Jornal “Diário do Minho” de 12 de Outubro, última pág.
Agora
que está na ordem do dia a redução do número de freguesias, venho
manifestar publicamente a minha discordância pela extinção de qualquer
uma.
Se
se chegar à conclusão de que devem ser extintas, então que o sejam
todas e fiquem só as Câmaras Municipais. Não se marginalizem nem se
abram guerrilhas entre as populações.
Se
o problema é financeiro, deixem de pagar aos presidentes das juntas e
respectivos vogais. Que o cargo seja exercido como foi durante muitos
anos, por participação cívica e não como agora, em que muitos viram
nesta forma mais um rendimento a acrescentar ao seu salário.
Não paguem senhas de presença nas Assembleias Municipais e Assembleias de Freguesia.
Para mim e para muito dos
meus conterrâneos, a freguesia onde residimos é um espaço que nos diz muito.
Nascemos,
fomos baptizados, fizemos a nossa 1.ª comunhão, crisma, profissão de
fé, casámos, e os nossos filhos também foram baptizados na nossa
lindíssima igreja paroquial. Frequentámos a escola primária da 1.ª à 4.ª
classe e foi a terra onde nasceram os nossos avós, pais, tios e irmãos.
Sou
o eleitor mais antigo da freguesia. Tenho o n.º 2. Não sei quantos
eleitores mais com este número existirão no concelho de Braga. E ainda
guardo o meu 1.º cartão de eleitor. O que possuo é o original de
Dezembro de 1978.
Na
época, realizámos o recenseamento eleitoral, sem a obtenção de qualquer
benefício financeiro e com trabalho voluntário e desinteressado.
Participávamos nas mesas eleitorais e não eram pagas.
Actualmente,
as pessoas são pagas, na câmara, na assembleia municipal, na junta de
freguesia, na assembleia, quando estes lugares deveriam ser única e
exclusivamente de participação cívica.
Certamente
que se for aprovado o óbito de alguma ou algumas freguesias, esses
concidadãos vão deixar de participar em actos eleitorais, como será o
meu caso, e na vida cívica.
Não vislumbramos o que é que o país ganhará com essa medida, a não ser alguma convulsão social.
Penso
até que a extinção de freguesias vai levar à famosa suspensão da
democracia e, mais tarde, como aconteceu com a criação de alguns
municípios, as populações vão lutar pela sua freguesia e será muito mau
que isso aconteça.
Deixem, nesta parte, estar como está, que parece que não está mal, a não ser o caso das remunerações, que devem ser cortadas.
Para finalizar, concordo plenamente com o aperfeiçoamento da gestão e da lei eleitoral.
Hernâni Monteiro, Merelim (São Paio)
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