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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

sábado, 31 de março de 2012

PARTICIPE HOJE NA MANIFESTAÇÃO NACIONAL EM DEFESA DAS FREGUESIAS


Muitas das FREGUESIAS têm morte anunciada!
Enquanto vivas, devem lutar contra essa sentença!
A morte não pode ser o prémio de um trabalho inigualável, em tantos séculos de história!

A MANIFESTAÇÃO É DE TODOS QUANTOS SE EMPENHAM NA DEFESA DA SUA FREGUESIA E SUAS POPULAÇÕES!
Freguesias a Agregar

DECLARAÇÃO DE VOTO DO DEPUTADO JOSÉ RIBEIRO E CASTRO ACERCA DA ELIMINAÇÃO DO FERIADO DO 1º DE DEZEMBRO

Proposta de lei n.º 46/XII

Votei contra a proposta de lei n.º 46/XII, por não aceitar a eliminação do feriado nacional do 1º de Dezembro que nela se contém. Diluído no meio de dezenas de outras alterações ao Código do Trabalho, o banimento deste feriado constituiria uma violência contra o espírito de Portugal e atingiria, sem justificação e de modo desproporcionado, valores fundamentais da vida colectiva.
 
O 1º de Dezembro custou muito – quer o feriado em si, quer sobretudo a data e o valor patriótico que simboliza e celebra. Se este feriado fosse extinto, teríamos de imediato de mobilizar-nos para o restaurar por lei, propósito com que estou comprometido, como português, como cidadão, como deputado.
 
Não se trata de uma questão de somenos; é uma questão fundamental. É um traço emblemático desta proposta de reforma legislativa, que não relativizo e, em consciência, devo não relativizar.
 
Este meu voto contra na generalidade é um investimento. É um voto de confiança em que, mercê do diálogo político e social ao longo da discussão na especialidade, este erro seja corrigido, podendo eu vir a convergir, como seria normal e eu próprio desejaria, para a aprovação global de uma reforma legislativa em que o Governo deposita esperanças para dinamização da economia e do mercado de trabalho e, por conseguinte, no estímulo ao crescimento e ao emprego.
 
A data do 1º de Dezembro não é uma data qualquer. Trata-se da evocação da última vez em que Portugal, tendo perdido a independência, a reconquistou. É marco fundamental da História nacional, sem o qual nada decidiríamos por nós: não existiríamos, livres e soberanos, na comunidade das Nações. É a memória patriótica de uma guerra, que se prolongou de 1640 a 1668 e a que devemos a liberdade como país e a nossa sobrevivência nacional. Sem o 1º de Dezembro, quase tudo da nossa História e de toda a lusofonia seria radicalmente diferente. Sem o 1º de Dezembro, nem sequer esta reforma legislativa estaríamos a discutir ou a decidir com liberdade e discernimento; mas alguém estaria, do estrangeiro, a impô-la.
 
O feriado nacional do 1º de Dezembro não é um feriado qualquer. A sua instituição respondeu a forte apelo patriótico da sociedade civil, a partir da, então, Comissão Central 1º de Dezembro, que promoveu contínuas acções na sequência do Manifesto de 1861, encabeçado por Alexandre Herculano, e fez edificar, no centro de Lisboa, o Monumento aos Restauradores, por subscrição popular. É o mais antigo dos feriados civis, instituído por Decreto do Governo Provisório, em 13 de Outubro de 1910, e oficialmente celebrado desde 1 de Dezembro de 1910, de modo ininterrupto, atravessando todos os regimes até hoje. É, no calendário oficial, aquele único feriado em que celebramos o valor fundamental da nossa independência nacional.

Eliminar o feriado do 1º de Dezembro seria tão absurdo como os norte-americanos banirem o seu 4 de Julho. Eliminar o feriado do 1º de Dezembro deixar-nos-ia sós, na CPLP, como o único país, envergonhado de ser, coxo de si mesmo, que riscaria do calendário próprio o feriado em que comemora a sua independência nacional – tão desastrado quanto o Brasil apagar o 7 de Setembro, Angola o 11 de Novembro ou Timor o 20 de Maio. Eliminar o feriado nacional do 1º de Dezembro tornar-nos-ia no único país da União Europeia – e, ao que creio, do mundo inteiro – que, compreendendo na sua formação histórica a luta pela independência nacional, extinguiria o feriado em que a celebra e assinala como valor colectivo fundador.
 
As coisas mais importantes nos países são os símbolos: é à volta deles que nos unimos, é à volta deles que nos sentimos. É assim com o hino e com a bandeira – não são uma musiquinha ou um trapo, dispensáveis. É assim também com a data da independência ou, como escreveu o decreto original de Outubro de 1910, o feriado da «autonomia da Pátria portuguesa» – não é uma data disponível, não é um dia qualquer.
 
No processo de discussão pública da proposta de lei, tive oportunidade de, junto da competente comissão parlamentar, formular algumas observações e apresentar sugestões e possíveis alternativas. Embora seja necessário conhecer melhor os propósitos, designadamente macroeconómicos, que, no particular da regulação dos feriados, são efectivamente os prosseguidos pelo Governo, na linha do Compromisso para o Crescimento, Competitividade e Emprego de 18 de Janeiro de 2012, é manifesto que, sejam as que apresentei ou outras, existem alternativas para os alcançar e que não envolvem a liquidação do feriado da independência nacional. Basta dialogar e concertar.
 
É conhecido que, no tocante aos feriados de matriz religiosa, existe – e bem – diálogo com a Igreja Católica e a Santa Sé, de que poderão resultar ainda possíveis acertos. É importante que, quanto aos feriados civis, o mesmo diálogo político e social possa vir ainda a ocorrer, pelo menos com igual abertura e qualidade, prevenindo a lesão irremediável de valores colectivos fundamentais. Começar por atacar o 1º de Dezembro entre os feriados civis, seria o mesmo que atingir os feriados da Páscoa ou do Natal entre os feriados da matriz e tradição católicas. Tudo absurdos inaceitáveis.
 
