na mesma. Desta forma não sei até que ponto não seria mais vantajoso e
económico ter uma manutenção constante e regular dos palácios nacionais
(que poderiam hipotetica e esporadicamente
servir de residência real) do que depois ter que fazer ‘remendos a
correr’, gastando rios de dinheiro (com os já famosos deslizes
orçamentais) porque uma parede rachou, um estuque caiu, o telhado
rebentou (não seria a primeira vez no património nacional), etc, etc,
etc.
Desculpem mas essa de gastar mais com os
palácios, não pega. O nosso património deve ser preservado, conservado
de modo a que se possa usufruir dele. Caso contrário qual é a utilidade?
Ruínas não servem de muito! Se for feita a conservação que o nosso
antiquíssimo a mui valioso património merece, a sua eventual parcial
conversão para residência real não sairia assim tão dispendiosa.
Está-se a falar em conversão de antigos
palácios em residências reais, mas embora não seja nada transcendente
também não é simples. Fará sentido haver tantas residências reais na
zona de Lisboa? A resposta não podia ser mais clara: não.
E como a maioria dos antigos palácios reais se encontram em Lisboa,
aquando de uma restauração a situação das residências oficiais tenderia a
ficar mais ou menos a mesma coisa relativamente ao que se tem
actualmente.
Mais uma vez a questão das despesas com
as residências oficiais não pega. Lamentamos mas quem usa esta desculpa
para dizer mal da monarquia, terá de usar outra.
Há ainda o factor turismo. Existem
Palácios Reais, por essa Europa, que abrem aos turistas frequentemente. É
certo que muitos dos Palácios Nacionais (de Portugal) também abrem ao
publico mas o que cativará mais um turista? Visitar um palácio frio,
desabitado há quase 100 anos ou um Palácio habitado, onde cada passo
dado pode ter sido dado no dia anterior por um Rei (ou Rainha)? Qual das
duas situações envolverá mais um turista e o fará desejar mais visitar
um monumento? Parece um detalhe, uma coisa sem importância mas não é!
Outro ponto interessante para os
maledicentes do regime monárquico pode-se resumir ao seguinte
‘pensamento’ que na verdade não é mais que uma patacoada: ‘Ah e tal mas os reis só sabiam construir Igrejas e Palácios’.
Pois, não sendo mentira também não é
inteiramente verdade. Fizeram-se muito mais coisas. Deixem cá ver se me
lembro de alguma coisa … AH, e que tal a conquista e alargamento do
país? Serve? Não? E se juntarmos a criação da primeira universidade (que
por acaso é uma das 10 mais antigas da Europa)? Também não serve? E
terem tornado o Português língua oficial? E terem lutado sempre pela
independência (conceito que muitos republicanos parecem considerar demodé)?
E terem espalhado a cultura e língua portuguesa pelo mundo? Será que
isto chega? OU ainda precisam de mais? É que também se arranjam mais!
Muitas mais em boa verdade.
Mas realmente também se fizeram muitas
Igrejas e Palácios. No entanto, e esta é a ironia da situação, o nosso
património mais visitado (gerando consequentemente receita) resume-se
precisamente a Igrejas e Palácios. Aliás o museu Português mais visitado
(pelo conteúdo e pela aura envolvente) não só se encontra num Palácio
como foi criado por uma Rainha – Museu dos Coches. Para um País que quer
apostar no turismo, é no mínimo estranho que se queiram esquecer estes
factos.
E depois podia-se falar de outros antigos palácios reais que maravilham quem os visita: Pena, Sintra, Queluz, Guimarães.
Junte-se aos palácios as Igrejas:
Batalha, Jerónimos, Mafra (simultaneamente palácio) e tantas outras
Igrejas que embora mais pequenas são autênticos tesouros espalhados pelo
país.
E não nos esqueçamos dos Castelos,
muralhas e fortificações que talvez algumas mentes mais pobres julguem
desperdício de dinheiro, mas que foram de grande importância na época em
que foram construídos e ainda hoje se erguem imponentes deixando
espantado pela sua beleza e arquitectura quem os visita.
Juntemos ainda os parques e matas
centenárias (do tempo da monarquia, claro está) que hoje são conhecidos
não só pela sua beleza como pela riqueza em termos de fauna e flora!
Ainda hoje, tantos séculos depois, o Pinhal de Leiria lembra o Rei
D.Dinis. Ainda hoje o Parque da Pena murmura o nome de D.Fernando,
marido de D.Maria II.
Seria impensável esquecer ainda a
criação da primeira e portanto mais antiga região Demarcada do Mundo,
ainda no tempo de D.José I. A importância desta criação é hoje
amplamente conhecida.
Quem desdenha de todo este património,
quem o ridiculariza para denegrir a imagem da monarquia e a grandeza dos
antigos reis só merece a nossa pena. Pena pela sua ignorância e
pequenez.
A monarquia, com os seus defeitos e
virtudes, deixou uma obra imensa que nos orgulha e prestigia nacional e
internacionalmente. E apesar do que possa parecer essa obra não se
resumo a património edificado. Vai além disso passando pelo património
cultural, linguístico, paisagístico e até gastronómico. No fundo a obra
que a monarquia e os antigos reis nos deixaram perdurou pelos séculos
sendo muito aquilo nos define a nós povo português, aquilo que nos torna
únicos e especiais entre os demais povos mundiais. Pode haver quem não
goste, problema deles, mas o facto é que se hoje somos portugueses, à
monarquia e aos antigos reis o devemos. É um facto.
Restam duas últimas perguntas. No ano do centenário da República, que obra relevante resultou desses 100 anos?
A monarquia já tem provas dadas da sua capacidade empreendedora e do seu sucesso.
E a República?
Fonte: Blogue "Portugal Futuro"
Sem comentários:
Enviar um comentário