Por Victor Santos Carvalho (Jornal de
Angola)
"O meu país, Angola, tem, por opção e não por imposição, o orgulho de
ter a Língua Portuguesa como língua oficial e de escolaridade. Uma língua que, a
par de
outras línguas africanas, é património de todos os angolanos que a falam,
independentemente do facto de a terem adquirido como primeira ou segunda
língua. Angola assinou o novo acordo ortográfico, mas, por razões de ordem,
essencialmente, científica e cultural, ainda não o ratificou e tem todo o
direito de querer voltar a discuti-lo, pelo facto de, em alguns aspectos, não se
rever nele. De nenhum modo terá de ser obrigado a consumi-lo, tal como, no seu
todo, o mesmo se apresenta. Moçambique também não ratificou o novo acordo
ortográfico e há outros países africanos de expressão portuguesa que, apesar de
o terem feito, juridicamente, ainda vão a tempo de reponderar sobre determinados
aspectos. Em Portugal, por exemplo, o novo acordo ortográfico terá,
oficialmente, de conviver com o antigo, pelo menos, até 2015. Assim sendo, o
acordo ortográfico de 1945 mantém-se ainda em vigor.
O novo acordo, para ser
validado e dignificado, terá de ser rectificado para não conviver com
resistências de todo o tipo. Terá de entrar, em cada país, pela porta grande da
frente e nunca, sorrateiramente, pela porta pequena dos fundos. Para tal, se
torna necessário que todos os países participem dele, para que todos os países
se revejam no mesmo, já que a língua portuguesa é de todos os países membros,
que compõem a CPLP.
Angola e os outros países africanos de expressão
portuguesa, bem como ainda Timor Leste, não têm de ser usados como caixa de
ressonância de problemas que não lhes dizem respeito, nem, tão pouco, terão de
ser sujeitos a imposições sub-reptícias de tipo neocolonial, sob o protesto da
necessidade de uma unificação linguística, que, como todos sabemos, não passa,
desde o início, de um falso pressuposto.
Face aos embaraços constatados no
novo acordo, não só em Angola, mas também em Portugal, no Brasil e em outros
países da Comunidade, só os asnáticos fogem para a frente e procuram impor pela
força o que não conseguem convencer pelo uso da argumentação. O jeitinho do
“tomem lá o Acordo e não piem”, é uma forma muito pouco urbana, democrática e
sensata de tentar resolver o problema. Assim, dificilmente, em português, seremos
capazes de nos entender."
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