Na Vontade de Um Povo, A história de Portugal
Portugal nasceu de uma forte vontade de
autonomia política face a Leão. A criação do Reino de Portugal ficou a
dever-se ao grande prestígio pessoal e autoridade granjeados por D.
Afonso Henriques na sua actividade guerreira.
Inicia-se assim a primeira dinastia portuguesa, que reinou desde 1140 até 1383.
A Vontade de Ser Português e a liderança do Mestre de Aviz permitem a defesa da independência nacional e lançam o nosso país na grande Epopeia dos Descobrimentos.
Foi a vontade popular, consequentemente A Vontade de Ser Português, que levou ao apoio do Prior do Crato, aquando da morte do Cardeal D. Henrique.
Após sessenta anos de domínio espanhol, foi com a Vontade de todo um Povo, A Vontade de Ser Português, que um movimento insurreccional apareceu, levando ao nascimento de uma nova dinastia, a de Bragança.
Portugal recuperou assim a sua
independência antiga de 500 anos, que só foi possível, e é bom que se
realce, pela manutenção de uma forte vontade de SER PORTUGUÊS, enraizada em toda a população.
Foi esta vontade de Ser Português que levou à expulsão dos franceses e ao regresso da corte do Brasil.
Apesar de toda esta tradição, no início do século XX A VONTADE DE SER PORTUGUÊS
foi violenta e ilegalmente amordaçada por um golpe de força de uma
minoria, uma sociedade secreta e terrorista, a carbonária, que derruba
800 anos de história, contra o consenso nacional, que não justificava a
implantação da república, nunca referendada pelo povo português.
Os atropelos à vontade de SER PORTUGUÊS
continuaram até aos nossos dias, onde já se fala em perda de soberania
pelos estados incumpridores dos critérios de estabilidade…
Isso mesmo referiu a chanceler alemã,
Angela Merkel, ao defender numa entrevista concedida num passado recente
à televisão pública ARD, o agravamento de sanções a países da zona euro
que não cumpram os critérios de estabilidade, incluindo a perda de
soberania ou parte da mesma, se se verificar que o país em questão não
cumpriu os seus próprios compromissos.
E de qual parte da Soberania devem os países abdicar?
Será que a Alemanha continua com
tendências expansionistas e pretende que a parte (que não se sabe qual
é) de Soberania que os países perderão, vai ser anexada pela Alemanha ou
mesmo sugada pelo eixo franco-alemão?
Será que a chanceler alemã desconhece
que a Soberania é inalienável e indivisível e deve ser exercida pela
vontade geral, que é a soberania popular (Jean-Jacques Rousseau)?
Será que pretende colocar ministros no nosso Governo? Será que pretende tomar conta do Poder legislativo?
Com toda a razão, o Prof. Freitas do
Amaral referiu há uns meses na conferência ‘’O Estado e a
Competitividade da Economia Portuguesa”, organizada pela Antena 1 e pelo
Jornal de Negócios que ‘’A União Europeia deixou de ser uma união de
Estados subordinados ao princípio de igualdade e passou a ser um
directório dirigido por uma pessoa e meia", e que ‘’Portugal não pode
desprezar a sua qualidade de Estado soberano que participa na União
Europeia em condições de igualdade e tem de fazer ouvir a sua voz’’.
Nesta Eurolândia do salve-se quem poder,
os alemães pretendem uma Zona Euro a várias velocidades, o que na
prática implica perdas parciais de soberania por parte dos países mais
fracos.
A Soberania é una e indivisível, pelo que não pode haver dois Estados no mesmo território, é delegada, mas pertence ao povo português, é irrevogável, é suprema na ordem interna, é independente na
ordem internacional, uma vez que o Estado não depende de nenhum poder
supranacional e só se considera vinculado pelas normas de direito
internacional resultantes de tratados livremente celebrados ou de
costumes voluntariamente aceites.
A Europa está a desintegrar-se como
Europa e caminha a passos largos para um eixo político entre a França e a
Alemanha. Está claro que a solidariedade europeia é um conceito do
passado fundacional e que Angela Merkel e a Alemanha se situaram mesmo à
frente do resto da União.
Sim, Portugal perdeu a independência por
causa da integração na Comunidade Europeia. A nossa Identidade de mais
de oito séculos está a diluir-se e a nossa Alma Lusitana está ameaçada.