Não há boas alturas para eliminar o 1º de Dezembro, o primeiro dos feriados, o feriado dos feriados, o feriado fundador. Mas, numa altura em que Portugal sofre um contexto de soberania frágil, diminuída e limitada, sujeitos que estamos a fortes compromissos e ditames externos, bem como a uma inspecção e fiscalização por estrangeiros, este seria, de entre todos, o momento mais inoportuno e desastroso para o fazer. Bem ao contrário, este é o momento para guardamos e exaltarmos o brio nacional, a nossa liberdade e independência e todos os respectivos símbolos e marcos referenciais.
 
A indiferença política em que pretende banhar-se a eliminação do feriado nacional do 1º de Dezembro, o mais alto dos feriados patrióticos portugueses, é bem o sinal de que, efectivamente, estaremos a viver, em Portugal, a maior, a mais profunda e a mais grave das crises nacionais de que há memória. Não o aceito. Não me conformo.

Lisboa, Palácio de S. Bento, 30 de Março de 2012

O DEPUTADO DO CDS - PARTIDO POPULAR
José Ribeiro e Castro

O MANTO DE TREVAS

A Revolução republicana portuguesa, ao contrário de outras congéneres, optou por enfatizar, de forma dramática, a ruptura com o passado de Portugal. Optou por cobrir o nosso azul e branco fundacional de vermelho e verde, revestindo o Portugal que hoje, infelizmente, já não conhecemos, com um manto de trevas e com um tecido de valores invertidos aos de progresso que antes nos davam destaque planetário.

Em suma: Hoje, repito hoje, somos o que somos e estamos como estamos comparativamente às nossas antigas congéneres que lideram, no Presente e para o Futuro, o Índice de Desenvolvimento Humano e o Índice de Democracia.
 

REI DO TONGA FOI A ENTERRAR


Jorge Tupou V, de 63 anos, morreu há uma semana num hospital em Hong Kong. Foi responsável pela instauração da democracia na última monarquia do Pacífico Sul.

O novo Rei, Tupou VI 
 
 
 
 

ISABEL II DISCURSA EM WESTMINSTER NO JUBILEU DO SEU REINADO



A rainha Isabel II salientou o apoio da família ao longo dos 60 anos de reinado numa cerimónia de homenagem hoje feita pelos deputados e lordes britânicos, prometendo "rededicar-se" ao serviço do país.
"Durante estes anos como vossa rainha o apoio da minha família de todas as gerações têm sido enorme", disse, perante uma plateia de centenas de parlamentares, membros do Governo e antigos primeiros-ministros, como Tony Blair ou Gordon Brown.
Em particular, referiu o marido, príncipe Filipe, "conhecido por declinar elogios de qualquer tipo", comentou, causando risos.
"Mas ao longo do tempo tem sido uma força e um conselheiro constantes", vincou. Também agradeceu aos restantes membros da família, incluindo o filho e herdeiro, príncipe Carlos, por a representarem em viagens ao estrangeiro para celebrar o Jubileu de Diamante.
Digressão pelo Reino Unido
A rainha e o marido, que este ano vão completar 85 e 91 anos, respetivamente, farão uma digressão pelo Reino Unido, que espera ser "uma oportunidade para as pessoas se juntarem num espírito de vizinhança e celebração das comunidades".
Com referências à história e à relação dos monarcas com as duas câmaras parlamentares, Isabel II não deixou de lembrar o seu próprio reinado, ao longo do qual conheceu 12 primeiros-ministros e assinou 3.500 leis.
"Numa altura em que o ritmo normal e respeitável da vida é menos impressionante do que fazer algo extraordinário, fico mais descansada por ser apenas a segunda monarca a celebrar um jubileu de diamante", gracejou.
A líder da Câmara dos Lordes, Frances D'Souza, expressou o "carinho e afeição" com que é visto o "serviço dedicado" ao povo e "o inigualável sentido de dever público ao longo dos anos".
Já o líder da Câmara dos Comuns, John Bercow, considerou que a "mais profunda contribuição foi ser a continuidade que tornou a mudança tolerável".
Durante a cerimónia, que teve lugar no Salão do Palácio de Westminster, foi ainda revelado um vitral, encomendado e financiado pessoalmente pelos membros das duas câmaras parlamentares como presente à monarca.

OS CASTELOS DO LOIRE

COM OS PORTUGUESES DE BANGKOK

É sempre com a maior emoção que reencontro a família Wongngernyuang Dias, estabelecida na Tailândia desde o século XVII. Cidadãos tailandeses, fiéis ao Rei e ao Estado, que servem ininterruptamente, nos dias de triunfo como nos dias amargos das grandes provações, são também, sem pingo de contradição, grandes portugueses. Ao longo da minha estadia em Bangkok, entre 2007 e 2010, fui recebido como amigo e até como familiar por esta boa gente que tem sempre a aflorar nos lábios o nome de Portugal.
Não, não se trata de bandel, gente à margem e socialmente desclassificada. Neles não há qualquer vestígio do "português à solta" ou daquela praga de assomadiços que tão mal fizeram ao nome de Portugal em terras do Oriente. Usando a expressão portuguesa antiga, trata-se gente limpa, habituada à governança e ao comando de homens, com todos os traços distintivos de uma excelente educação, bondade de propósitos, orgulho e dignidade. O Capitão de Mar e Guerra Ing Saravut Dias, chefe da comunidade católica luso-descendente, é Director dos Estaleiros e da Doca-Seca de Bangkok, descende de generais que batalharam em todos os azimutes do velho Sião, o seu avô foi Embaixador do Sião em Roma e Ministro do Sião junto da Santa Sé. Saravut Dias é detentor de importante curriculum. Engenheiro naval de formação, com especialização em arquitectura naval pela Universidade de New Orleans e cursos de formação na Itália, possuiu o Curso Superior Naval de Guerra tendo saído do seu risco as vedetas rápidas de intercepção em alto mar que equipam a Marinha de Guerra da Tailândia, bem como os navios de treino. Professor universitário e na Academia de Marinha, é autor de oito títulos no seu campo de especialidade. Merecia, sem dúvida, uma medalha do Estado Português.

