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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

PAPA BENTO XVI RENUNCIA



S. S. O Papa Bento XVI anunciou a sua renúncia à cadeira de Sumo Pontífice da Igreja de Roma, no próximo dia 28 de Fevereiro, por motivos invocados de agravamento de saúde que o impossibilitam de exercer cabalmente o seu pontificado.

Esta decisão de resignação papal apanhou de surpresa a quase maioria dos católicos, mesmo entre os membros mais destacados da Igreja portuguesa. Recorde-se que desde o século XV que nenhum Papa resignava.

Os exemplos anteriores foram de Celestino V no século XIII (Pietro Angeleri de seu nome).

O eleito era um frade membro da Ordem de São Bento que vivia em reclusão e era conhecido por ser um espiritualista radical e um asceta.

Pietro era proveniente de uma família camponesa modesta e passou grande parte de sua vida vivendo como eremita no monte Morrone, onde participou da fundação de uma congregação de monges chamados celestinos. Em função disto, adoptou o nome papal de Celestino V.

Nunca havia estado em Roma, e fez uma entrada triunfal montado num burro em Áquila. Porém, desacostumado com jogos de poder, o novo papa não possuía a habilidade e a malícia necessárias para governar a Igreja Católica. Era fraco e submisso.

Foi facilmente convencido por Carlos II de Anjou, rei de Nápoles, a mudar-se para o seu reino e distribuir cargos e privilégios para os amigos.

Visivelmente, Celestino V não era ajustado para o cargo de Supremo Pontífice da Igreja Católica. De tal modo que, no mesmo ano, foi pressionado pelo cardeal Benedicto Caetani até abdicar do posto no dia 13 de Dezembro de 1294.

Desde o princípio, a sua fragilidade para governar foi sentida, e a família Caetani aproveitou-se disso e conseguiu eleger, já no dia 24 de Dezembro, o papa sucessor, que receberia o nome de Bonifácio VIII. Este, ao assumir o cargo, aboliu a congregação de monges criada por Pietro e enviou o seu antecessor para uma vida de reclusão. Há suspeitas, inclusive, que Bonifácio VIII tenha mandado envenenar Celestino V, em 1296. Clemente V, em 1313, canonizou o papa Celestino V).

O outro papa que resignou foi Gregório XII em 1415.

O Papa Gregório XII, de nome baptismal Angelo Correr, nasceu em Veneza. Patriarca latino de Constantinopla, foi eleito Papa no dia 30 de Novembro de 1406.

Com mais de oitenta anos de idade, foi coroado no dia 19 de dezembro do mesmo ano. Fisicamente muito magro e alto, somente "pele e ossos" segundo crónicas da época, assumiu o espírito ascético e conciliatório com relação aos problemas da Igreja Católica, principalmente com Bento XIII, o antipapa que residia em Avignon. Decidido a resolver o problema do cisma encarou-o de forma sincera, declarando inclusive a ideia de abdicar a Cátedra de São Pedro se isso resultasse em paz definitiva. Declarou-se pronto a imitar a mãe que em presença do rei Salomão preferia entregar o próprio filho em mãos estrangeiras do que vê-lo morrer, Gregório XII conquistou o coração do clero internacional e de diversos soberanos, colocando o antipapa na parede. Este, sem poder esquivar-se de tal vontade, decidiu-se favorável ao encontro com Gregório na cidade italiana de Savona. A ideia de abdicar resultou em uma rápida reacção da família de Correr, muitos deles já devidamente instalados nos diversos postos de comando da administração da igreja. O nepotismo então reagiu firmemente a essa ameaça. Gregório XII então cedeu aos apelos da família.

A opinião publica na época ficou horrorizada com a atitude dos parentes do Papa, insultando-os inclusive com cartas "a Satanás", endereçadas ao Arcebispo de Ragusa. Apesar do insucesso, Bento XIII se viu sob assédio em Avignon do rei francês. Consegue fugir para Aragão em 1408, e, emitindo uma bula, convoca um Concílio para Perpignan.

Em Paris, o rei decidiu então concorrer com ambos os Papas e decretou um outro Concilio, reunindo os cardeais dos dois líderes católicos, a Pisa em marco de 1409. A convocação deu-se por meio de sete cardeais rebelados de Gregório XII porque este havia nomeado dois sobrinhos como cardeais. Unindo-se aos rebeldes um grupo de cardeais de Avignon, reunidos em Livorno.

