Autora: Aline Gallasch Hall
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Muitos monárquicos se perguntam porque
existe o Partido Popular Monárquico. Não pretendo aqui dar essa
resposta, mas colocar algumas reflexões.
A propósito destas Legislativas, o PPM existe e disputa as eleições
não porque quer o poder, mas porque há um problema no sistema político.
E, para lutar contra isso, há que ser um partido. É verdade que teria
mais lógica se fosse um movimento a favor da cidadania, mas também tem
uma história e um papel importante nos fundamentos da democracia e isso
deverá ser preservado.
Mas um movimento contra o quê? Muito simples: contra os demandos da
República. Se a República tivesse, como consequência última, a Justiça,
tudo seria controlado e gerido por cidadãos, e todos estaríamos
satisfeitos. Mas não é, de todo, assim. O que vemos é uma sede de poder,
compadrios e os lugares de chefia serem ocupados, não pela competência,
mas pela demagogia e amizades várias. O povo julga que vota para um
país melhor, mas apenas é um joguete nas mãos de incompetentes. E isso
tem sido a República em Portugal.
Então, porquê a Monarquia?
Antes do Iluminismo, as monarquias constituíam o único sistema
político naturalmente suportável (a Democracia grega não era
democrática: afinal, tinha, como base, uma sociedade esclavagista e,
embora algumas monarquias também o tenham tido, nem todas o fizeram).
A partir da Revolução Industrial o trabalho escravo das pessoas foi
substituído pelas máquinas, o que deu origem a uma outra estrutura
política que, como temos vindo a assistir, também não funciona.
Principalmente porque imita o pior que é atribuído às monarquias – um
certo totalitarismo.
A monarquia segue a ordem natural das coisas, tendo como base a
estrutura de qualquer sociedade: a família. O rei é o Pater Familias,
aquele que é tratado com respeito e que tem de estar acima de tudo – de
Partidos, de políticas, como um regente da nação e um garante de justiça
e equidade – ou então tudo estará perdido. É alguém que assume a chefia
do Estado e assume essa responsabilidade convictamente, porque tem de o
fazer, para colocar ordem no Estado. Não para estar lá 5 anos, fazer o
que lhe apetece e depois sair sem pagar pelos erros que cometeu. Um rei
que comete erros pode ser destronado – um Presidente que os comete acaba
por sair ileso e com uma grande reforma, sem ser responsabilizado pelos
seus actos.
Sim, um rei que não está à altura de desempenhar o seu papel é
removido – como se fosse uma ecologia de poder. O próprio povo o
destitui.
O rei não é de nenhum partido nem de nenhuma cor política. Não pode
imiscuir-se nessas questões, pois está acima de todas elas – é aquele
que toma as decisões.
Monarquia é algo que terá que ressurgir naturalmente em Portugal, ou
não sobreviveremos como nação. Já temos visto uma linha de destruição
dos valores da civilização, em que está incluída a própria família. O
desleixo político dos últimos anos condicionou uma grande parte das
gerações mais novas ao desespero e à dependência dos progenitores até
tarde idade, não podendo os próprios criarem condições de iniciarem as
suas próprias famílias. A crise demográfica é um bom espelho desse
flagelo, o flagelo de uma população envelhecida, que não se renova nem
tem novos braços para trabalhar que permitam, igualmente, o descanso de
quem o fez por toda a vida.
E monarquia em Portugal? Sobretudo em Portugal. Nos 100 anos
comemorados com gastos desonrosos em tempo de crise profunda,
esqueceram-se que a República introduziu a confusão total e o desnorte
que se instalou de tal forma que foi necessário aparecer alguém que
criasse uma imagem de força, de responsabilidade, de poder para
controlar as rédeas do país, mas que o fez de forma dictatorial. E isso,
para Portugal, também não serve.
Na República vemos bem o seu sistema de desresponsabilização: todos
atribuem culpas, ninguém as assume. Percebemos que o problema de base é
que quem decide os destinos do país não é quem tem capacidade de
decidir, mas só quem é lá colocado pelo sistema político.
Isso tem consequências para o povo, como todos bem sabemos, pois
estamos a sofrer com isso. Consequências para o país, que está a mando
de outros de forma vergonhosa, apesar dos seus 900 anos de História e
com as fronteiras mais antigas da Europa. Só não há consequências para
aqueles que, na realidade, nos conduziram para este estado. No passado,
todos os males eram culpa do Rei, que consubstanciava os problemas do
país – julgando os Republicanos que, retirando o Rei do trono, os
problemas seriam resolvidos. Foram agravados: nunca, na História de
Portugal, atingiu-se a bancarrota 3 vezes num espaço de 28 anos. Muito
menos depois de uma injecção de dinheiro como aquele que recebemos da
União Europeia unicamente para investir na nossa Economia e nas nossas
infraestruturas. Em menos de meio século, as nossas possibilidades de
conservação e subsistência como país autónomo foram reduzidas a um
mínimo tal que não sabemos como iremos sobreviver, colectivamente, ou
per si.
Entramos no caos, por uma ordem destrutiva de Governos, em que prevalece o lucro próprio e o proveito da irresponsabilidade.
A República organizou-se à imagem da Monarquia, mas como o seu
negativo. Transvestiu-se. Não, não é verdade, nós não poderemos ser
todos o que quisermos: devemos ser o que as nossas capacidades nos
permitem. Daí a dificuldade, o ónus do Rei: tem uma vida inteira de
preparação para colocar acima dos seus interesses, os interesses do
Estado, porque sabe que, se o não fizer, tudo estará perdido. Ele não
sairá impune – mas os republicanos, como temos visto, sim.
Nada é definitivo – qualquer solução política tem os seus defeitos.
Mas temos de optar por aquela que defenda, genuinamente, causas e
valores.
Há um logro nas eleições: julgam que, no dia seguinte à votação,
todos os problemas estarão resolvidos. Não, não estarão. Só se resolvem
quando se mudarem as mentalidades, abandonarem os sentimentos que têm
servido de base a esta República e ao povo em geral. Foi isso que nos
trouxe a este estado crítico. Chega de ganância. Ganância pelo poder,
pelo dinheiro, pela aparência.
Vamos defender, vamos voltar às causas que construíram Portugal.
Fonte: Real Monarquia Portuguesa
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