Foi com a maior alegria que o Comandante Dias recebeu a notícia da próxima doação pela Biblioteca Nacional de Portugal dos materiais provenientes da exposição Das Partes do Sião, que esteve patente entre Dezembro e Fevereiro passado na maior biblioteca portuguesa. Anuncia-se, pois, a instalação para breve de uma mostra documental permanente no edifício da antiga igreja da Conceição, no bairro de Samsen, berço de Bangkok. A ideia foi divulgada pelo chefe da missão académica portuguesa à Tailândia, Professor Vasconcelos Saldanha, no último dia dos trabalhos.

sexta-feira, 30 de março de 2012

PROGRAMAÇÃO DETALHADA DA FEIRA MEDIEVAL DE VILA VIÇOSA



CARTA AOS MEUS IRMÃOS TIMORENSES, POR S.A.R. DOM DUARTE, DUQUE DE BRAGANÇA

 
É sempre com preocupação que escrevo sobre qualquer assunto, pois sinto que sobre meus ombros pesa uma enorme responsabilidade histórica. Quis, com efeito, por uma misteriosa decisão, a Providência que sobre mim recaísse a representação da família que durante cerca de 800 anos presidiu aos destinos de Portugal. Embora os manuais de História tenham o hábito de dividir a história da monarquia portuguesa em quatro “dinastias”, estas não constituem na realidade verdadeiras dinastias, mas apenas sucessivos ramos da mesma Família Real, já que todos os monarcas portugueses foram descendentes de D. Afonso Henriques.O mesmo se passa com a casa de Bragança, de que sou o representante, que além de descendente de D. João I o é ainda do Santo Condestável, Nuno Álvares Pereira, herói da independência portuguesa em 1385, e hoje santo canonizado, venerado nos altares. Este peso histórico que herdei faz com que, sem discutir se tenho o direito ao trono, sinta que me obriga o dever do trono.

Esse dever encaro-o como o de representar misticamente o povo português na sua continuidade histórica, como a corrente profunda de um rio caudaloso que flui através das eras, sem embargo da agitação superficial das suas águas, causada pelos ventos da história que ora sopram daqui ora dali, ou dos pequenos obstáculos que empecilham ou fazem inflectir o seu percurso.

Ao povo português esteve, nos últimos quinhentos anos da sua história, associado o povo timorense, de que meus antepassados foram igualmente Reis . Foi também por isso que, durante as horas sombrias da ocupação estrangeira de Timor, senti como uma obrigação a que me não podia eximir o dever de lutar para que ao povo timorense, que era também o meu povo, fosse reconhecido o direito a auto-determinar-se e escolher livremente o seu destino político. Empenhei por isso o prestígio que me advinha da minha ascendência, e até a herança dos laços de amizade fraterna estabelecidos outrora entre os meus avós e os soberanos que então reinavam na Indonésia, como os de Mataram, de que descendem os actuais sultões de Solo e Jogjakarta, para persuadir as autoridades indonésias a aceitar o diálogo, o que, com a ajuda de Deus, veio a produzir seus frutos.

Durante esses anos tive muitas oportunidades de colaborar com amigos timorenses, especialmente com o actual Presidente da República Dr. José Ramos Horta, que acaba de me distinguir com a Ordem de Timor, gesto que muito me sensibilizou!

Na concessão da nacionalidade timorense que me foi recentemente feita pelo Parlamento Nacional e de que tão orgulhoso me sinto, vejo, porém, mais do que uma retribuição por uma intervenção que me irmanou aos outros que lutavam pela liberdade do povo timorense, mas de qualquer forma me incumbia como dever histórico: leio aí também um desejo de perpetuar as relações profundas de Timor com o povo português de que, para além dos regimes e dos governos que constantemente se sucedem, creio representar de forma mais perene.


Faz este ano precisamente meio milénio que os primeiros portugueses chegaram a Timor e que, pelo punho de Francisco Rodrigues, a ilha apareceu pela primeira vez representada na cartografia. Esses primeiros portugueses eram na sua maioria comerciantes livres, que nos mares do Arquipélago procuravam agenciar a sua vida. Como muito bem notou António José Saraiva, um autor cuja formação inicial, de cariz marxista, torna insuspeito, ... estava-se na época do artesanato e do capitalismo mercantil. O objectivo das expedições era, acima de tudo, encontrar produtos de troca, o que até certo ponto, implica a ideia da igualdade dos permutantes. Só mais tarde se tornará dominante o propósito de ocupação territorial com vista à produção, de matéria primas para a transformação industrial no país dominante. As primeiras relações entre portugueses e timorenses foram assim relações de igual para igual.

Estimulados pelo exemplo de S. Francisco Xavier, que a partir de 1542 lançara em todo o Oriente a missionação em larga escala, os Missionários portugueses dinamizaram a sua obra em Timor. Os meus antepassados patrocinaram activamente a evangelização, chagando a dedicar aos subsídios aos missionários 8% do orçamento do Estado Português da Índia. Portugal nascera no quadro da Reconquista Cristã da Península Ibérica, gerando-se portanto como reino independente à sombra da fé cristã; e essa união perduraria pelos tempos fora, a ponto de ainda hoje se usar na Malásia a expressão papiar cristão, para significar “falar português”. É por isso impossível separar o cristianismo, hoje religião maioritária em Timor, da presença dos missionários portugueses. É bem significativo que todos os liurais que em 1702 aceitaram submeter-se ao primeiro governador português e na sua pessoa prestar vassalagem a El-Rei de Portugal tivessem já nomes e apelidos portugueses, a demonstrar por um lado que antes de haver em Timor uma presença política efectiva de Portugal existia já uma forte influência religiosa, indissociável da acção desinteressada dos nossos missionários; e por outro a entre mostrar que ao tempo converter-se ao catolicismo significava integrar-se na sociedade portuguesa partilhando o sobrenome com uma família de Portugal, quase sempre da nobreza.