A ideia era reunir os dois Papas e - fosse o caso - força-los a renunciar ou então depô-los. Gregório XII reage com firmeza aos rebeldes, e após uma primeira tentativa de aproximação e perdão, anunciando um novo Concílio em uma cidade do Veneto para esclarecer os fatos. Não obtendo sucesso, acabou por nomear dez novos cardeais e excomungou os rebeldes. Dado a reacção da opinião publica romana, decidi por partir a uma região mais segura aos seus interesses, se mudando para Rimini em 1409. Estava formada uma enorme confusão no seio da Igreja.

Com tais acontecimentos, o primeiro Concílio, em Perpignan (anunciado por Bento XIII) começou de fato, com a presença de 120 prelados e diversos soberanos que estavam tomando partido de um ou de outro. O rei Roberto do Palatinado Renano apoiava Gregório, porque via no Concílio de Pisa a influência poderosa do Rei da França. Ladislau de Nápoles, como titular de "defensor da Igreja de Roma", também se apoderou da cidade deixada pelo Papa e anunciou ser contra o Concílio desejado pelo rei francês. Nesse clima de tamanha confusão iniciou-se o Concílio de Pisa em 25 de Março de 1409, com a presença de 10 cardeais fiéis a Bento XIII, 14 cardeais fiéis a Gregório XII, 4 patriarcas, 80 bispos, 27 abades e diversos doutores de Teologia e Direito Canónico, além de vários prelados que abandonaram Perpignan. Como presidente do Concílio foi nomeado o cardeal de Poitiers, Guy de Maillesec.

No primeiro dia foram chamados os dois Papas, esperados até o dia 30 de Março e como não se apresentaram, foram declarados ausentes. Gregório XII foi defendido pelo rei alemão Roberto do Palatinado Renano, declarando ser ilegítimo um Concílio não anunciado pelo Papa e que qualquer acção em matéria de renuncia do Papa seria portanto ilegal. Ignorado, o Concílio se declarou ecuménico e reuniu definitivamente os presentes que recusaram a obediência tanto a Gregório como a Bento. A 5 de Junho o Patriarca de Alexandria leu a sentença que decretava Pedro de Luna (Bento XIII) e Gregório XII retirados do cargo de líderes da Igreja Romana como cismáticos, considerando a sede vacante. Dez dias depois, os 24 cardeais entraram em conclave e elegeram por unanimidade o Bispo de Milão, Pietro Filargo, como novo Papa, sendo consagrado na Catedral de Pisa em 7 de Julho e assumindo o nome de Alexandre V. Com a intenção de prosseguir os trabalhos para afrontar a reforma aos problemas imensos da Igreja, não teve sucesso. Os prelados estavam esgotados de discussões. Concluiu-se os trabalhos e anunciou-se um novo concílio especifico para 1412.

O caos na Igreja não diminuiu com a conclusão do Conclave de Pisa. Ao contrário, aumentaram. Teólogos, doutores de Direito Canónico, já diziam que tal Concílio era uma farsa, sem fundamento jurídico e para piorar a situação havia 3 papas no comando a Igreja: Gregório XII (que representava a Itália, Alemanha e o norte da Europa), Bento XIII (que representava a Escócia, Espanha Sardenha, Córsega e parte da França) e Alexandre V (com a maior parte das Ordens Religiosas decididas a fazer uma inteira reforma na Igreja). Gregório XII não ficou todo esse tempo assistindo aos factos. Como prometido, iniciou os trabalhos no seu Concilio na cidade de Cividale del Friuli (perto de Aquileia) e no dia 22 de Julho declarou como legítimos apenas os pontífices sediados em Roma, a partir de Urbano VI até ele próprio. Todos os demais eram declarados antipapas - de Clemente VII até Bento XIII e, é claro, Alexandre V. Deixou claro que estava ainda disposto a abdicar ao trono de São Pedro, desde que os outros dois fizessem o mesmo e todas as correntes do pensamento da Igreja se reunissem em um único colégio, e fosse eleito um novo Papa, com aprovação de, pelo menos, dois terços dos cardeais das três correntes de pensamento. Procurou apoio dos Reis da Alemanha (Roberto), de Ladislau (Nápoles) e Segismundo (Hungria) para que promovessem um plano de paz permanente e dentro da sua própria ideia. Entretanto mais um problema explodiu nas mãos de Gregório.

