Não entendo como é possível a um povo e à
sua respectiva língua – que já conta perto de novecentos anos de
história e subsequente cultura tão farta e categoricamente inolvidável
–, ver-se confrontado com a perspectiva de, por uma lei inusitada, ter
de se subjugar aos caprichos prematuramente impostos por uma outra
Nação, “irmã” que seja, hipoteticamente detentora de um rácio
económico-financeiro que a poderá levar a ser no futuro, mesmo próximo
que seja, uma superpotência a nível mundial.
Para além de tal “etiqueta” nada
significar para a grande maioria do povo desse país – que continuará a
viver nas grandes (imensas) cidades em condições infra-humanas –, ela
nunca deveria ser ponta de lança para nos impôr regras na língua que é
nossa, e sempre será de pleno direito.
A questão é demasiado simples: um país,
que nasceu como tal, há cerca de duzentos anos, não tem nem nunca
conseguirá sentir o saudável e heróico peso da história, acumulada em
séculos e séculos de vida própria e de convivência com os mais diversos
povos – tais como celtas, hebreus, cartagineses, gregos, romanos,
visigodos, árabes; só para mencionar os mais conhecidos – de modo a
interiorizar os ensinamentos recolhidos em todas essas gerações. Só nós
próprios, portugueses, o conseguimos fazer, pese embora a eloquência da
Nação a que me referi nas anteriores linhas.
A perda de parte da nossa identidade
cultural e linguística, mais uma vez, será enorme; e desta feita por
razões completamente disparatadas, postoque será sem efeito causal.
Após a tomada de posse deste novo
governo, resultante do plebiscito então efectuado, mantive a esperança
de que algo seria feito para obviar a este “desastre”. Enganei-me
redondamente: parece que nada pode acordar o sedado patriotismo das
“gentes” que a tudo deveriam estar dispostas para defender a honrosa
“Causa Portuguesa”. Para mim, quanto ao actual executivo, fica esta
enorme “pedra no sapato”, que me fere enquanto caminho, sempre na dúvida
se algo de positivo não poderia ter sido feito.
Pena não conseguir chegar mais longe
neste lamento que aqui deixo, tanto mais que estou consciente de que ele
espalha quantos outros lamentos de portugueses que sentem correr nas
veias o sangue deste Portugal que se desvanece.
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