Durante século e meio a presença portuguesa em Timor limitou-se aos comerciantes e aos missionários, sem revestir um cariz político. Se o veio a tomar foi em consequência de uma conjuntura externa que levou alguns liurais de Timor a colocarem-se voluntariamente sob o protectorado português. Nos inícios do século XVI dois povos da ilha dos Celebes, os buguizes e os macaçares, começaram a lançar expedições corsárias contra as ilhas circunvizinhas, aprisionando homens e mulheres para os venderem como escravos. É certamente de um desembarque seu em Timor que guarda a memória a capital do Oé-Cússi, Pante Macaçar, ou seja, em malaio, Pantai Makasar, “a praia dos macaçares”. Em 1641 os corsários do sultão macaçar de Teló lançaram uma grande expedição contra as duas costas de Timor, arrebanhando cerca de 4.000 pessoas, que levaram como escravos para o seu país. Foi nessa aflição que as rainhas de Mena e de Lifau decidiram declarar-se vassalas do Rei de Portugal, em troca de protecção contra os macaçares; e nos anos imediatos outros chefes locais lhes seguiram o exemplo. 

O protectorado só veio a tornar-se permanente e efectivo em 1702, quando desembarcou em Timor o primeiro governador português. Para sustentar a administração do território que se começou a organizar então, os liurais foram obrigados a contribuir com uma finta ou tributo, acordada entre cada reino e o governador. Mas mesmo o pagamento desse tributo foi encarado como a expressão de um parentesco estabelecido com el-Rei de Portugal, e por isso a cerimónia do pagamento era designada por siripinão, ou seja, o acto de mascar em comum bétele e areca , o que, como é bem sabido, constitui em Timor um sinal de fraternidade e comunhão espiritual. 

Seja como for o povo e os liurais de Timor conservaram viva a noção do carácter contratual da sua relação com a Coroa portuguesa, recordando sempre que necessário aos seus representantes em Timor, “que esta terra não foi conquistada pela espada, mas pela água e pelo sal”, numa clara alusão ao ritual do baptismo.

Sem negar que a presença portuguesa em Timor tenha bastas vezes apresentado fases críticas, episódios de violência e de injustiça, prefiro fixar-me nestes aspectos positivos. Portugal foi, afinal, chamado a Timor para garantir a liberdade das suas gentes num momento em que buguizes e macaçares constituíam para ela uma perigosa ameaça. Não admira que, quando por um conjunto de circunstâncias infelizes ficou aberta a porta para uma invasão de Timor e a sua liberdade votou a periclitar o povo de Timor se tenha mais uma vez virado para os portugueses pedindo-lhe ajuda para a manter. Portugal foi num passado próximo que todos temos bem presente como num passado longínquo, que nem todos conhecem, mas que, como representante de uma instituição muitas vezes secular me apraz recordar aqui, o principal garante da liberdade do povo timorense. 

Vejo a concessão da cidadania timorense de que hoje me honro e que a todos agradeço, não tanto como uma recompensa por serviços já passados, ou como um gesto meramente honorário, mas como um acto de renovação do pacto de fraternidade que há três séculos e meio os liurais de Timor celebraram com a Coroa portuguesa. Encaro-a, sobretudo, como uma nova responsabilidade que doravante recai sobre os meus ombros, talvez humanamente demasiado fracos para suportarem o peso das que historicamente sobre eles repousam, mas que mesmo assim procurarei aceitar e honrar com todas as minhas forças: a de que, como timorense, serei obrigado a servir Timor, quanto como representante da Família Real portuguesa deverei, como os meus maiores, continuar a ser garante da sua liberdade.


Dom Duarte, Duque de Bragança

SAUDAÇÃO AO 1º DE DEZEMBRO

Arenga que proferi em Santo Aleixo da Restauração em 1/12/2006

Sobre o evento maior que originou o feriado do dia 1º de Dezembro, não deu a comunicação social qualquer notícia, limitou-se, porém, a fazer eco do silêncio que todos os órgãos de soberania decidiram dedicar ao assunto.

Sem embargo, na pequena povoação de Santo Aleixo da Restauração, no interior do Portugal profundo, a data não passou despercebida aos habitantes locais, que a comemoraram com dignidade, por iniciativa da autarquia local.

Aqui ficam algumas das palavras então proferidas.

“Não temos soldados destros, nem tantos capitães experimentados, faltam armas, munições e petrechos de guerra; que de nenhuma cousa destas ha o número que convinha; não obstante tudo isso, afirmo com o Senhor, que basta a união das pessoas para suprir todas essas faltas”.
Fr.Cristóvão de Lisboa, 16/12/1644

Caros concidadãos de Santo Aleixo:

Passaram 366 anos desde a data em que voltámos a querer escolher ter governantes portugueses a dirigir os destinos da velha casa Lusitana, e a afirmar-mo-nos como Nação politicamente individualizada na comunidade internacional. Tudo na senda iniciada no Campo de São Mamede, no longínquo dia 24 de Julho de 1128.

Essa decisão, eminentemente patriótica, preparada pelos 40 Conjurados, foi difícil e arriscada e custou-nos uma longa guerra de 28 anos, de muitas batalhas políticas, diplomáticas e militares, penosas e árduas, que empobreceram o país, causaram grandes danos materiais e custaram a vida a muitos milhares de antepassados nossos. Alguns deles pisaram o chão onde agora estamos.

Devemos curvar-nos perante a sua memória.

E tudo isto porque o ideal nacional calou mais forte; a ideia da independência superou os desânimos e amarguras e o desígnio da libertação da opressão e da ignomínia, multiplicou as forças e o ânimo.

É isso que, singelamente, hoje aqui comemoramos.

Sendo as comemorações nacionais, elas repartem-se por vários locais e também neste portuguesíssimo torrão que tem o significativo nome de Santo Aleixo da Restauração!

