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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

terça-feira, 6 de novembro de 2012

DIA CONSAGRADO AO SANTO CONDESTÁVEL D. NUNO DE SANTA MARIA ÁLVARES PEREIRA



Nuno Álvares Pereira, também conhecido como o Santo Condestável, Beato São Nuno de Santa Maria ou simplesmente Nun´Álvares (nascido em Cernache de Bonjardim, Sertã, em 24.6.1360, e falecido em 1.4.1431 no Convento do Carmo, Lisboa), foi um nobre e guerreiro português do século XIV que desempenhou um papel fundamental na crise de 1383-1385, onde Portugal jogou a sua independência contra Castela. Nuno Álvares Pereira foi também 2.º Conde de Arraiolos, 7.º Conde de Barcelos e 3.º Conde de Ourém, tendo chegado a Condestável do Exército Português, cargo que hoje equivale ao de Ministro da Defesa, e faleceu com fama de Santo da Ordem do Carmelo. Nuno Álvares Pereira foi um dos dez filhos de D. Álvaro Gonçalves Pereira, Prior da Ordem do Hospital com sede no Convento da Flor da Rosa, Crato, e de D. Íria Gonçalves do Carvalhal, filha de fidalgo. O jovem cresceu na casa do seu pai, na Flor da Rosa, onde viveu até aos 13 anos, tendo aprendido as artes militares e onde ganhou gosto pela leitura, sobretudo pelos livros de Cavalaria “onde a pureza era a virtude que tornara invencíveis os heróis da Távola Redonda”, e assim desejou para si “que a sua alma e corpo se conservassem imaculados”. Sonhou e confessou a sua mãe que também iria ser um Cavaleiro do Santo Graal, que O iria demandar, conquistar e depor no Altar da Pátria Lusitana. Isto confessou a sua mãe, que passou a chamá-lo de “o meu Galaaz”, este o herói da Távola Redonda que, segundo a narrativa, conseguiu apossar-se da Taça Sagrada, sabendo-se que Galaaz é apodo do próprio Cristo.

Com essa idade de 13 anos entrou para a corte do rei do D. Fernando I, onde foi feito cavaleiro com uma armadura emprestada por D. João, Mestre da Ordem de Avis. Aos 16 anos, em 15.8.1376, casou-se em Vila Nova da Rainha, Azambuja, com D. Leonor Alvim, fidalga do Minho que enviuvara muito cedo e não tinha filhos. O casamento fora arranjado pelo rei e por D. Álvaro Pereira, a contragosto do filho que não queria casar. Do matrimónio nasceram dois filhos que morreram durante o parto, e uma filha, Beatriz. A mãe não resistiu aos problemas do parto e morreu pouco tempo depois do nascimento da filha, em Janeiro de 1388. D. Nuno Álvares Pereira entregou esta aos cuidados da avó, D. Íria Gonçalves. D. Beatriz casou em 1.11.1401 no Paço de Frielas, Loures, com D. Afonso, filho bastardo de D. João I e 1.º Duque de Bragança, Casa esta que iria ter papel determinante em vários períodos da História de Portugal e mesmo do Brasil Império.

Quando o rei D. Fernando I morreu em 1383, sem herdeiros a não ser a princesa D. Beatriz, casada com o rei D. João I de Castela, D. Nuno Álvares foi um dos primeiros nobres a apoiar as pretensões portuguesas de D. João, Mestre de Avis, à Coroa. Apesar de ser filho ilegítimo de D. Pedro I de Portugal, D. João afigurava-se como uma hipótese preferível à perda da independência nacional para Castela. Depois da primeira vitória militar de D. Nuno Álvares sobre os castelhanos na batalha dos Atoleiros, em Abril de 1384, D. João de Avis nomeou-o Condestável de Portugal e Conde de Ourém.

A 6.4.1385 o Mestre de Avis é reconhecido pelas Cortes reunidas em Coimbra como D. João I, rei de Portugal. A resposta de Castela não se fez esperar e invadiu o País com um poderoso exército. A 14 de Agosto desse ano, as forças portuguesas enfrentaram as castelhanas em Aljubarrota. Apesar da desvantagem numérica de 1 português para 10 castelhanos, em menos de uma hora decidiu-se a vitória retumbante dos portugueses graças ao génio militar do Condestável, que desde então e para sempre é o General do Exército Português.

