Cerimónias oficiais do 1º de Dezembro
Lisboa, Praça dos Restauradores
1 de Dezembro de 2012
Senhor General Vasco Rocha Vieira, em representação de Sua Excelência o Presidente da República,
Senhor Dom Duarte, em cuja pessoa saúdo as três dinastias portuguesas –
a Afonsina, a de Aviz e a de Bragança – e toda a História de Portugal,
Senhor Presidente da Câmara Municipal de Lisboa,
Senhor Presidente da Sociedade Histórica da Independência de Portugal,
Demais autoridades,
Portugueses,
[Até São Pedro, a quem muito pedimos, está connosco neste dia de sol
radioso, em defesa do feriado nacional do 1º de Dezembro, Dia da
Restauração.]
Começo por agradecer à Sociedade Histórica
da Independência de Portugal o facto de existir. É um exemplo único:
desde 1861, com a antecessora Comissão Central do 1º de Dezembro,
preserva esta data fundamental da nossa identidade e liberdade, aquela
data que, no dizer feliz do seu Presidente, José Alarcão Troni, no
protesto público de há um ano atrás, é a data sine qua non, a data sem a
qual nenhum outro feriado português existiria.
Agradeço ao Dr.
António Costa, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, e à Vereadora
da Cultura, Dr.ª Catarina Vaz Pinto, não só a nobreza fiel com que o
Município sempre acompanha estas comemorações, todos os anos; mas
sobretudo, neste momento em que querem matar a data, a abertura e o
apoio com que recebeu a ideia e a iniciativa do Movimento 1º de Dezembro
de passar a realizar junto aos Restauradores, neste dia, um Desfile
Nacional de Bandas Filarmónicas comemorativo da independência e da
liberdade de Portugal, mobilizando para esta organização o
profissionalismo e a dedicação impecáveis dos serviços municipais e da
EGEAC.
E agradeço também, de modo muito caloroso, às bandas e aos
grupos que, de diversos pontos do país, vieram aqui festejar e celebrar
connosco a alegria e o brio da nossa Pátria soberana, nos temas dos
hinos que cantam a nossa identidade, a nossa liberdade, a nossa
independência. Agradeço-lhes a generosidade com que o fizeram, agradeço o
trabalho dos delegados distritais do nosso Movimento e agradeço o
entusiasmo dos Municípios das suas terras, que apoiaram o projecto e a
reunião nesta cerimónia simbólica, o que bem mostra, a quem dúvidas
pudesse ter, que o 1º de Dezembro não é uma data morta, mas dia sagrado
no coração de todos os portugueses que se lembram de Portugal e que está
vivo e enraizado em todas as terras do nosso país.
Também
desfilei, aqui, em criança, noutros 1.ºs de Dezembro. Andava no liceu e
era obrigatório. Mas fazia-o com gosto, porque é com gosto que se fazem
as coisas de Portugal. Desfilei aqui, de novo, mais tarde, jovem adulto,
pouco depois do 25 de Abril, em grandes manifestações pela liberdade e
pela independência de Portugal promovidas pela jornalista Vera Lagoa,
que mobilizaram, neste mesmo cenário, largas dezenas de milhares de
portugueses.
Por sinal, estas manifestações de finais da década de
’70 precederam e acompanharam a formação da Aliança Democrática – a AD
–, cujos dirigentes eram figuras destacadas nesses desfiles
democráticos. Por isso, é enorme a minha perplexidade quando vejo serem
dirigentes dos mesmos dois partidos que formaram a, então, AD virem
atentar, agora, contra uma data simbólica nacional que tanto marcou a
sua própria história política, assim traída.
Mas este dia não é
propriedade de ninguém. Este dia é de todos – é o dia mais de todos de
entre todos os dias de Portugal. O 1º de Dezembro é verdadeiramente o
nosso dia: é dia de monárquicos e republicanos, da esquerda, do centro e
da direita, do norte e do sul, de crentes e não crentes, do interior,
das ilhas e do litoral, dos de dentro e de todos os emigrantes, dos de
ontem e dos de amanhã, dos velhos e dos jovens – é aquele dia que, por
ser de Portugal livre, de Portugal liberto, de Portugal restaurado, de
Portugal inteiro, é o nosso dia que mais une e reúne todos os
portugueses. E como nós precisamos disso! Como nós precisamos disso.