Cuidado, pois somos porta-voz de uma Cultura Única e Universal que não se implantou por imposição, mas pela vontade de um Povo que sente orgulho em SER PORTUGUÊS, ao lado do seu Rei.
Já Eça de Queiróz o afirmou ‘’Qualquer dia, Portugal já não é um país, mas sim um sítio. E ainda mais mal frequentado’’
Palavras sábias, estas de Eça de
Queiróz, que antecipam num século aquelas que recentemente proferiu o
sociólogo António Barreto ao admitir que Portugal pode deixar de existir
como estado independente dentro de algumas décadas, mencionando como
exemplo no Oceano Pacífico, a Ilha de Páscoa, cujos habitantes
desapareceram não só pelas decisões tomadas mas também pela maneira como
viviam.
E prossegue, acusando os dirigentes
partidários que governaram Portugal nos últimos anos, de ludibriarem a
realidade omitindo factos que ajudaram às dificuldades em que o País se
encontra, de esconderem informação e mentirem ao povo, pois se ainda há
quatro ou cinco anos, o país vivia desafogadamente como foi possível
passar a uma situação de falência iminente e bancarrota?
Estou inteiramente de acordo com o
ilustre sociólogo, quando diz que considera muito conveniente perguntar
aos políticos o que vai acontecer no futuro…
Por tudo isto e principalmente pela VONTADE DE SER PORTUGUÊS não podemos permitir que os nossos governantes façam aquilo que muito bem lhes apetece.
É preciso dizer basta! Já chega desta
república ideológica. Não podemos pactuar mais com o regime que nos foi
imposto pela força e que está assente no derramamento de sangue de um
Chefe de Estado legítimo e de seu filho.
É preciso incutir uma nova maneira de estar na política reafirmando e reformulando algumas ideias, que terão de passar pela dignificação da pessoa humana, ecologia, ambiente, etc.
A promoção destas novas ideias terá de
ser feita de forma clara, para que as diferentes camadas da população
compreendem a mensagem, sendo que para isso é necessário entrar no
quotidiano dos portugueses.
É preciso a renovação dos partidos
políticos, bem como dos quadros dos já existentes; é preciso chamar
novas pessoas para a política.
Será que é livre um povo que vê o poder
dos partidos enraizar-se a todos os níveis da vida nacional, de tal
forma que é praticamente impossível ocupar algum lugar de relevância se
não pertencer a um qualquer partido que esteja no governo?
Será que é livre um povo cujo
desenvolvimento, depende cada vez mais de fundos europeus, cujo
pagamento implica a perda de soberania?
Será que é livre um povo onde muitos dos
seus membros vivem com reformas de 200,00€ e com um salário mínimo
nacional de 485,00 €?
Será que é livre um povo que vê ficar impune a corrupção e o tráfico de influências?
Será que é livre um povo que perdeu o
hábito de protestar, de se indignar e de se revoltar, quando a sua
honorabilidade e a sua liberdade estão em perigo?
Portugal pode mudar se tivermos a coragem de traduzir em acções os nossos princípios, e se soubermos possuir a Vontade de Ser Portugueses e de Ser Livres.
Não posso deixar de citar novamente o
brilhantíssimo Eça de Queiróz com um pensamento perfeitamente actual:
Portugal está a atravessar a pior crise “Que fazer? Que esperar?
Portugal tem atravessado crises igualmente más: - mas nelas nunca nos
faltaram nem homens de valor e carácter, nem dinheiro ou crédito. Hoje
crédito não temos, dinheiro também não - pelo menos o Estado não tem: -
e homens não os há, ou os raros que há são postos na sombra pela
política. De sorte que esta crise me parece a pior - e sem cura.” Eça de Queirós, in “Correspondência” (1891).
Enquanto Vivermos em Anarquia (entendida
como sistema de organização da sociedade em que se tornam
desnecessárias a quase totalidade dos Órgãos de Soberania, com excepção
da Instituição Real) Ninguém nos destruirá!
A terminar o célebre grito de Almacave,
proferido pelos povos representados nas Cortes de Lamego, simbolicamente
identificado com a fundação do Reino de Portugal. ‘’Nós somos livres,
nosso Rei é livre, nossas mãos nos libertaram’’ (Nos liberi sumus, Rex
noster liber est, manus nostrae nos liberverunt).
publicado por José Aníbal Marinho Gomes em Risco Contínuo
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