Antes de prosseguir sugere-se a leitura das duas primeiras partes (Parte I; Parte II) deste artigo.
Só em ganhos directos tem-se, por
exemplo, os direitos de transmissão televisiva para todo o Mundo e os
turistas que viajaram para o Reino Unido especificamente para
“assistirem” ao casamento, com consequências (positivas) imediatas nos
ramos da hotelaria e do comércio britânicos.
No entanto essas receitas são apenas
algumas das directas imediatamente antes, durante e após o evento.
Existem receitas a nível futuro difíceis de contabilizar. O casamento
foi, em termos práticos, e conforme já referido, um golpe publicitário à
escala global que muito provavelmente chamará ao Reino Unido, e em
particular a Londres, um grande número de turistas ansiosos por ver os
locais onde se realizou tão mediático acontecimento. De caminho
continuam a promover a indústria hoteleira e da restauração, já para não
falar no comércio! Claro que estando no Reino Unido dificilmente
deixarão de visitar os quase míticos locais e monumentos relacionados
directamente com a Monarquia.
A importância desses locais mede-se pela
sua história passada mas também pela sua “história presente” já que são
locais vivos e não apenas memórias de um passado distante. A Torre de
Londres não é apenas uma prisão do passado! Nela se guardam as Jóias da
Coroa, que ainda hoje em dia são usadas. Com “sorte” pode-se visitar
este monumento e não conseguir ver uma (ou mais) das jóias por estar a
ser usada pela Rainha.
O Palácio de Buckingham não é apenas mais
um palácio! Caso esteja fechado ao público, cria no turista a
capacidade de imaginar que ali dentro poderá estar uma Rainha de
verdade, a trabalhar em prol da sua pátria, conforme o juramento que fez
aquando da coroação. Já no caso do Palácio estar aberto ao público o
turista sabe, à partida, que a Rainha não estará nele mas ainda assim é
criada no imaginário do turista a ideia de que há pouco tempo uma Rainha
verdadeira esteve ali, a morar e a trabalhar. E isto, este “jogar” com o
imaginário dos turistas, vende. E quem lucra com isto é o Reino Unido
que, sabiamente, consegue “explorar” os efeitos da imagem de um Monarca
no imaginário das pessoas. Esta vida dos monumentos é
uma das grandes diferenças entre o turismo britânico e o português. É
indiscutivelmente mais interessante visitar um palácio (por exemplo)
habitado, vivo e com memórias recentes, do que um palácio desabitado,
frio e muitas vezes com má conservação, com memórias de um passado
distante que já ninguém conhece como seu. A primeira realidade é a
britânica, a segunda é a portuguesa.
Desta forma, aquilo que à primeira vista
pode ser visto como uma enorme despesa traduz-se numa enorme projecção
do país no Mundo, só possível devido à sua Monarquia e à sua Família
Real. Na prática toda esta projecção leva à estimulação do turismo
britânico e consequentemente ao aumento de receitas. Dificilmente uma
República conseguiria, através unicamente do seus próprios símbolos,
gerar tamanha projecção.
“ Sustentar” uma Família Real, como se
pôde ver, acaba por ser um investimento com retornos a vários níveis
(curto, médio e longo prazo), altamente positivos para o bem comum da
Nação. Falo no bem comum por ser o mais óbvio mas o bem individual de
cada um também sai altamente beneficiado e nem é muito difícil de
perceber porquê.
(continua na parte 4 – última parte)
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