Os castelos e as fortalezas nacionais serão evocados a 7 de Outubro, um dia nacional que lhes é dedicado um pouco por todo o país. O presidente da Associação Portuguesa dos Amigos dos Castelos, Francisco Sousa Lobo, antecipa as comemorações e lembra que autarquias e escolas têm feito um trabalho local importante na valorização deste «precioso» património.
Ana Clara | terça-feira, 4 de Outubro de 2011
Francisco Sousa Lobo começa por lembrar que o Dia dos Castelos foi uma criação da Associação Portuguesa dos Amigos dos Castelos, «com a finalidade de evidenciar o mais emblemático património histórico construído no país».
Por isso, considera que «devemos olhar cada castelo ou cada fortaleza
como um cruzamento de culturas único que constitui o seu código
genético».
«Se formos capazes de criar um fascínio e um desejo das pessoas pela
história, pela geografia militar, pela arquitectura, pela paisagem
construída, contribuímos para que cada um de nós tome consciência da sua
própria identidade. As pedras ganham vida quando somos capazes de as
transformar na vasta informação cultural que elas guardam», acrescenta.
Para o responsável, o Dia dos Castelos constitui «um momento de
aproximação aos outros e às diversas culturas, uma atitude interior que
leva à construção das vivências comuns».
Francisco Sousa Lobo realça que a Associação Portuguesa dos Amigos dos
Castelos tem procurado, há mais de duas décadas, organizar a comemoração
com base em diferentes concelhos do país. «Por outro lado, nesse dia,
fazemos um esforço para envolver a comunicação social na divulgação
desta efeméride».
«Constatamos que as pequenas sementes que fomos lançando estão a
frutificar e cada vez há mais autarquias que, nesse dia, organizam uma
actividade em torno do seu castelo. Também as escolas e outras entidades
aderem, pouco a pouco, às comemorações», sublinha.
Para este ano, estão previstas várias iniciativas por todo o país. Além
da comemoração no concelho de Alandroal, com uma visita aos castelos de
Alandroal, Terena e Juromenha, também naquele concelho alentejano vai
ainda decorrer uma sessão solene e um convívio de índole cultural na
mesma fortaleza.
«Vamos ainda lançar junto dos Agrupamentos de Escolas do país um desafio
para estreitar a sua interacção com os castelos», conta Francisco Sousa
Lobo, que adianta que este é um projecto que se «baseia num concurso,
em vários níveis, que tem por objectivo aproximar de uma forma prática
os jovens das estruturas fortificadas».
«A este concurso serão admitidos trabalhos de fotografia, de maquetas,
entrevistas à população residente junto dos castelos, e textos
históricos», prossegue.
«Dar um grande passo em frente»:
Mas afinal o que se tem feito na preservação dos nossos
castelos? Segundo o presidente da Associação Portuguesa dos Amigos dos
Castelos, nas últimas décadas a extinta Direcção Geral dos Edifícios e
Monumentos Nacionais e o Instituto Gestão do Património Arquitectónico e
Arqueológico lançaram campanhas de obras de conservação de diversas
estruturas fortificadas, «à luz de critérios modernos de intervenção em
património».
Por outro lado, vinca Francisco Sousa Lobo, houve uma «descentralização
de responsabilidades, tendo as autarquias assumido um papel muito mais
interventivo, não só na manutenção e conservação das estruturas
fortificadas como na sua animação e valorização turística».
«Muitos municípios compreenderam que à sombra das muralhas podiam
realizar eventos que atraem os forasteiros e dinamizam e envolvem as
populações locais. As contas ainda não estão feitas porque a conservação
e manutenção das estruturas fortificadas só é económica com pequenas
equipas permanentes que evitam em todos os locais o início da ruína»,
explica.
Nesta área, «há que dar um grande passo em frente porque as direcções
regionais de cultura têm que ser capazes de articular o acompanhamento
técnico com o contributo em mão-de-obra das entidades no terreno». E
conclui, dizendo que a iniciativa privada pode desempenhar um papel
importante, «contribuindo para a sustentabilidade mediante o acordo de
contrapartidas».
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