A "Sereníssima República de Veneza", com os Patriarcas de Aquileia e Veneza proclamaram-se obedientes a Alexandre V e tentaram prender Gregório XII. Este conseguiu fugir disfarçado, enquanto o seu funcionário - usando as roupas de Gregório - foi feito prisioneiro. Conseguiu chegar a Gaeta sob protecção do rei Ladislau de Nápoles. Roma, nesse meio tempo, era controlada por Luís d'Angio, reconhecido como rei de Nápoles pelo Concilio de Pisa, contra Ladislau. Assim, na primavera de 1410, Alexandre V pôde entrar em Roma aclamado como o verdadeiro Pontífice Romano directamente através do povo da cidade. Breve, porém, foi sua permanência. Aqueles que comandavam de facto o Concílio de Pisa, liderados pelo Cardeal napolitano Baldassarre Cossa, responsável pela região de Bolonha pelo próprio Alexandre V, já tramava a a substituição de Alexandre. Chamado a Bolonha, Alexandre V morre no dia 5 de maio, provavelmente envenenado pelo cardeal Cossa, que rapidamente reuniu um novo conclave e no dia 25 do mesmo mês nomeou a si mesmo Papa, com o nome de João XXIII - nome depois cancelado e renascido somente no século XX - e já no ano seguinte tomou posse da cátedra romana. Gregório XII já não imaginava poder mais voltar a Roma. Para seu azar, Roberto, rei da Alemanha morreu logo depois da coroação de João XXIII e Ladislau, receoso de Luís D'Angio, tratou com o ex-cardeal Cossa para tê-lo ao seu lado contra Luís. Com isso, Ladislau renunciou o seu apoio a Gregório VII e apoiou João XXIII, eleito segundo ele "por inspiração divina".

Em Roma, João XXIII prosseguia com os seus projectos de transformar o Vaticano numa fortaleza. Construiu a famosa passagem elevada que liga o Vaticano ao Castelo de Santo Ângelo, hoje conhecida como "Passetto", provavelmente restaurada pelo Papa Alexandre VI. Mas para sua surpresa, chegavam da Alemanha noticias sobre um novo pretendente à coroa do Sacro Império Romano Germânico: Segismundo, um dos diversos príncipes alemães que declarava intolerável para a cristandade a situação existente, com três pontífices, sendo que nenhum dos três tinha qualquer autoridade de facto. Como consequência, Ladislau rompe com João XXIII, que fugiu para Florença, enquanto o rei de Nápoles saqueava Roma. Em 30 de Outubro de 1413, Segismundo convocou todo o mundo religioso católico, príncipes, soberanos, para um novo Concílio Ecuménico que seria aberto em Konstanz (no sul da Alemanha, na fronteira com a Suíça) a 1 de Abril de 1414. Convidados também foram os três Papas reinantes, com o propósito de resolver de vez a situação e acabar com o cisma religioso, acabar com as novas heresias e reformar a instituição da igreja. João XXIII aceitou a proposta e assumiu a convocação, para "legalizar" o acto, anunciando-o como uma continuação do Concílio de Pisa. Gregório XII e Bento XIII recusaram participar. João XXIII, contente com a reacção dos outros dois papas, obteve de Segismundo a sua garantia de protecção a sua vida e entrou na cidade do Concilio triunfalmente no dia 28 de Outubro de 1414. Além dele, representantes de toda Europa cristã, num total de mais de 1800 eclesiásticos, teólogos, bispos, arcebispos, patriarcas e cardeais além dos representantes dos reinos interessados. Presidiu ao Concílio João XXIII. Segismundo, coroado Imperador do Sacro Império Romano Germânico em Aachen no dia 8 de Novembro, chegou na véspera do Natal.