Pretendo, por isso, começar por saudar a Sr. Presidente da Junta de Freguesia e toda a sua equipa, por levar a cabo esta iniciativa.

Não deve a mesma ser interpretada como manifestação deslocada de passadismo histórico; antes vista, como lembrança saudável de eventos que moldaram a nossa identidade como povo e apuraram a nossa cultura.

Evocar aqueles que de entre nós se destacaram pelo seu valor, é uma prova de sensatez, pois cimenta a nossa coesão, que o seu exemplo escorasse nos aponta referências para o futuro. Evocar, ainda, aqueles que sacrificaram a vida, fazenda e saúde na defesa da nossa terra, não precisa de justificação. É, simplesmente, nosso dever fazê-lo. Este dever tem que ser passado de avós para netos.

Um argumento que vejo esgrimir por políticos e comentadores vários, contra este tipo de cerimónias (não faz sentido, então, manter os dias feriados se não comemoramos o que lhes deu origem), tem a ver com as eventuais ofensas que terceiros possam sentir.

Tal pensamento é uma verdadeira falácia que não tem razão de ser.

O que estamos aqui a realizar é um assunto nosso, é um assunto de família, de uma família antiga, com grandes tradições. Não é contra ninguém é, simplesmente, a nosso favor. E, caros concidadãos, acreditem que os estrangeiros não têm pejo algum em comemorarem o que muito bem entendem sem se preocuparem minimamente connosco. E se, por acaso, alguém não gostar, paciência, é o preço – se algum -, que temos de pagar por sermos livres e independentes.

Amigos de Santo Aleixo:

Estive a ler a vossa História que remonta ao ano de 1542. Quero, como português, neste inicio do século XXI, saudar-vos e aos vossos antepassados, sobretudo aqueles que se cobriram de glória para manterem a vossa e nossa terra, em mãos portuguesas, em 1641, 1644 e 1704. Caso assim não tivesse ocorrido, ainda hoje estariam, porventura, cativos como está, para nossa vergonha e opróbrio, a vila de Olivença e o seu termo.

Sempre o nosso país passou por vicissitudes e tivemos sempre que viver com a espada numa mão, o arado na outra e um crucifixo ao pescoço.

Poderão pensar que os dias de hoje são diferentes, mas a essência das coisas mantêm-se-mo muda. Gostaria que meditassem nisto.

A Independência de Portugal passa pela independência de cada um de nós: independência económica, financeira, cultural, psicológica, etc., conhecimento das coisas e da vidasse carácter para nos afirmarmos e mantermos. Em simultâneo teremos que reter e desenvolver a capacidade para nos organizarmos e trabalhar, tanto em família como em sociedade, mantendo os laços e objectivos comuns, que nos unem como Nação. Só assim não nos diluiremos um dia, numa qualquer organização internacional onde nos queiram enredar.

Por isso, se quisermos compreender a catástrofe iniciada com a entrada do Duque de Alba em Lisboa e finalizada nas Cortes de Tomar de 1581 (embora a Ilha Terceira só se tenha rendido em 1583), teremos que responsabilizar, em primeiro lugar a nós próprios, pois foi a nossa incúria, ignorância e cupidez, os principais factores que nos agrilhoaram 60 longos anos. Não foram 60 dias.

Portugueses de Santo Aleixo:

Não é hoje Filipe I que está sentado no trono em Madrid. Mas atentemos que se ao longo das sucessivas gerações de portugueses foi passando o ideal da independência (embora os iberistas se continuem a manifestar e até já chegaram, aparentemente, ao Governo!), é natural esperar-se que na descendência Castelhana não tenha esmorecido o desejo de acrescentar mais uma província, ou autonomia à Espanha.

Lembro-vos a célebre frase de José de Carvajal y Lencastre, ministro de Estado ao tempo do Rei Fernando IV, de Espanha: "A perda de Portugal foi de puro sangue expor isso, o ministro espanhol que não pense constantemente na reunião, ou não obedece à lei ou não sabe do seu ofício"

Elucidativo é, também, o que o ministro dos negócios estrangeiros espanhol Fernando Moran, afirmou logo na primeira cimeira Luso-Espanhola – a que, inexplicavelmente, os governantes portugueses permitem que se chame “Ibérica” -, ocorrida a seguir ao 25 de Abril de 1974,e cito: "A reconversão histórica de Portugal passa pela continentalidade e, sem dúvida, pela Europa, salvo se, como fez desde Aljubarrota aos Tratados de Windsor, procurar converter-se na base de desembarque de uma potência ultramarina e salvo se enfeude aos EUA e à NATO”.

Caros concidadãos:

Até aos nossos dias pesou, sobretudo, sobre nós a ameaça militar e diplomática. Os tempos mudaram e essa ameaça passou para terceiro plano. A ameaça agora é global e vai do futebol às finanças; da agricultura ao turismo e às pescas; da cultura ao comércio. E as defesas com que contávamos, a fronteira, acessos, leis nacionais, apoios externos, etc. estão hoje diluídos ou, simplesmente, desapareceram.

E se, em 1640, interessava mais internacionalmente, a existência de dois ou mais estados na Península Ibérica, esse interesse diminuiu substancialmente ou desapareceu nos dias que correm. Aliás, tudo se faz para confundir a opinião pública no sentido de considerar a Península ou a “Ibéria”, como um todo político, quando ela apenas representa uma realidade geográfica!

A ameaça que paira sobre nós não é fictícia, e é hoje muito mais perigosa porque é mais dissimulada, embora não prescinda igualmente de quintas colunas e ingénuos úteis.

Por isso, a muitos, é difícil aperceberem-se do que se passa e acreditarem nos perigos que o futuro nos possa reservar.

Lamentavelmente a comunicação social de que somos servidos e onde, aliás, as empresas espanholas não param de investir, liga muito pouco a eventos como este. Prefere os “fait divers”, os assuntos menores, as tricas dos senhores do futebol, os amores e desamores dos personagens das novelas, etc. O “negócio” em que tudo isto isto se transformou, não parece compatível com o conhecimento e a cultura...