A batalha de Aljubarrota marcou o fim definitivo da instabilidade política e a consolidação da independência nacional. Em 25.7.1415 D. Nuno Álvares Pereira integrou a armada de 200 navios da Expedição a Ceuta, Norte de África, tendo sido a primeira conquista da época dos Descobrimentos Marítimos, entendida como acto da reconquista cristã e acto de gesta missionária. Foi a última batalha do Condestável. Com 55 anos de idade e riquíssimo, distribuiu os seus bens pelos familiares e pela Ordem do Carmelo, e despojado das riquezas deste mundo, só com um humilde burel, entrou a professar como frade mendicante no Convento de Nossa Senhora do Carmo, em Lisboa.

No exercício espiritual Frei Nuno de Santa Maria, nome que adoptara quando abraçou a vida religiosa, mostrou-se tão dedicado e bondoso para com todos que todos vinham comer do seu “caldeirão”, isto é, receber as suas esmolas, fossem por conselhos sábios e amoráveis, fossem por moedas, roupas ou comida que esmolara aos ricos para oferecer aos pobres. A sua fama de santo cresceu rapidamente, e ainda em vida atribuíram-lhe milagres. Havia quem dissesse que até ressuscitara mortos…

Mas Frei D. Nuno não se despojou de tudo: conservou na sua pequena cela a sua espada e armadura. Abraçara a Religião mas não morrera a alma de leão devoto à Pátria. Há uma história fabulosa, invenção apologética do senso patriótico, sobre o embaixador de Castela que o terá visitado no Convento do Carmo e lhe perguntado o que faria se Castela invadisse novamente Portugal? Então o velho guerreiro levantou o hábito e deixou ver que por baixo trazia vestida a sua cota de malha, dizendo com firmeza: “Se el-rei de Castela mover guerra a Portugal, servirei ao mesmo tempo a religião que professo e a terra que me deu o ser”.

Outra história fabulosa, situada no início da vida monástica de D. Nuno, foi a do boato de Ceuta estar prestes a apresada pelos mouros, e o velho guerreiro alquebrado querer embarcar na Expedição de socorro a Ceuta. Quando o tentaram dissuadir, pegou numa lança e atirou-a da varanda do Convento. A lança atravessou o vale em baixo e foi cravar-se numa porta do outro lado do Rossio, dizendo D. Nuno: “Em África a poderei meter, se tanto for mister”! Daqui nasceu a expressão “meter uma lança em África”, no sentido de se vencer uma grande dificuldade.

Em 30 de Março de 1431, Sexta Feira da Paixão, o “Frade Santo”, como lhe chamavam, com 70 anos de idade tombou gravemente doente. Acudiram ao Carmo os mais importantes do Reino, incluindo D. João I e o príncipe herdeiro, D. Duarte. Ao meio-dia de 1 de Abril, Domingo de Páscoa, Frei D. Nuno morreu. O rei D. João I estava à sua cabeceira.

O Povo de Portugal chorou o seu Santo Guerreiro, até em Castela o choraram, por seus dotes de pureza e justiça. Começaram as romarias piedosas ao Carmo, e todos queriam levar uma mão cheia de terra do túmulo do Santo Condestável, que assim ficou conhecido até hoje. Segundo a Crónica dos Carmelitas, essa terra milagrosa misturada com água e tomada naturalmente ou aplicada, operou 12 ressurreições, 24 curas de paralíticos, 21 curas de cegos, 21 curas de surdos ou mudos, 18 curas de doenças internas, 16 curas de doenças fatais, 10 recuperações de febres altas e derrame de sangue e 6 aparições do Grande Cavaleiro com graças espirituais.

Os milagres atribuídos ao Santo Condestável prosseguiram pelos séculos seguintes, até que Nuno Álvares Pereira foi beatificado em 23 de Janeiro de 1918 pelo Papa Bento XV, tendo consagrado o dia 6 de Novembro ao então Beato. O seu processo de canonização, iniciado em 1940, após várias interrupções, desfechou com D. Nuno Álvares Pereira sendo canonizado como São Nuno de Santa Maria pelo Papa Bento XVI em Roma, às 9 horas e 33 minutos (hora de Portugal) de 26 de Abril de 2009.




