A 25 de Julho
na festa de S. Tiago Apóstolo, no undécimo ano do seu reinado, o mesmo
rei D. Afonso travou uma grande batalha com o rei dos Sarracenos, de
nome Esmar, num lugar que se chama Ourique. Efectivamente aquele rei dos
Sarracenos, conhecendo a coragem e a audácia do rei D. Afonso, e vendo
que ele frequentemente entrava na terra dos Sarracenos fazendo grandes
depredações e vexava grandemente os seus domínios, quis; se fazê-lo
pudesse, travar batalha com ele e encontrá-lo incauto e despercebido em
qualquer parte. Por isso uma vez, quando o rei D. Afonso com o seu
exército entrava por terra dos Sarracenos e estava no coração das suas
terras, o rei sarraceno Esmar, tendo congregado grande número de Mouros
de além-mar, que trouxera consigo e daqueles que moravam aquém-mar, no
termo de Sevilha, de Badajoz, de Elvas, de Évora, de Beja e de todos os
castelos até Santarém, veio ao encontro dele para o atacar, confiando no
seu valor e no grande número do seu exército, pois mais numerosos era
ainda pela presença aí das mulheres que combatiam à laia de amazonas,
como depois se provou por aquelas que no fim se encontraram mortas. Como
o rei D. Afonso estivesse com alguns dos seus acampado num promontório
foi cercado e bloqueado de todos os lados pelos Sarracenos de manhã até à
noite. Como estes quisessem atacar e invadir o acampamento dos
cristãos, alguns soldados escolhidos destes investiram com eles
(Sarracenos), combatendo valorosamente, expulsaram-nos do acampamento,
fizeram neles grande carnificina e separaram-nos. Como o rei Esmar visse
isto, isto é, o valor dos Cristãos, e porque estes estavam preparados
mais para vencer ou morrer do que para fugir, ele próprio se pôs em fuga
e todos os que estavam com ele, e toda aquela multidão de infiéis foi
aniquilada e dispersa quer pela matança quer pela fuga. Também o rei
deles fugiu vencido, tendo sido preso ali um seu sobrinho e neto do rei
Ali, de nome Omar Atagor.
Com muitos
homens mortos também da sua parte, D. Afonso, com a ajuda da graça de
Deus, alcançou um grande triunfo dos seus inimigos, e, desde aquela
ocasião, a força e a audácia dos Sarracenos enfraqueceu muitíssimo.
" 1139 - A Batalha de Ourique, segundo a Crónica dos Godos:
" A vitória de Ourique tem consequências de monta. Sobretudo consequências morais - o nosso rei parece ter-se atribuído a seguir a esta batalha o título de Rei, título que muitos lhe dão, aliás, desde 1128 , tanto aqui como além-fronteiras. É de 1139 ou de 1140 ( as dúvidas subsistem ) o primeiro documento em que a si próprio concede tal designação "
João Ameal, « História de Portugal »
É, pois, sob a égide de dois Santos católicos que se travam as duas grandes batalhas que iriam ditar o nascimento da nova nação peninsular: S. João, a 24 de Junho, dia da Batalha de S. Mamede, e S. Tiago, nesse já longínquo 25 de Julho.
Era de 1177 [= 1139]: A 25 de Julho na festa de S. Tiago Apóstolo, no
undécimo ano do seu reinado, o mesmo rei D. Afonso travou uma grande
batalha com o rei dos Sarracenos, de nome Esmar, num lugar que se chama
Ourique. Efectivamente aquele rei dos Sarracenos, conhecendo a coragem e
a audácia do rei D. Afonso, e vendo que ele frequentemente
entrava na terra dos Sarracenos fazendo grandes depredações e vexava
grandemente os seus domínios, quis; se fazê-lo pudesse, travar batalha
com ele e encontrá-lo incauto e despercebido em qualquer parte. Por isso
uma vez, quando o rei D. Afonso com o seu exército entrava por terra
dos Sarracenos e estava no coração das suas terras, o rei sarraceno
Esmar, tendo congregado grande número de Mouros de além-mar, que
trouxera consigo e daqueles que moravam aquém-mar, no termo de Sevilha,
de Badajoz, de Elvas, de Évora, de Beja e de todos os castelos até
Santarém, veio ao encontro dele para o atacar, confiando no seu valor e
no grande número do seu exército, pois mais numerosos era ainda pela
presença aí das mulheres que combatiam à laia de amazonas, como depois
se provou por aquelas que no fim se encontraram mortas. Como o rei D.
Afonso estivesse com alguns dos seus acampado num promontório foi
cercado e bloqueado de todos os lados pelos Sarracenos de manhã até à
noite. Como estes quisessem atacar e invadir o acampamento dos cristãos,
alguns soldados escolhidos destes investiram com eles (Sarracenos),
combatendo valorosamente, expulsaram-nos do acampamento, fizeram neles
grande carnificina e separaram-nos. Como o rei Esmar visse isto, isto é,
o valor dos Cristãos, e porque estes estavam preparados mais para
vencer ou morrer do que para fugir, ele próprio se pôs em fuga e todos
os que estavam com ele, e toda aquela multidão de infiéis foi aniquilada
e dispersa quer pela matança quer pela fuga. Também o rei deles fugiu
vencido, tendo sido preso ali um seu sobrinho e neto do rei Ali, de nome
Omar Atagor."
" A vitória de Ourique tem consequências de monta. Sobretudo consequências morais - o nosso rei parece ter-se atribuído a seguir a esta batalha o título de Rei, título que muitos lhe dão, aliás, desde 1128 , tanto aqui como além-fronteiras. É de 1139 ou de 1140 ( as dúvidas subsistem ) o primeiro documento em que a si próprio concede tal designação "
É, pois, sob a égide de dois Santos católicos que se travam as duas grandes batalhas que iriam ditar o nascimento da nova nação peninsular: S. João, a 24 de Junho, dia da Batalha de S. Mamede, e S. Tiago, nesse já longínquo 25 de Julho.
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