A mais antiga locomotiva existente na Península Ibérica, conhecida entre
os ferroviários pelo nome carinhoso de «Andorinha», está em vias de ser
deslocada da região onde trabalhou mais de cem anos, para o sul. O alerta é de
um grupo de ferroviários aposentados, que se opõem a esta decisão numa
carta-aberta intitulada «Querem espoliar o Norte das suas relíquias
ferroviárias».
Os signatários afirmam que esta locomotiva e outro património que poderá
abandonar Nine, em Famalicão, deverá permanecer no Minho «exactamente como os
quadros de Grão Vasco devem continuar na Igreja de Tarouca ou no Museu Grão
Vasco de Viseu, bem como os Painéis de S. Vicente, de Nuno Gonçalves, em
Lisboa», argumentando que se trata de uma «mais-valia imprescindível para
impulsionar a economia local e regional, no âmbito do turismo, ao diversificar
a oferta cultural».
A locomotiva a vapor 02049, a "Andorinha"
A cocheira de locomotivas a vapor de Nine.
A locomotiva a vapor 02049,
a "Andorinha", não é só a mais antiga
locomotiva em Portugal como na Península Ibérica.
Viajamos em composições que Lisboa já não quer, fecham-nos as linhas de
caminho-de-ferro – o caso do Douro é um crime que lesa toda a região Norte –
inundam-nos os vales com água para servir interesses corporativos que
prejudicam as populações locais, como no Tua, e levam-nos agora o património
histórico ferroviário para outras paragens, privando-nos da nossa própria
memória.
Vem isto a propósito de uma carta aberta, assinada por um grupo de
ferroviários aposentados, mas não inertes, em que constam nomes que estiveram
na direcção da CP no Norte do país quando nesta região havia autonomia
ferroviária, manifestando-se contra o esbulho patrimonial de relíquias
ferroviárias regionais, ilustrada por duas fotos tiradas em tempos que já lá
vão.
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