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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

MEMÓRIAS DO SEXTO MARQUÊS DE LAVRADIO


D. José Maria de Almeida Correia de Sá Portugal, 6º marquês de Lavradio e Secretário Particular de S.M. o Rei D.Manuel II . O livro " Memórias do Sexto Marquês do Lavradio", retrata alguns episódios familiares, revela-se principalmente na sua vida ao serviço de S. M. o Rei D. Carlos, no enorme respeito pela Rainha D. Amélia e a grande simpatia pelos Príncipes.

Recorrendo de algum modo ao prefácio de seu filho José Luís (7º marquês), diria que a figura do 6º Marquês de Lavradio era por demais forte e inconfundível para que o túmulo a pudesse apagar da mente e do coração de quem o conheceu. Espírito de rara cultura e de finíssima sensibilidade, coração generoso e ardente, cristão sincero, monárquico convicto, lealíssimo servidor dos seus Reis, homem de um só rosto e de um só parecer, o Marquês de Lavradio foi, sem dúvida, um grande senhor, em quem à nobreza do sangue se juntaram a de alma e a de carácter, tríade indispensável e única para produzir um Fidalgo de Raça, daquela Raça que escreveu as mais belas páginas da nossa História, que infelizmente vai rareando e de que o Marquês de Lavradio foi um dos últimos e mais brilhantes representantes.

Os que o conheceram reconheciam-lhe a fineza do seu trato, a delicadeza das suas maneiras, o encanto da sua conversa, aquela irradiante e irresistível simpatia que a si atraía imediatamente quem dele se abeirasse. Esses não poderão ler sem saudades estas Memórias, em que a cada passo se sente viver e palpitar o coração do seu autor.

Não pretendeu este fazer literatura, mas apenas contar, no seu estilo simples que, porém, não exclui a riqueza e a precisão dos termos, as recordações da sua vida.

E como esta esteve ligada a factos da nossa História contemporânea, sobre os quais não foi ainda feita inteiramente luz, é inegável o interesse da obra.

A vida íntima da última Corte, a viagem do Príncipe Real a África, os acontecimentos que, no Paço, precederam e acompanharam a revolução de 5 de Outubro, tudo quanto respeita às incursões, à acção de S. M. El-Rei D. Manuel no exílio, constitui documentação inédita de incontestável valor e interesse e sem o estudo da qual, de futuro, se não poderá escrever sobre aquela época.

Mas, no entanto, não foi essa a preocupação do marquês de Lavradio ao deixar-nos estas Memórias. O que ele quis foi que consigo não morressem as recordações e as saudades que tinha dos Príncipes que tão dedicadamente serviu, a quem consagrou a sua vida, por quem tudo sacrificou. É comovedora a ternura com que ele se refere a El-Rei D. Carlos, ao Príncipe, a El-Rei D. Manuel, e as mais belas páginas da obra são sem duvida as que dedicou a S. M. a Rainha D.Amélia.

É que, na verdade o centro da sua vida foi sempre o seu Rei. Por ele largou a sua farda de marinheiro - o maior sacrifício que podia fazer - ; para O não abandonar, em 5 de Outubro, não hesitou em separar-se da sua própria família, numa hora em que se não sabia o que seria, em Portugal, o dia seguinte; por Ele sofreu e fez sofrer aos seus as amarguras de um duro exílio, que o levou à ruína; e na véspera de El Rei morrer, estava disposto a tudo abandonar para de novo voltar para esse exílio, para junto de seu Rei que uma vez mais o chamava. Por isso, não admira que ao perder o seu Príncipe, considerasse que a sua própria vida acabara.
Foi então que, talvez para ter a ilusão de que tudo não morrera, ele escreveu estas Memórias a cuja publicação já não pode infelizmente assistir, recomendando a seu filho, insistentemente, à hora da sua morte que a ela procedesse.

Pode bem dizer-se que o seu coração palpitou até ao último momento, pelos Príncipes que tão lealmente servira.

Na véspera de morrer, S.M. a Rainha D. Amélia quis visitá-lo. O que foi esse encontro de S. M. com o seu velho e leal servidor, companheiro e amigo dos Seus filhos tão tragicamente desaparecidos, num ambiente em que tudo – fotografias, bibelots, móveis – Os recordava e ao tempo de Sua realeza, não pode descrever-se, nem quem a ele assistiu o poderá esquecer. Ao despedir-se porém, já em estado de enorme fraqueza, apenas e com dificuldade articulava alguns monossílabos, tendo de exprimir-se quase sempre por sinais conseguiu reafirmar a sua fidelidade à Rainha que com aquele seu sempre tão doce sorriso, confirmava.

Nas páginas deste livro, o que se lê do princípio ao fim é uma homenagem a essa permanente Fidelidade.
 
FONTES: Blog Ex-Libris.

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