Meus caros concidadãos deste cantinho grande de Portugal:

Nós não podemos ter dúvidas ou ser ingénuos: a independência e a soberania, são os bens mais preciosos que temos a seguir à vida. Elas conquistam-se e defendem-se. Não se discutem nem referendam! Nem, tão pouco, carecem de ser aferidas em sondagens tolas, que escondem desígnios ínvios ou apenas expectativas de maiores tiragens...

A existência de Portugal como individualidade politica e identidade cultural própria – e não poderá haver uma sem a outra -, sempre exigiu um preço muito elevado em vidas, em haveres, em sacrifícios, em trabalhos e, até, em sujeições e afrontas.

Este preço vai continuar a ser cobrado.

A questão que se põe é esta: teremos nós a estamina e o querer para nos mantermos neste desiderato? Teremos nós a sageza e a coragem de adequarmos a organização política do Estado às necessidades de cada momento e sabermos escolher a liderança mais capaz de nos guiar no nosso destino de portugueses? É este o desafio que deixo ao vosso pensamento.

É mister concluir.

Na certeza de que, em Madrid, os ministros obedecem à lei e sabem do seu ofício, torna-se necessário lembrarmo-nos e lembrar-lhes o exemplo de Frei Heitor Pinto, patriota sem mácula e que, por isso, morreu miseravelmente numa masmorra, em Madrid, e que afirmou: "El Rei Filipe bem poderá meter-me em Castela, mas Castela em mim, é impossível".

Comemorar o 1º de Dezembro é uma reafirmação do nosso querer colectivo. Deve fazer parte da cultura nacional até se tornar um acto reflexo.

Hoje é, pois, dia de recordar varões insignes desta terra, como Martim Carrasco Pimenta, Aleixo Carrasco. Lopo Mendes Sancas, João Mendes Sancas, Lopo Caeiro Sancas, Pedro Bacias, Frei Pedro, o Prior Pedro Carrasco e muitos outros e outras, que se destacaram nas guerras da Aclamação e que fizeram jus às palavras do cronista António Alvares:

E os de Santo Aleixo responderam que não desamparariam o lugar, porque lhes não parecia honra do Reino, antes se ficavam aparelhando para o defender e ficar, se fosse necessário por serviço do seu Rei, sepultados entre as ruínas de suas casas, porque, com isto, quando perdessem as vidas salvariam as honras, que mais estimavam”;

e só em não perder a honra reparavam”;

E como Lopo Mendes quisesse levantar bandeira branca e pedir quartel, as mulheres que estavam dentro no reduto, que em outras partes costumam ser ocasião de se entregarem praças, lho não quiseram consentir e, pegando na bandeira, lha fizeram abaixar”;

E quiseram mais morrer livres e honrados que viver cativos e abatidos”.

O meu bem-haja à população de Santo Aleixo da Restauração, o qual só pode ser ultrapassado por um grande VIVA PORTUGAL!

João José Brandão Ferreira

João José Brandão Ferreira
Ten. Cor. Piloto Aviador (ref.) - Cmd. Linha Aérea

S.A.R., DOM DUARTE VISITOU A EXPOSIÇÃO DAS CAMÉLIAS EM SINTRA

In Jornal da Região - Sintra- 21-03-2012

A LUTA DOS BASTARDOS REAIS

A bastardia real foi quase sempre uma instituição, seja em Portugal ou em qualquer outro reino por essa Europa, dando azo, não raras vezes, a conflitos. Cite-se o exemplo da Guerra Civil entre D. Dinis e seu filho, futuro D. Afonso IV, a pretexto do favoritismo que o primeiro dava ao seu bastardo, Afonso Sanches. Ou o caso de D. João I, que sendo bastardo sucedeu a seu irmão (D. Fernando), que tinha filha legítima (Dª Beatriz). Ou no caso da nossa vizinha Castela, na guerra fratricida entre Pedro "O Cruel" e o seu meio-irmão, Henrique de Trâstamara, filho de seu pai, Afonso Onzeno, e da sua favorita, Luísa de Guzman.
Se fosse necessária mais alguma evidência, vejamos que as chamadas duas dinastias portuguesas (designação de que discordo) que sucederam à linha varonil de Dom Afonso Henriques, tiveram por base filhos bastardos reais, sendo D. João I uma espécie de charneira, porque sendo filho bastardo de D. Pedro I (o tal da Inês de Castro), teve também ele um filho bastardo, Dom Afonso, que casou com a filha única do Condestável D. Nuno Álvares Pereira, e que foi o primeiro Duque de Bragança - título concedido pelo Infante Dom Pedro, que viria a morrer em Alfarrobeira, muito por culpa deste mesmo Dom Afonso, que ele há pouco havia feito duque...
Sempre houve uma luta deliberada pela primazia destas linhas colaterais, que se afanavam por mostrar a sua linhagem real. Em Vila Viçosa, a porta dos nós simboliza essa pretensão. A divisa "Depois de Vós, Nós" não queria dizer outra coisa que isto: "depois da família real, os fidalgos mais importantes do reino somos nós". No entanto essa ascendência foi consolidada sobretudo com base na riqueza incomensurável de Nuno Alvares, após a sua vitória em Aljubarrota, que veio a ser incorporada, na íntegra, na casa de Bragança. Contudo, alguns bastardos reais disputaram essa preponderância, sendo o mais conhecido D. Jorge, filho bastardo de D. João II e que este tentou com afinco coloca-lo no trono no lugar do seu cunhado, futuro D. Manuel. Acabou ostracizado da corte, vivendo em Palmela a maior parte da sua vida, onde era Mestre da Ordem de Santiago.
Se este Dom Jorge teve uma vida pacata, o mesmo não poderá dizer o seu  filho, D. João, cuja vida deu azo, inclusive, para um romance de Camilo Castelo Branco -"O Marquês de Torres Novas"- e que viria a ser o primeiro Duque de Aveiro. O seu drama tem origem no casamento que este jurou ter contraído com Dona Guiomar Coutinho, viúva e herdeira de uma fortuna imensa, e que D. João III quis casar com um irmão seu - O Infante Dom Fernando. Quando este protestou contra este casamento, alegando que já tinha casado, a furto, com a senhora, a sua posição não prevaleceu e acabou encarcerado quase uma década no Castelo de São Jorge. Mais tarde também tentou, debalde, casar com uma filha do 4º Duque de Bragança, o desequilibrado D. Jaime. Apesar de tudo, D. João III, que era piedoso e provavelmente terá sentido remorsos pela situação daquele descendente de D. João II, fê-lo Duque de Aveiro. Mas não deixou de fazer-lhe uma nova afronta: exigiu que ele adoptasse um apelido. Naquela altura era ultrajante, para alguém com aspirações à realeza, ter que escolher um apelido, que os distinguisse da linhagem real.
Então, o agora Duque de Aveiro optou por um apelido alusivo a um antepassado, mas que não pudesse ser apresentado também como troféu pelos Duques de Bragança. Estava excluída a linha de D. João I, porque também entroncava na dinastia brigantina, mas lembrou-se de Dona Filipa de Lencastre, filha de João de Gant, Duque de Lencastre, mulher de D. João I, e que não tinha nenhuma relação com a origem da casa de Bragança. Deve ter-lhe dado imenso gozo optar por um apelido materno tão ilustre, quando o Duque de Bragança descendia de uma tal Inês Pires, cujo pai era conhecido como o "Barbadão". No fundo, o que ele queria dizer era: eu descendo do prestigioso Duque de Lencastre e tu do obscuro "Barbadão". Parco consolo para uma vida que não lhe terá dado grandes motivos de gáudio. 
D. Afonso Henriques

