Portugal nasceu à sombra da Igreja e a religião católica foi
desde o começo elemento formativo da alma da Nação e traço dominante do
carácter do povo português. Nas suas andanças pelo Mundo – a descobrir, a
mercadejar, a propagar a fé – impôs-se sem hesitações a conclusão: português,
logo católico. Tiveram o restrito significado de lutas políticas, e não de
questão religiosa, os dissídios dos primeiros séculos entre os reis e os bispos
e os que mais tarde envolveram os governos e a Cúria. Na nossa história nem
heresias nem cismas; apenas vagas superficiais, que, se atingiam por vezes a
disciplina, não chegavam a perturbar a profunda tranquilidade da fé. A adesão
da generalidade das consciências aos princípios de uma só religião e aos
ditames de uma só moral, digamos, a uniformidade católica do País foi assim,
através dos séculos, um dos mais poderosos factores de unidade e coesão da
Nação Portuguesa. Portanto, factor político da maior transcendência; e por esse
lado nos interessa.
António de Oliveira Salazar in «Discursos».
António de Oliveira Salazar in «Discursos».
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