S. NUNO DE SANTA MARIA - Admirável foi este santo varão pelas muitas e especiais virtudes que cultivou, não só depois do divórcio que fez com o mundo, mas também antes de receber o hábito religioso.
Na castidade foi sempre tão firme que jamais em prejuízo desta virtude se lhe conheceu o mais leve defeito.
Forçado da obediência se sujeitou ao casamento, que sem desagrado de seu pai, o não chegaria a evitar. Mas aos vinte e seis anos ficou absoluto do matrimónio, porque a inumana parca pôs termo à vida da sua esposa na flor de seus anos. Entrou El Rei no empenho de lhe dar outra esposa não menos digna de seu nascimento. Resistiu o invicto Condestável, encobrindo sempre o fundamento principal, que era o de viver casto.
Na oração foi tão incessante que admirava aos mesmos que faziam por ser nela seus imitadores. Faltava com o descanso ao corpo para se aproveitar da maior parte da noite orando mental e vocalmente.
Depois de ser religioso, estreitou mais o trato e familiaridade com o Senhor, porque então vivia no retiro conveniente para poder sem estorvo empregar todas as potências da alma no Divino Objecto que contemplava.
Na presença da soberana imagem da Virgem Maria Senhora Nossa, com o título da Assunção, derramava copiosas lágrimas; e com elas, melhor do que com as vozes, Lhe expunha as suas súplicas nas ocasiões que para si ou para os seus patrocinados Lhe pedia favores.
Exemplaríssima foi a humildade com que, fora e dentro da Religião, serviu a Deus em toda a vida. Como árvore frutífera cujos ramos mais se inclinam quando é maior o peso dos seus frutos, assim este virtuoso varão mais submisso se mostrava com os triunfos e com as virtudes. Nunca no seu espírito teve lugar a soberba: antes, quanto lhe foi possível, trabalhou por desterrá-la dos ânimos dos que lhe seguiam as ordens e o exemplo.
Aos sacerdotes fazia tão profunda veneração que passava a ser obediência. A um criado seu de muita distinção, que havia tomado o hábito da nossa Ordem, assim que o viu professo e feito sacerdote, começou a respeitá lo em tal forma que a todos causava admiração.
Com o hábito religioso adquiriu o irmão Nuno muitos hábitos de mortificação. O sangue que lhe corria do corpo, quando com ásperos flagelos o lastimava, também lhe diminuia os alentos: mas ainda desta fraqueza tirava forças para, com pasmosa admiração dos Companheiros, continuar em semelhantes exercícios até ao último prejuízo da vida, que em desempenho do ardentíssimo desejo que teve de a sacrificar a Deus, sempre reconheceu como trabalho, e estimou a morte como lucro.
Depois de religioso, foi o servo de Deus mais admirável nos exercícios da caridade. Não se contentava com distribuir as esmolas pelo seu pagador, como no século fazia; mas pelas próprias mãos, na portaria deste convento, remediava a cada um a sua necessidade.
Não menos caritativo era para com o seu próximo nas ocasiões que se lhe ofereciam de lhe acudir nas enfermidades. Assistia aos pobres nas doenças, não só com os alimentos necessários, mas com os regalos administrados por suas próprias mãos.
Velava noites inteiras por não faltar com a assistência aos que nas doenças perigavam.
Continuando o Venerável Nuno de Santa Maria as asperezas da vida, sem nunca afrouxar dos seus primeiros fervores, chegou ao ano de 1431 tão destituído de forças, que no corpo apenas conservava alguns alentos para poder mover se.
Entrando enfim na última agonia, rogou que, para consolação do seu espírito, lhe lessem a Paixão de Cristo escrita pelo evangelista São João; logo que chegou à cláusula do Evangelho onde o mesmo Cristo, falando com sua Mãe Santíssima a respeito do amado discípulo, lhe diz: Eis o vosso filho, deu ele o último suspiro e entregou sua ditosa alma ao mesmo Senhor que a criara. (Ecclesia)

 
Mário Neves

ORAÇÃO

Ó Deus bom e santo,
autor de todas as maravilhas e fonte da verdadeira santidade!
Nós Vos louvamos e bendizemos, ó Santa Trindade,
porque Vos dignastes chamar o nosso irmão
o Bem-aventurado Nuno de Santa Maria
para Vos servir na Pátria, no Carmo e na Igreja.

O lutador da verdade venceu-se a si mesmo
para nos ensinar com o seu exemplo a amar a paz,
a preferir e a defender a justiça,
a sermos homens e mulheres audazes e virtuosos,
que amam a oração e a amizade com Deus,
peregrinam os caminhos do céu e se alimentam na Eucaristia.

As agruras não o amedrontaram, nem evitou as adversidades,
e assim se tornou modelo heróico de português e de cristão,
modelo de Carmelita orante, atento à miséria dos pobres
e filho devoto de Nossa Senhora do Carmo.

Glorioso São Nun’Álvares Pereira,
enchei o nosso coração de amor sempre maior a Deus
e aos nossos irmãos, principalmente os mais necessitados.

Ámen.

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