"(…)
o episódio do Porto ressuscita, e no pior momento, o velho homem de
Boliqueime, com a sua arrogância, a sua cegueira e a sua habitual
hipocrisia. Ele quer ser um de nós. Não é. E não é, para começar, porque
é Presidente da República e o Presidente da República tem privilégios
que nenhum português normal tem ou imagina. Cavaco renunciou ao
vencimento de lei (à volta de 6 mil euros por mês), que ficava longe do
tal das pensões (10 mil euros por mês). Mas não renunciou, nem podia
renunciar, aos privilégios do cargo. Transportes de graça, viagens de
graça e o uso gratuito dos serviços de Belém, desde uma secretária
particular e uma cozinha tolerável a um médico em assistência
permanente. Quanto vale isto? Vale muito, embora o dr. Cavaco não pareça
perceber ou goste de reconhecer. E mais do que isso: quando acabar o
seu último mandato ficará para sempre (à custa do Estado) com um
gabinete, algum pessoal e uns tantos carros à sua exclusiva disposição.
Que o Presidente da República esqueça quem é a benefício da populaça e
uma dose obscena da mais baixa demagogia de rua é uma vergonha nacional.
Ne chassez pas la nature, elle revient au galop."
Vasco Pulido Valente, O Presidente em crise [Público]
"O homem que inúmeras vezes apareceu
perante os portugueses exigindo que se falasse verdade não falou
verdade. O homem que afirmou solenemente que quem o acusava de condutas
menos próprias na condução de alguns negócios particulares teria de
nascer dez vezes para ser mais sério do que ele não foi sério.
Deliberadamente, escondeu uma parte do que ganha. E não foi sério quando
disse que não sabia quanto seria o valor total das suas pensões. O
homem frontal, que faz gala de que a sua vida seja um livro aberto,
omitiu. Omitiu ou disse uma meia-verdade, que como toda a gente sabe é
sempre uma redonda mentira, quando, sem um pingo de vergonha, fingiu ter
de livre e espontânea vontade prescindido do seu salário como
Presidente da República. Todos nós sabemos que lhe estava vedado por lei
acumular as suas pensões com esse salário. Decidiu omitir que a escolha
que fez foi entre receber cerca de dez mil euros mensais das reformas
ou aproximadamente sete mil de salário."
Pedro Marques Lopes, Então e a verdade?
publicado por Pedro Quartin Graça em Estado Sentido
Sem comentários:
Enviar um comentário