A maior inovação foi dividir o concílio nas cinco regiões mais importantes para a Igreja: Itália, Alemanha, França, Castela e Inglaterra, cada uma liderada por um bispo. Outra inovação foi o direito de voto a todos os presentes, laicos inclusive, num novo conceito de democratização da Igreja. Com isso a autoridade era de todo o Concílio e não apenas do Papa (ou de um deles…) sendo negado o direito divino de soberania papal. Foi um duro golpe no poder da Igreja romana e pôs em jogo o futuro do papado. Apesar de tudo, Gregório XII enviou seu representante na pessoa de Giovanni Domici de Ragusa, anunciando que estava pronto a renunciar se os outros dois papas fizessem o mesmo. Pediu também que fosse retirada a presidência do Concílio a João XXIII. A assembleia do Concilio aceitou a proposta de Gregório XII e João XXIII recitou a sua parte no "teatro": em 2 de Março de 1415 foi o protagonista principal. Ajoelhou-se em frente ao altar e jurou ser seu único objectivo a paz na Igreja e o fim do Cisma. Teatralmente perfeito, tem nos seus bastidores a sua razão de ser: já começavam a circular vozes difamadoras contra ele e o antipapa João XXIII já não se sentia tão seguro do seu poder. O Grão-Duque da Áustria ajudou-o então a fugir e a refugiar-se na cidade de Sciaffusa, denunciando as intrigas e os preconceitos do Concílio e a violação das prerrogativas papais. Para confirmar a regra, nova confusão, e somente com a inteligência de Segismundo e do cardeal Pierre d'Ailly se evitou a dissolução do Concílio.

Chegou-se à conclusão de que os três papas deveriam renunciar por livre vontade ou seriam forçados a isso. A começar por João XXIII, cujo destino foi selado pelo regente de Nuremberg, que o recolheu de Sciaffusa e o levou para uma cidade próxima do Concílio. No dia 29 de Maio foi-lhe retirado o seu título de Papa, declarado culpado pela situação e posto em prisão. João XXIII implorou perdão e Segismundo entregou-o ao conde do Palatinado Renano, que o manteve sob custódia. Manteve-se prisioneiro dos príncipes alemães até que o novo Papa, Martinho V, não o soltasse, o perdoasse e o nomeasse Cardeal-Bispo de Tuscolo, onde morreu em 1420. Depois de João XXIII, era a vez de Gregório XII. Este papa comportou-se com muita dignidade. Em 15 de Junho de 1416 encarregou o seu amigo e protector, Carlo Malatesta, de comunicar à assembleia que espontaneamente abdicava ao papado, e para oficializar de facto o Concílio - pois era ele o único Papa de facto - declarou-o aberto naquele dia, por ele mesmo, através do seu representante, o Cardeal Dominici e legitimava os actos do Concilio como legais.

Dai por diante não haveria mais contestações quanto à legitimidade do Concílio de Constança. No dia 4 de Julho, Carlo Malatesta apresentou então a carta de renúncia de Gregório XII e, em reconhecimento pela dignidade mostrada pelo Papa, o Concílio convidava-o a assumir o posto de Bispo da cidade do Porto e a representação pontifícia da região italiana do Marche. Gregório XII agradeceu à assembleia numa carta onde assinou com seu nome de baptismo: "Ângelo, Cardeal e Bispo".

Morreu na cidade de Recanati em 18 de Outubro de 1417 e foi sepultado na catedral daquela cidade.

FINIS LAUS DEO!
 
Publicado por Fernando Sá Monteiro, em Risco Contínuo


Bento XVI, a força do exemplo

por João Pinto Bastos, em Estado Sentido

O homem contemporâneo, frívolo e ensoberbecido, jamais conseguirá compreender a essência do magistério católico. Bento XVI soube-o de antemão: lutou denodadamente contra os vendilhões do templo, fazendo da revivificação da fé a essência do seu papado. Obrou com o verbo, ligando, como poucos, as pontas soltas do subjectivismo relativista; ensinou e pacificou, dando um exemplo último de radical desinteresse pela vil matéria terrena. Ratzinger conhecia o objecto com que lidava: o insuportável e inamovível universo da vulgaridade. Sabia, também, que a matéria da ralé, que fermenta na mediocridade contingente do quotidiano, não é, na sua essência, domável. Talvez por isso Bento XVI tenha preferido, no derradeiro fim do seu apostolado colectivo, terminar os seus dias num mosteiro de clausura. Ratzinger não nos abandonou. Deixou-nos, com alma e ardor, a semente de um labor fremente pela paz e pelo conhecimento. Na companhia do Senhor, que desceu à Terra omissa e que remiu com o sangue do Filho do Homem os nossos pecados, venceu o Mundo. Resta-nos a nós, ovelhas de um rebanho transviado, seguir o seu exemplo, sabendo que Ele, o Deus que nos fez à sua imagem e semelhança, estará sempre connosco.

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