PRÍNCIPE HERDEIRO TAILANDÊS SOBRE PORTUGAL

SAR, o Príncipe Maha Vajiralongkorn, herdeiro do Trono Tailandês, proferiu o seguinte discurso por ocasião do Colóquio Internacional sobre as relações luso-tailandesas que decorreu em Bangkok por iniciativa da Universidade Técnica de Lisboa / Instituto do Oriente e da Universidade Chulalongkorn.

"É com grande prazer que acorro a este importante evento em que a Tailândia e Portugal se juntam para celebrar 500 anos de relações amistosas entre os povos de ambos os países. Esta relação pode ser seguida desde aquele ano de 1511 quando, animados pelo fervor de descobrir novas terras, os navegadores Portugueses tocaram o Sião. A História lembra-nos que foi graças ao pensamento visionário do monarca português e do apoio concedido a Vasco da Gama na sua primeira expedição que Portugal se antecipou aos restantes países europeus e se estabeleceu na Índia e no Sudeste-asiático. Os Portugueses chegaram a Ayutthaya, então capital do Reino do Sião, no reinado de Ramthibodi II, corria o mês de Julho de 1511.

Ao longo dos tempos, as cordiais relações abriram passo a outras formas de relacionamento e trocas culturais e artísticas, do comércio à arquitectura, da gastronomia à introdução do uso da artilharia ocidental. Portugueses estabeleceram-se em Ayutthaya sob protecção real e aí exerceram livremente o comércio e puderam praticar a sua religião.

Desde o seu início, as relações luso-tailandesas diferiram acentuadamente daquelas existentes entre o Sião e outras nações europeias, pois não foram marcadas nem pela ambição de cristianizar o Sião nem na presunção de estabelecer dominação militar mascarada pelo argumento da protecção ao comércio. Estas relações desenvolveram-se em permanente interacção entre os dois povos e mediante integração dos Portugueses na sociedade siamesa, em cujo exército se alistaram e destacaram na luta contra os inimigos de Ayutthaya.

Prova de que a amizade entre Thais e Portugueses ultrapassou aquela existente com outras nações europeias, o desejo do Rei Chulalongkorn em visitar Portugal no périplo que realizou à Europa em 1897. Ao longo dessa viagem, merece apontamento a diferença de tratamento que a imprensa europeia e a imprensa portuguesa deu ao Rei Chulalongkorn. Para a imprensa europeia de então, o Rei do Sião era o "Rei o Elefante Branco", enquanto que para a imprensa portuguesa aludia a Chulalongkorn como o "Senhor da Vida".

Gostaria ainda de aludir a um outro aspecto da amizade entre as duas nações: a do estabelecimento dos Portugueses em Ayutthaya. Ali, o assentamento de Portugueses diferiu daquele ocorrido noutras paragens da Ásia, por exemplo, em Malaca e Singapura.

Nomomento em que a Universidade Chulalongkorn, através do seu Centro de Estudos Europeus e com o apoio do Ministério dos Negócios Estrangeiros, em colaboração com a Universidade Técnica de Lisboa e o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal organizam este simpósio internacional para promover o estudo e conhecimento sobre as relações luso-tailandesas (...), gostaria de formular os meus mais sinceros desejos de pleno sucesso. É minha esperança que este esforço fortaleça os laços entre nós e conduza a uma maior colaboração nos campos académico, científico, cultural e comercial.

Assim, declaro aberto este Simpósio Internacional sobre os 500 anos de relações entre Portugal e a Tailândia.



Príncipe Herdeiro encerra colóquio internacional sobre as relações luso-tailandesas


O Príncipe Herdeiro tailandês encerrou anteontem com grande brilho o colóquio internacional sobre os 500 anos das relações luso-tailandesas, realizado em Bangkok pelas universidade Técnica de Lisboa /Instituto do Oriente e Universidade de Chulalongkorn. A presença do Príncipe Vajiralongkorn constituiu, sem dúvida, uma grande honra para Portugal, pois raramente acede a convites desta natureza.

O colóquio contou com a presença de nove académicos portugueses, uma dezena de docentes tailandeses e ainda de George Sioris, antigo embaixador da Grécia e empenhado lusófilo. Pediu-me o Professor Vasconcelos de Saldanha, coordenador português das jornadas, que o substituísse em representação da delegação.

