Fiquei arrependido por me ter remetido à assistência, não me juntando ao meu irmão
em defesa do posicionamento dos monárquicos portugueses. O debate mal
chegou a sê-lo e a inexperiência do painel era flagrante, ponto
fundamental que deixou o Miguel impaciente, especialmente quando eram
quebradas as regras mínimas da civilidade. Bem conheço as suas
expressões de aborrecimento ou de incómodo, não conseguindo
disfarçá-las.
O actual Chefe do Estado foi o bode
expiatório para todos os males que afligem a nação e não sendo eu um
suspeito de seguidismo no que respeita ao Prof. Cavaco Silva e seus
apoiantes, fiquei perplexo com a virulência dos ataques pessoais que
alternavam entre a assistência e o próprio campo afecto à defesa da
República. "O Cavaco", "o Aníbal, "o Silva", consistiram nas expressões
mais frequentes, preferindo não deixar aqui por escrito outras bem mais
cortantes e impublicáveis. Ao meu lado, duas raparigas declaradamente
pró-Monarquia comentavam as intervenções, desabafando uma delas ..."se
eles dizem isso do Presidente da República, imagina o que nós poderíamos
dizer!"
Precisamente, este é o ponto fundamental. Nós não o faremos. Em sucessivos posts
neste blog, bastas vezes fui severíssimo com o actual Chefe do Estado,
contestando atitudes, verberando a péssima política prosseguida durante o
seu consulado em S. Bento, ou apontando a dedo o seu círculo de amigos.
Debalde procurarão entre tudo o que escrevi, ataques pessoais que se
imiscuam na sua vida privada, ou qualquer tipo de disparatado desprezo
pela sua origem social, aspecto que por regra é invocado pelo chamado
núcleo cavaquista, na ilusão de um pretenso nivelamento sem pés nem
cabeça.
Há uns dias e após a cerimónia da atribuição da Ordem de Mérito à
Infanta D. Maria Adelaide, um parente de S.A.R. o Duque de Bragança,
advertia-me quanto ao ..."perigoso momento que o país vive (sendo)
imprescindível que do nosso lado, não haja qualquer tipo de participação
em campanhas pessoais, indecências ou faltas de respeito. Não faremos
aquilo que os republicanos fizeram a D. Carlos e à Rainha. Nem pensar!
Não lhe parece?"
Este foi o desabafo que consiste numa
clara directiva que "vem de cima". Os republicanos afanam-se em esmagar a
reputação do seu Presidente, não olhando a meios para obter a sua mais
que improvável queda. No debate Monarquia-República, estiveram presentes
dois políticos republicanos, um deles pertencente à escassa "maioria
presidencial". Nem um queixume, nem uma única admoestação que procurasse
moderar os ânimos dos mais exaltados anti-cavaquistas tinto-verde.
Nada. Permaneceram plácidos, saboreando a coisa que decerto lhes terá
dado farto gozo e chegando um deles ao ponto de sugerir que ..."em vez
de os monárquicos andarem a recolher assinaturas para a mudança do
regime, seria melhor fazerem-no para exigir a demissão do Presidente".
Assim mesmo, foi o que se disse, remetendo-nos para os tempos em que o
antepassado de um dos actuais partidos rotativos, o Partido
Progressista, por mau hábito recorria aos republicanos como arma de
arremesso no jogo político. Não cometeremos tal erro e se os
sustentáculos do regime, deste se pretendem desembaraçar, então que o
façam como tão bem aprenderam durante as décadas que antecederam os
acontecimentos de 1908-10.
Connosco não poderão contar. Haja decência. Como poderão verificar, o tipo de esclarecimento que o meu irmão transmite no video que aqui deixamos, é a mensagem que mais importa.
publicado por Nuno Castelo-Branco em Estado Sentido
Breve balanço do debate do passado dia 3 de Fevereiro, no FRAGIL, em Lisboa
No passado dia 3, debateu-se se Portugal devia ou não ter uma Monarquia.
Quero antes de mais, dar os sinceros
parabéns aos organizadores, que fizeram um notável trabalho ao organizar
um serão que foi bastante agradável, onde deu para rever até alguns
amigos que já não via há algum tempo.
Indo para o debate concretamente dito, a
primeira reacção que se pode ter ao me lembrar dos republicanos que lá
foram para debater e que acabaram por ser mais do mesmo, isto é,
reportando-se ao passado para justificar a actualidade e pouco ou nada
disseram sobre o projecto a que chamaria de Portugal. Foram para
cavaquear, dizer disparates, e ás tantas, o lado republicano, parecia
mais um pequeno bando de papagaios, sem argumentos que justificassem,
mesmo, a continuação da República.
Do lado Monárquico, levou-se o debate bem
a sério, com um enorme sentido de patriotismo. Grande preocupação com o
futuro e por isso mesmo, com argumentos fortes, audazes, e sempre numa
perspectiva de seriedade e respeito, não só pelo lado republicano (mais
do que o contrário) e pela assistência numerosa.
Verdadeiramente, o lado republicano foi
incapaz de defender um argumento sério na defesa da república. E
chega-me à conclusão de que, como estão, ainda, com as costas quentes,
vale tudo, inclusivé procurar ridicularizar a importância do debate, que
vai, certamente, continuar.
Do lado monárquico, foi-se sobretudo bem
realista, bem atento ao que se passa actualmente em Portugal e estou
convicto de que temos argumentos de sobra para, ao contrário do que
disse um dos republicanos, de vencermos este regime caduco e fora de
prazo.
Viva o Rei!
David Garcia em Real PortugalVer restantes intervenções AQUI
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