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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

sábado, 26 de novembro de 2011

A LÍNGUA PORTUGUESA É A MINHA PÁTRIA

Não é engano e muito menos contraditório e ao inverter a frase coloco o ênfase na língua porque Pessoa ao afirmar “A minha pátria é a língua portuguesa” estava longe de imaginar que a sua amada língua seria adulterada e ultrajada da forma que hoje assume sob o nome de “Novo Acordo Ortográfico”. Evolução é crescimento não é humilhação. Apedrejaram a minha língua, tratam-na com tal propriedade que chega a parecer que temos de aprender a nossa própria língua. Sempre respeitámos as diferenças culturais de todos. O respeito que sempre pusemos na forma como a transmitidos deveria ser o mesmo com que nos deviam retribuir. Ao invés, temos que regredir na nossa língua enquanto outros aperfeiçoam . Temos de deixar de saber falar e escrever na nossa própria língua para que outros se sintam melhor no seu parco conhecimento. Sempre soubemos tolerar os estrangeirismos ainda que, actualmente, julgue, desnecessários porque a língua portuguesa é tão rica que não necessita de muitos acrescentos mas ainda assim sempre fomos tolerantes. E entenda-se que os mesmos entraram na nossa língua por força da modernidade, a descoberta de novas ideias e conceitos e também fruto da nossa experiência além mar, donde trouxemos um número muito significativo de novas palavras.

Começámos por aceitar a dupla grafia (vá-se lá saber porquê) e com isso apenas contribuímos para que o ensino no exterior fosse dúbio. Consoante a língua for ensinada por um professor português ou brasileiro assim o aluno aprenderá grafias diferentes. Um aluno timorense passará a escrever “óptimo” se o professor for português, mas se o professor for brasileiro escreverá “ótimo”... Agora, para além da dupla grafia preparamo-nos para desaprender a nossa língua.

Um povo que depende economicamente de outros não tem que depender também intelectualmente.

Muitas foram as palavras adoptadas ao longo do tempo na nossa língua por força do que importávamos (ideias incluídas) mas sempre tivemos a preocupação de as “aportuguesar”. Os neologismos não deixam de ser interessantes o que, na minha opinião, significa crescimento e riqueza. Agora adulterarmos as palavras é um caso muito diferente. Porque não posso escrever facto com "c" se eu o pronuncio. Tenho lá culpa que outros por força do seu sotaque o suprimam. Suprimam-no na linguagem falada mas nunca na escrita. Quando aprendi a ler e a escrever ensinaram-me desde logo que havia diferença entre a forma escrita e a forma falada. Recuso-me por isso a ultrajar a minha língua só porque outros não a sabem ou não querem escrever.

Reparem nos ingleses e franceses. Alguma destas línguas já fez um acordo ortográfico? Não creio que tenham tido alguma vez essa preocupação. No entanto, em Inglaterra fala-se inglês e em França fala-se francês sem quaisquer alterações à forma original. A forma como se falam estas línguas no mundo parece não alterar a raíz. E no entanto, tal como a língua portuguesa, é na origem que tem o menor número de falantes...

O objectivo do novo Acordo Ortográfico, dizem, é criar um padrão único para fortalecer a língua portuguesa no mundo. Pois bem, acabem com a dupla grafia (que é um perfeito disparate) e imprimam mais rigor no ensino da língua além fronteiras e criem-se mecanismos para a divulgação da língua portuguesa a nível global.
Se se considerava importante que todos os países lusófonos tivessem uma mesma ortografia então porque não adoptaram a língua mãe. “És filha de Portugal e Mãe de muitas nações” - parece-me lógico (pelo menos a mim) que o aluno aprenda com o mestre.

Talvez se tivessem pensado ao contrário teríamos posto toda a gente a escrever muito melhor. Ou seja, se tivessem ouvido os que utilizam a língua ao invés dos que se limitam a estudar os seus fenómenos, o resultado teria sido, inevitavelmente, o oposto.

A supressão de certos acentos só vem dar razão aqueles que nunca souberam acentuar uma palavra. Faz lembrar as “Novas Oportunidades” onde se premeia (perdoem-me as tais excepções) a preguiça e se incentiva a ignorância.

Como vou diferenciar "pára" (verbo) de "para" (preposição) ? A falar os sons são diferentes mas quando os tiver que escrever terei que ter o cuidado de explicar cuidadosamente qual das palavras pretendo dizer. Por exemplo, se estiver a escrever um diálogo e quiser dizer – Pára! Tenho que escrever – Para! E acrescentar à frente (do verbo parar...). Ridículo no mínimo.