Após proferir discurso alusivo às celebrações, o herdeiro do trono inaugurou uma exposição de artes plásticas do Professor Arquitecto Assani, inteiramente composta por aguarelas que o artista produziu no passado ano em Lisboa. A ideia de uma exposição nasceu em Lisboa há meses, no decorrer de um jantar que ofereci em minha casa. Então, confrontado com uma belíssima série de apontamentos riscados pelo conhecido pintor, o Professor Vasconcelos Saldanha sugeriu que as obras fossem expostas na capital tailandesa.

quinta-feira, 29 de março de 2012

O ACORDO ORTOGRAPHICO

FREGUESIAS COM HISTÓRIA EM RISCO DE EXTINÇÃO - ARENTIM

Arentim, uma freguesia que tem as suas delimitações definidas há mais de mil anos é uma freguesia a extinguir.

Informar a população sobre o que “realmente está em causa” com a reforma da administração local e apelar à participação na grande manifestação que a Anafre — Associação Nacional de Freguesias promove no próximo dia 31, em Lisboa.
“Arentim é uma freguesia a extinguir. Na versão do Governo é uma freguesia a unir, mas o que realmente se pretende é acabar com Arentim”, começou por dizer Manuel Pinto, presidente da junta.
Membro da Anafre, Manuel Pinto revelou ter “informação privilegiada” sobre o que o Governo pretende fazer e que é proceder à votação final da reforma do mapa de freguesias no próximo dia 27. “A determinação do Governo é muita e não nos ouve.
Ou melhor, até nos ouve, mas não nos escuta”, disse o autarca, frisando que se sente triste só de pensar que poderá ser o último presidente de junta de Arentim, uma freguesia que tem as suas delimitações definidas há mais de mil anos.
Manuel Pinto contrariou o argumento de que esta reforma é uma imposição da troika: “no memorando assinado com a troika fala-se da diminuição de freguesias e de concelhos. O Governo já deixou cair a vontade de mexer nos concelhos, por isso também pode deixar as freguesias em paz”.
O autarca recusa querelas políticas e não esquece que também o Governo PS já tinha iniciado este processo de reforma do poder local. Em Arentim, este tema gera consenso entre as forças políticas, como ficou demonstrado pela presença na mesa do plenário de representantes da oposição.
E as forças políticas apelaram ao movimento associativo para que se associe a esta luta, nomeadamente através da sua participação na manifestação do dia 31. “O que se pretende é realizar uma manifestação sui generis com os movimentos etnográficos das freguesias: ranchos folclóricos, bandas filarmónicas, entre outros”, explicou o presidente da junta, dando nota que já tinha informação de que o Grupo Cénico de Arentim vai desfilar na capital do país envergando os melhores trajes do seu valioso espólio.
Aos populares que se quiserem associar, a Junta de Freguesia garante transporte num autocarro já fretado para realizar a viagem até Lisboa.
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Jornal "Correio do Minho" de 19 de Março, pág. 5

MAFRA: UNIÃO EUROPEIA PREMEIA RESTAURO DOS ÓRGÃOS DO CONVENTO

O restauro dos órgãos da basílica do Convento de Mafra recebeu um dos prémios do concurso Europa Nostra, na categoria de “Conservação”. O Prémio União Europeia de Património Cultural foi ainda atribuído ao complexo da Sinagoga Portuguesa, em Amesterdão, na Holanda.
 
A primeira fase do concurso da organização não-governamental Europa Nostra seleccionou 28 vencedores entre 226 candidaturas de 31 países europeus.
 
Portugal conseguiu um troféu na primeira categoria, através do projecto de restauro dos seis órgãos da basílica do convento de Mafra, orientado pelo mestre organeiro Dinarte Machado.
 
Também na área da Conservação foram distinguidos três projectos da Grécia e da Espanha, dois do Reino Unido e um na Holanda – a Sinagoga Portuguesa -, na Alemanha, Bélgica, Lituânia, Roménia e Turquia.
 
A Europa Nostra distinguiu igualmente três projectos na área de Investigação: o "Protocolo Inovador para a Conservação das Pinturas em Tela", apresentado pela França, um estudo sobre o Código Botânico do Altar da Paz de Augusto, em Roma, e o estudo do Restauro do Palácio Nolla, em Meliana, na comunidade espanhola de Valência.
 
Na terceira categoria, "Contribuição exemplar de um indivíduo ou grupo" foram distinguidos a Fundação Cultural do Grupo Bancário Piraeus, da Grécia, o Paraschiva Kovacs, de Satu Mare, da Roménia, a iniciativa "Allianoi" e Ahmet Yaras, da Turquia, e a Sociedade de Protecção dos Edifícios Antigos, do Reino Unido.
 
Na quarta categoria, "Educação, formação e sensibilização", foram distinguidos cinco projectos representantes da Dinamarca, Finlândia, França, Noruega e Reino Unido.

Cerimónia de entrega dos prémios no Mosteiro dos Jerónimos
 
Os troféus serão entregues no dia 1 de Junho, numa cerimónia que tem este ano lugar no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa. No mesmo evento, que decorre no âmbito do Congresso anual do Património Europeu, serão divulgados os seis Grandes Vencedores finais do concurso, que vão receber 10 mil euros.
 
Na cerimónia vão estar presentes o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, o Presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso e o presidente da Europa Nostra Plácido Domingo.
 
A Europa Nostra representa 250 organizações não-governamentais e sem fins lucrativos, de mais de 50 países europeus, e conta com o apoio de mais de 150 membros associados representativos de organismos públicos e privados, e 1.500 membros individuais.
 
Os prémios são financiados pelo Programa Cultural da União Europeia, que investiu cerca de 30 milhões de euros no co-financiamento de projectos ligados ao património desde 2007.

Para saber mais sobre os prémios clique AQUI.
 

TRAJE TRADICIONAL É VESTIDO REAL

Rainha Augusta Victoria em vestido tradicional portuguesa.