Antes de prosseguir sugere-se a leitura da terceira parte deste artigo.
Existem também pessoas que ficaram presas
no tempo e que continuam a fazer uma disparatada diferenciação entre
súbdito e cidadão. Acontece que hoje em dia, em pleno século XXI, não há
súbditos no sentido quase medieval que essas pessoas conhecem. A
palavra ‘súbdito’ ainda é, de facto, utilizada (embora em raríssimos
casos) mas somente porque “é bonito e fica bem”. No entanto,
considerando os poucos casos em que tal palavra ainda é usada (no
contexto da actualidade), súbdito assume o significado de cidadão com todos os direitos e deveres que lhe são característicos.
De uma vez por todas parem de usar esta
palavra como arma de arremesso contra a Monarquia e os monárquicos.
Parem de mostrar tanta ignorância.
Há ainda quem escave o poço que é a sua ignorância afirmando que os Reis assumem um direito divino de o ser. Este pensamento é ainda mais ultrapassado
que o anterior! É verdadeiramente deprimente saber que existem pessoas
que pensam desta maneira. É certo que nas Monarquias por vezes surge a
expressão latina ‘Dei Gratia’ ou, traduzindo, ‘Pela Graça de Deus’ mas
isso deve-se a uma questão de tradição. É uma expressão que foi
sobrevivendo aos séculos, adquirindo, contudo, novos significados
consoante a época. Para os crentes, porém, terá um significado extra: o
de aceitar que aquele Rei o é porque Deus assim o permitiu. Num país
onde existe liberdade de pensamento e liberdade religiosa, os crentes
estão no seu direito de assim pensar (em boa verdade podem pensar assim
mesmo na ausência da referida expressão). Naturalmente será algo difícil
de compreender por parte de um não crente mas ninguém o obriga a ver
essa expressão sob esse significado extra: podem ficar unicamente pela
questão da tradição, que já não é coisa pouca se for bem
analisada/compreendida.
Mais a mais esse título (se é que assim
se pode chamar) raramente é usado nas monarquias actuais, significando
que está claramente a cair em desuso. O exemplo mais óbvio será o do
ouro amoedado dos países onde S.M a Rainha Isabel II (repararam a
ausência do ‘título’ em questão?) reina. Nessas moedas ainda continua a
existir a expressão ‘Elizabeth II Dei Gra Regina’. A tradicional libra
de ouro é, possivelmente, o exemplo mais conhecido.
Esta questão acaba por se prender com o
facto da Monarquia fazer uma ponte entre o passado e o presente muitas
das vezes mantendo vivas tradições antigas (algumas das quais adaptadas
aos tempos modernos).
(continua …)
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