Como vou homenagear os grandes homens ? Não poderei dizer homem com H grande e passarei a chamar-lhes omens sem H ! Ah! Não se assustem! Pelo menos para já, é certo que esta palavra mantém o H mas com o passar dos tempos e se a moda pega ...

Segundo pude compreender, tratava-se da uniformização da grafia e não da língua portuguesa., contudo as alterações introduzidas não são universais, isto é, alteram-se determinadas grafias no Brasil e outra determinada grafia em Portugal – não vejo pois unificação de critérios.

Diz-se ainda que um acordo desta natureza implica a dimensão histórica, política, ideológica e económica dos países envolvidos. Procura-se, a todo o custo, o respeito pela diferença de culturas assumindo a igualdade de critérios. Eu pergunto, qual igualdade ? Nós, portugueses abdicamos de cerca de 1,6% do vocabulário e os brasileiros alteram apenas 0,5% - onde está a igualdade ? E se se alteram grafias para adequar às especificidades culturais, quem respeita a origem e berço da língua ?

E quem se preocupou com a especificidade da cultura africana ? Então e os timorenses vão adoptar a grafia portuguesa ou a brasileira ? Sim, porque não se lembraram de criar a grafia cabo-verdiana ou angolana ou moçambicana …E muito menos timorense …

A título de curiosidade, note-se que no final da redacção do Acordo Ortográfico pode ler-se registro público. Afinal escrevemos registo ou registro ? Se o acordo foi redigido e assinado em Lisboa não se deveria ter escrito de acordo com a ortografia portuguesa ??

Se os símbolos da minha nação são a bandeira, o hino e a língua, parece-me legítimo questionar se alguém conjurar contra um deles comete um crime contra a pátria. Que diferença existe entre alguém que espezinha a bandeira e aquele que ultraja a língua? Se num caso é crime no outro também deve ser... E o Padre António Vieira, por este andar bem pode continuar à espera do V Império, passará a constar na história não como o Imperador da Língua Portuguesa mas como Cônsul da Grafia Portuguesa.

Se consideramos a língua portuguesa como o mais significativo elo que a todos une, este acordo será por certo o elemento de desunião entre todos aqueles que por mais de quinhentos anos souberam e honraram o seu verdadeiro significado.

Onde estão os amantes da língua portuguesa? Escondidos atrás do Acordo Ortográfico? Por certo acocorados.

Todo este disparate só aconteceu porque três dos oito membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), ratificaram as regras gramaticais do documento proposto em 1990. Não deixa de ser curioso esta modernice de dar às minorias a possibilidade de subjugar a maioria. Estou farta da ditadura das minorias. Aprovam leis, fazem-se referendos quase sempre em nome das minorias. Que foi feito da equidade e da tão falada democracia? Sou eu que estou confusa ou impingiram-nos que num universo de oito, três são a maioria?? Só encontro na história paralelo na Idade Média. E se pensarmos melhor veremos que hoje não queimamos os livros mas serão igualmente destruídos se se editarem outros de acordo com novas regras... Já alguém imaginou os Lusíadas revistos à luz do novo acordo ortográfico? Que faremos nós à nossas bibliotecas ? Obsoletas, passarão a museus?!

E se "vox populi, vox Dei"* : "quem nasce torto tarde ou nunca se endireita" – este acordo, espero, ficará para a história como um nado-morto.

* - Para os defensores do novo acordo ortográfico que por certo ficarão arrepiados pelo uso do latim (talvez também não saibam o seu significado) – a voz do povo é a voz de Deus.

Por trinta dinheiros Judas entregou Jesus. Por muitas moedas de ouro quis o Papa reconhecer Portugal como nação independente e por muitos milhares de milhões terão alguns estropiado uma das mais antigas línguas, senão a mais bela. Porém, Jesus cumpriu a sua missão: Portugal tornou-se uma nação independente e espero que a língua portuguesa se liberte dos escolhos e se afirme como língua universal., mantendo a sua identidade.
Importamos quase tudo, toleramos tudo, aceitamos todos , demos tudo mas não me tiram a língua porque é nela que se escreve SAUDADE e FADO. Também se escreve PESSOA e CAMÕES e nela já se escreveu o MUNDO.

Não me peçam que aceite quem pensa de maneira diferente porque isso seria aceitar a infâmia que contra a minha pátria se abate. Quem insulta a minha língua, insulta a minha pátria e quem o faz se não puder pela Lei ser julgado que o seja pela Consciência dos Homens condenado.

A mim ninguém me põe a albarda em cima e por isso continuarei a escrever na língua que Deus e a Pátria me deram.

"Oh gente da minha terra" "levantem-se que é hora!".

Dina Lapa de Campos
14 de Novembro de 2011

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