Todo
e qualquer cristão, que o seja realmente, não pode ignorar que a
escolha política por ele realizada implica uma grave decisão moral, em
consequência do maciço impacto social do seu voto, pela qual terá de
responder perante Deus, no Juízo que decidirá da sua salvação ou
condenação eternas. Por isso, importa muito que conforme a sua
consciência à Verdade ensinada por Cristo através da doutrina do
Magistério da Igreja, de modo a que não venha a cooperar no mal através
de políticos ou governos que sejam do Maligno (Cf. Os governos satânicos de J. Sócrates).
A
Caridade que é o centro, a raiz e o cume ou perfeição de toda a vida
cristã deve por isso mesmo orientar todo o pensar e agir de qualquer
baptizado. Deste modo esta virtude eminente procurará, inclusive
mediante a política e as leis que dela resultam, defender (no sentido
não só de proteger mas também de advogar a causa de)
os mais pobres, os mais fracos, os mais inocentes, os mais idosos. Não
pode haver verdadeira Caridade em quem não pratica a Justiça, os
princípios da subsidiariedade e da solidariedade, as liberdades de
ensinar e de aprender, quem não garante ambiente social e educativo
moralmente são para as crianças e os jovens, quem destrói a família
pelo falsamente chamado casamento entre pessoas do mesmo sexo e pelo
divórcio expresso/sem culpa, quem legaliza a matança de inocentes pelo
aborto, pela letal, para muitos seres humanos embrionários, reprodução
artificial, pela eutanásia e “suicídio assistido”.
Mas
a Caridade exige do cristão ainda mais do que fica dito. Requer também
o amor dos inimigos sabendo discernir, para dizê-lo com o
bem-aventurado Bartolomeu dos Mártires, “no inimigo as culpas da pessoa
e … (dando) a cada um o que é seu: aborrecendo as culpas e amando as
pessoas; desejando-lhes emenda das culpas, e salvação das almas, assim
como o médico ama a pessoa do doente que cura, mas aborrece-lhe a
doença e deseja e procura de lha lançar fora”; “ … desejando-lhe a graça
de Deus e os outros bens da alma, e de tal maneira o amemos que lhe
não façamos a vontade, nem consintamos com ele algum pecado, porque
agravar ou ofender a Deus por amor do próximo, não é caridade mas
destruição dela. A verdadeira caridade não afaga nem condescende ao
próximo em suas culpas, mas repreende e castiga como pode e como deve.”
Justamente pelo que fica dito se reconhece que António Barreto, apesar
de não ser católico, tem carradas de razão quando diz que José
Sócrates e o partido socialista devem ser severamente punidos nestas
próximas eleições. É uma questão de Caridade! Talvez ele o tenha dito
somente por se tratar de uma questão de justiça, nós, porém, dizemo-lo
também por Caridade.
"
A caridade é a suma da Lei de Deus. Quanto Deus mandou, nela se
encerra; e tudo mandou por amor dela; e quem a tem, tudo tem; e quem a
não tem, nada lhe aproveita quanto tem. Quem a tem, tudo sabe, pois
sabe e gosta o miolo de todas as sagradas e santas Escrituras. … Esta é
a que faz o jugo do Senhor suave e leve. Sem esta nenhuma outra
virtude aproveita. … Esta é o vínculo da perfeição. Esta é o caminho
pelo qual Deus desceu dos Céus e veio aos homens. E ela só é também o
caminho por onde os homens hão-de subir aos Céus. … Só ela mata todos
os pecados, só ela vence todas as tentações, só ela cumpre todos os
Mandamentos e exercita todas as virtudes, e faz doces todos os
trabalhos; só esta diferencia os filhos da salvação dos filhos da
eterna perdição. As outras virtudes podem ter os maus e filhos do
diabo, mas esta não a podem ter senão os bons e filhos de Deus,
herdeiros do Céu.” (Bem-aventurado Bartolomeu dos Mártires).
Nuno Serras Pereira
Fonte: Logos
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