Agora sim, começamos a ter uma
percepção mais nítida do quadro intitulado "Centenário da República".
Aos poucos, primeiro com a ajuda da Fundação Mário Soares, depois com a
colaboração de alguns académicos, a Maçonaria foi-se apresentando como
principal obreira da República em Portugal. Hoje escancara as portas, não é só obreira. É dona. Em Mafra até já se comemoram os 100 anos da dita associação.
Como historiador, nada tenho a questionar sobre os fins e a utilidade
de uma agremiação secreta, que existe, como muitas outras, com
objectivos bastante claros mas sob posições nem sempre honestas. Já
cidadão e indivíduo crítico, não consigo compreender para que serve este
género de ajuntamento, às escondidas, com rituais francamente
apalhaçados. É que para mim, a solidariedade ou o bem pratica-se às
claras e a fraternidade deve ser uma qualidade inerente a todos, não
apenas a um restrito grupo de iluminados que se consideram donos da
liberdade. A solidariedade num grupo como a maçonaria, restritiva
através do seu código e dos juramentos, em que só os irmãos partilham de
uma sabedoria metafísica, causa-me muitos engulhos. É que quase sempre,
nestes casos de redes ideológicas e partidárias, etc, uma mão lava a
outra e as duas lavam muita coisa, desde dinheiro à honra. E vem à
lembrança casos como o das Binubas, na I República, do Ballet Rose na
Segunda e hoje, nesta III República, o famoso enredo Casa Pia. Ou ainda,
mais recentemente, em França, o caso Jack Lang, ao que parece abafado graças a uma rede de solidariedades várias...
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