O
filho de Henrique de Borgonha e de Teresa, bastarda de Afonso VI de
Leão, nasce em Coimbra e passa a infância e a adolescência nas terras do
Condado Portucalense, sendo educado por representantes de uma nobreza
regional que, desde o reinado de Fernando Magno, se encontrava animada
por um forte sentimento de autonomia em relação à monarquia leonesa.
É
essa nobreza, apoiante e colaboradora da política separatista
desenvolvida durante o governo do conde Henrique, que fará do jovem
Afonso, armado cavaleiro aos treze anos na Catedral de Zamora, o
elemento congregador e legitimiador da sua rebelião contra o governo de
Teresa, adepta de uma estratégia autonomista, envolvendo a aliança com
os nobres galegos, os quais, progressivamente, ganharam no Condado um
peso político considerado ameaçador.
Após
a batalha de S. Mamede, contra os partidários da política galega,
Afonso Henriques inicia o governo do Condado com o apoio imprescindível
do partido portucalense, cujos elementos serão, no futuro, largamente
recompensados.
O
período de 1128 a 1138 é marcado pelas hostilidades contra o rei de
Leão, Afonso VII, que tenta contrariar os projectos expansionistas e
independentistas do primo e pela repressão de revoltas internas, como a
protagonizada pelo nobre galego Bermudo Peres de Trava na beira.
A
ocorrência de confrontos na fronteira islâmica obriga Afonso a
abandonar a frente setrentional, pelo que assina um tratado de tréguas
com Afonso VII (Paz de Tui», no qual promete obediência ao primo, que,
desde 1135 se intitulava imperador de Espanha.
Em
1139, numa acção simultânea com o imperador, que empreende uma campanha
pela fronteira de Toledo e conquista Oreja, Afonso alcança uma vitória
sobre os mouros em Ourique, passando, a partir daí, a intitular-se rei
de Portugal.
Contudo, os primeiros anos da década de 40 são ainda marcados por focos de instabilidade: lutas com Leão e incursões islâmicas.
Só
com o Tratado de Zamora de 1143, pelo qual o imperador reconhece a
realeza do primo, é que o primeiro rei de Portugal pode orientar a sua
política de expansão territorial para sul, ao mesmo tempo que,
declarando-se vassalo directo da Santa Sé, procurava o reconhecimento
internacional do novo reino.
Nos
dias de hoje, assinam-se tratados e mais tratados que nos fazem perder a
autonomia e a independência, que nos obrigam a uma governação estranha,
de duas pessoas que parecem morrer de amores, mas que, ao primeiro
sinal de «perigo» se agridirão violentamente e farão com que sejamos
nós, os países mais pequenos e quase sem autonomia ou independência, a
sofrer as graves consequências do seu desentendimento.
E
é neste ambiente europeu, governado pela parelha franco-alemã, a que
alguns designam de eixo, que os nossos abençoados governantes exigem
cada vez mais dos pobre fabiano, porque os senhores, no caso senhor e
senhora, assim decidiram dever ser.
Algum
português de bom senso pode ter confiança em semelhantes políticos e
políticas impostas pelo tal eixo franco-alemão, que têm conduzido os
portugueses à miséria?
Fonte: Um Povo à Rasca
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