Um
dos grandes Chefes de Estado Portugueses foi o Rei Dom Manuel I.
Instado pelo meu mestrado, há uns anos, consumi livros e documentos à
procura da sua época e da sua política. Também descobri facetas do
homem. Dom Manuel I foi um extraordinário diplomata e fez uma das
maiores reformas administrativas que o nosso território já conheceu. A
sua estratégia passava por um processo de concentração política das
decisões primordiais, mas sem perder de vista a essência regional, a
organização municipal, a ordenação jurídica, a organização fiscal (de
onde se deve realçar a reconstrução do papel dos Forais), a consolidação
da diplomacia externa (com a continuação dos projectos de expansão
territorial) e as múltiplas relações externas-comerciais que culminaram
numa das fases mais notáveis da História de Portugal. A sua motivação
para a inovação desencadeou repercussões notáveis no desenvolvimento de
áreas como a cartografia, a geografia, a engenharia mecânica (naval e
militar), a imprensa escrita e as artes. Só a sua política de Feitorias
(África oriental, S. Tomé, Cabo Verde, Congo, Moçambique, Melinde,
Pérsia, Bengala, Birmânia, Molucas, China, Brasil, Terra Nova [com a
pesca do Bacalhau]) daria horas de escrita. Mas se há áreas onde sou
particularmente apaixonado na sua época são a Arte da Iluminura
(inserida no projecto "Leitura Nova" e um dos maiores momentos da
pintura renascentista portuguesa) e a Arquitectura. Bem. Como
a história é uma paixão, apetecia-me relembrar-me de tudo enquanto
escrevo. Mas serve esta breve introdução para a minha consciência fazer
um contraponto! No século XVI não se vivia melhor que hoje. As
tecnologias eram diferentes e, apesar de inovadoras para a época,
elementares do ponto de vista da persecução. A comunicação entre pessoas
e instituições era morosa e era enviada ao ritmo do galope, da carroça
ou do veleiro. As doenças não eram estancadas com comprimidos. A visão
do mundo era, muitas vezes, o horizonte que se vislumbrava. O papel do
Chefe-de-Estado era essencial não só na figura militar e diplomática
mas, principalmente, no âmbito agregador, familiar aos seus pares,
inspirador e influenciador. O que temos hoje? Qual o papel do
nosso chefe-de-estado? Que podemos reflectir no dia de reflexão que
antecede as eleições para o emprego de presidente da república?
Dom Manuel I, como anteriores monarcas, fez o papel de Estadista,
consumando-o e ampliando a sua visão pelo povo que respondeu em energia
na epopeia portuguesa construindo uma nova sociedade, novas classes e
elites sociais e, principalmente, inundando o país de esperança. O que querem estes aníbeis, maneis, franciscos, para o país?
quarta-feira, 20 de abril de 2011
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