Sinopse
A
29 de Novembro de 1807 o Príncipe Regente, o governo e os principais
membros e funcionários da Corte partiam para o Brasil. Napoleão era
assim impedido de aprisionar o soberano e de o utilizar para legitimar o
desmembramento de Portugal, como havia já feito noutros países
europeus. A transferência do poder político para uma colónia era caso
único na época. Portugal negoceia com a Grã-Bretanha o auxílio militar e
financeiro para reconquistar a independência. A Grã-Bretanha,
encorajada pela revolta popular em Espanha e pelo abandono da sua
aliança com Napoleão, envia o grosso do seu exército para Portugal,
integrando o Exército português. As forças Aliadas irão sair vitoriosas
daquela que foi uma longa guerra peninsular, que só terminou com a
invasão da França. Durante anos, Portugal foi invadido e atormentado,
com a Corte a meses de distância, uma regência nem sempre em consonância
com o governo no Brasil, e debatendo-se com um comando militar aliado
inglês com ambições económicas e de controlo político. A população
experimentou profundas e significativas mudanças na vida nacional. O
país foi abalado por um conflito que causou inúmeras perdas humanas e
profundas mudanças na estrutura económica e social. As bases económicas
tradicionais ficarão afectadas pela perda do monopólio do comércio do
Brasil pela crispação com a permanência da Corte e dos governantes no
Rio de Janeiro. As necessidades criadas pela guerra, a ausência de
numerosas elites nacionais e o aparecimento de novos quadros dirigentes
em todos os sectores, sobretudo procedentes da burguesia urbana,
aceleraram novas correntes de pensamento e de sensibilidades. Este livro
apresenta uma série de textos, numa perspectiva interdisciplinar, que
revisitam a História no início do período do Portugal Contemporâneo,
pondo em evidência os processos de construção da memória de um Reino sem
Corte, entre a continuação do quotidiano e o debate institucional que
se projecta no futuro.
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