Sinto que qualquer coisa nos empurra para uma mudança. Não pedimos sangue nem violência, não queremos ajustes de contas nem pretendemos que os homens de bem sejam molestados ou impedidos de servir a pátria, o Estado e a sociedade com o que de melhor possuem. Ainda ontem pela noite, recém-chegado a casa após longa conversa com um oficial do exército que me desabafara o extremo cansaço por tanta vulgaridade, incompetência e abandono, recebi um telefonema de um velho amigo que não vejo há mais de dez anos. Vive em Braga e ali é professor na universidade. Um bom jurista, absolutamente independente, já não vota e situou-se durante décadas no centro-esquerda, isto é, na grande área do rotativismo. Agora, exausto, aceitou finalmente a possibilidade da monarquia.
Sosseguem os
republicanos e todos os amantes da liberdade, pois nós não somos como
os homens do 5 de Outubro: nós não recorreremos a pistoleiros e
bombistas, não assassinaremos Chefes-de-Estado, não armaremos paisanos,
não faremos tábua-rasa de resultados eleitorais, não faremos medições
frenológicas nem desterraremos opositores, não teremos prisões
privativas nem juízes nomeados pelo governo, não faremos assaltos à
imprensa livre, não viciaremos resultados eleitorais, não proibiremos
partidos políticos, não empurraremos ninguém para o exílio, não
lançaremos a polícia sobre os sindicatos, não teremos Olímpios nem
Camionetas Fantasma.
Se
a Restauração vier, virá para aprofundar a liberdade e a união de
todos os portugueses. Foram cem anos perdidos, de bagunça seguida de
ditadura e ditadura seguida de bagunça. As pessoas sabem que a coisa
está por um fio e antes nós - essa maioria silenciosa que esperou e
começa a despertar - que a violência do povo à solta, entregue às
paixões irracionais do saque e da vingança. Mudaremos em paz, com
todos, com as leis, os tribunais e a ordem, com as liberdades civis e
políticas respeitadas.
Que venha, pois, o tal REFERENDO. Aqui estaremos para dar voz ao povo e a Portugal, que de tanto esperar, chegou a isto.
Miguel Castelo-Branco
Fonte: Combustões
Olá,
ResponderEliminarEscrevo do Brasil. Estou baixando sua gravura da bandeira para mandar imprimir e fazer um adesivo para por no meu carro (auto, é como vocês dizem aí, não?) Vou mandar fazer dois: um da nossa bandeira monárquica, e outro, da de vocês. Pelo Reino de Portugal e pelo Império do Brasil. Somos nações irmãs.
Saudações amistosas,
Beatriz.