Como deputado da actual maioria parlamentar, eu não posso senão pedir
desculpa a Portugal e aos portugueses pelo gesto impensado e insensato
de querer extinguir do calendário oficial o feriado dos feriados, o mais
antigo dos feriados civis, o mais alto dos nossos feriados patrióticos:
o feriado nacional do 1º de Dezembro, o dia maior de Portugal, em que
comemoramos a nossa própria existência e continuidade como Nação livre.
Não deixaremos! Apenas posso dizer-vos com a absoluta determinação do
Movimento 1º de Dezembro: “Pedimos desculpa por esta interrupção; o
feriado segue dentro de momentos.”
Não conheço em todo o mundo um
só país, excepto estando sob ocupação estrangeira, que, tendo um feriado
que celebra a sua independência nacional, o tenha abolido e riscado do
mapa. Portugal seria o primeiro a fazê-lo. Não deixaremos! Por isso,
lançamos hoje, a partir destas cerimónias, a campanha de recolha
nacional de assinaturas numa Iniciativa Legislativa dos Cidadãos para
restabelecer o feriado nacional de 1 de Dezembro, como Dia de Portugal
por natureza das coisas, Dia da Restauração e da Independência. Em
homenagem aos 40 conjurados de 1640, queremos recolher a assinatura de
40.000 subscritores neste que chamo o “projecto de lei do pleonasmo”:
Restaurar a Restauração.
Vamos conseguir! – não tenho sobre isso a
mais pequena dúvida. Fá-lo-emos a partir da base, a partir da sociedade
civil, guiados pela gesta cívica e pelo exemplo de 1861, mobilizando em
todas as terras de Portugal homens e mulheres de todas as condições,
credos e convicções: somente portugueses que querem muito a Portugal,
que respiram liberdade e independência e que não desistem de celebrar o
seu dia, o seu valor, os seus símbolos.
Sei que ganharemos. Não é
preciso ser bruxo para adivinhar que bastará a mudança de ciclo político
para que o grosseiro disparate feito seja emendado e o 1º de Dezembro
reposto no seu lugar como feriado nacional principal. Mas gostaríamos
que fosse ainda antes; e vamos trabalhar para isso. Sendo esta data de
todos os portugueses, seria importante que não dividisse e, em próximas
eleições, o atentado gratuito que foi feito contra este dia simbólico
não seja um factor mais de mudança de sentido do voto. Sobretudo é
fundamental que não interrompamos a sua comemoração, rasgando uma
tradição mais que centenária, que guarda raízes populares fortíssimas e
apenas algumas chamadas “elites” ignoram e desprezam. Portugal fala mais
alto.
O 1º de Dezembro não é um dia contra ninguém; é o dia a
nosso favor. É verdade que somos mais antigos que 1640: vamos a caminho
já de 900 anos. Mas, se guardamos os títulos do mais antigo dos Reinos
ibéricos, do mais velho dos Estados da península e, nas fronteiras
actuais, de mais antiga Nação da Europa, devemos esses títulos à
liberdade reconquistada pela Restauração – senão teríamos acabado ali.
O 1º de Dezembro que festejamos olha exactamente ao futuro: não
queremos acabar, não estamos para morrer, não vamos desaparecer. Nestes
tempos difíceis, duros e exigentes, tão carregados de incertezas e
inquietação, com tanta coisa a comprimir e a condicionar a nossa
soberania, o 1º de Dezembro faz parte do nosso alimento, é nossa
alavanca colectiva, é memória de onde vimos e vontade e sinal de para
onde queremos ir: para Portugal liberto, Portugal livre, Portugal senhor
de si, Portugal de ânimo desperto, de punho forte e cabeça erguida. É
pr’aí que vamos.
Este não é o último 1º de Dezembro! Desengane-se quem pensasse assim.
Quando tanto se fala de refundação, hoje é o dia da refundação do 1º de
Dezembro, o dia do primeiro 1º de Dezembro da segunda geração:
inauguramos, com a Câmara Municipal de Lisboa, com todos os municípios
de Portugal, com as bandas filarmónicas, com o povo português, uma nova
tradição festiva com a mesma força de sempre, com mais força ainda do
que antes.
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