Já não só os angolanos que se demarcam, ou os moçambicanos. Ou até os macaenses. Sem excluir os próprios brasileiros.
Por cá também já se perdeu de vez o
respeitinho pelo Acordo Ortográfico. Todos os dias surge a confirmação
de que não existe o consenso social mínimo em torno deste assunto.
São os principais colunistas e
opinadores da imprensa portuguesa. Pessoas como Anselmo Borges,
António-Pedro Vasconcelos, Baptista-Bastos, Frei Bento Domingues,
Eduardo Dâmaso, Helena Garrido, Inês Pedrosa, Jaime Nogueira Pinto, João
Miguel Tavares, João Paulo Guerra, João Pereira Coutinho, Joel Neto,
José Cutileiro, José Pacheco Pereira, Luís Filipe Borges, Manuel António
Pina, Manuel S. Fonseca, Maria Filomena Mónica, Miguel Esteves Cardoso,
Miguel Sousa Tavares, Nuno Rogeiro, Pedro Lomba, Pedro Mexia, Pedro
Santos Guerreiro, Ricardo Araújo Pereira, Vasco Pulido Valente e Vicente
Jorge Silva.
É o ex-líder socialista, Francisco Assis, que se pronuncia sem complexos contra este «notório empobrecimento da língua portuguesa».
É o encenador Ricardo Pais, sem papas na língua.
É José Gil, um dos mais prestigiados pensadores portugueses, a classificá-lo, com toda a propriedade, de «néscio e grosseiro».
É a Faculdade de Letras de Lisboa que recusa igualmente impor o acordo. Que só gera desacordo.
Um acordo que pretende fixar norma
contra a etimologia, ao contrário do que sucede com a esmagadora maioria
das línguas cultas. Um acordo que pretende unificar a ortografia,
tornando-a afinal ainda mais díspar e confusa. Um acordo que pretende
congregar mas que só divide. Um acordo que está condenado a tornar-se
letra morta -- no todo ou em parte. Depende apenas de cada um de nós.
por Pedro Correia | 17.02.12
Sem comentários:
Enviar um comentário