Em Portugal não há republicanismo. Nem doutrina
republicana. Nem sistema republicano. O que existe é uma longa tradição
anti-monárquica
Sim. É verdade. Os monárquicos são uma minoria. Dez por cento dos
portugueses. Se tanto. Os republicanos são outra minoria. Dez por cento
dos portugueses. Se tanto.
Os outros 80% são “marimbistas”. Ou seja, estão a marimbar-se. O que não é bom. Nada bom mesmo.
Dez por cento são republicanos – e duvido que o sejam mesmo. Em
Portugal não há republicanismo. Nem sistema republicano. Nem doutrina
republicana. O que existe é uma longa tradição anti-monárquica. A
vantagem de um sistema republicano, dizem eles, é evitar as desvantagens
de um sistema monárquico.
E por isso mesmo não se consegue discutir a questão do regime. Os
argumentos não giram em torno da bondade das propostas. Os argumentos
giram em torno dos palácios dos marqueses das herdades dos duques e das
fortunas dos condes. Discutimos a vida dos outros, os seus privilégios e
a sua vida. A sua qualidade de vida.
Cento e sessenta anos depois da publicação do manifesto comunista
discutimos a questão monárquica como se fosse o derradeiro episódio da
eterna luta de classes. Discutimos sempre a aristocracia. Luta de
classes. À antiga marxista. O que não deixa de ser irónico.
Cem anos depois, os únicos que têm palácios, herdades e fortunas são
os Comendadores da República. E aqueles que mais brincam com os anéis de
brasão herdam orgulhosamente medalhinhas republicanas. Mais
recentemente até se instituiu o hábito de herdar círculos eleitorais.
À semelhança de todos os sistemas que acreditam na luta de classes a
república tem uma estranha forma de lidar com a redistribuição de
riqueza. Tal como tem uma estranha forma de lidar com a democracia.
Porque na luta de classes há sempre “intelectuais” que devem “guiar” o
proletariado e o campesinato analfabeto. Os mesmo “intelectuais” que
proibiram constitucionalmente os portugueses de escolher entre monarquia
e república. Eles sabem o que é melhor para nós. Para o povo. E em
quase cem anos fica o regime a dever-nos 16 de caos, 41 de ditadura e
três de PREC.
Assim vamos. Guiados pelos intelectuais do outro século. Pelos
preconceitos do outro século. A discutir a questão do regime como se
estivéssemos a falar da revolução industrial. Tenho más notícias: os
tempos mudaram. E, um destes dias, temos mesmo de discutir a questão.
Bem sei. Temos assuntos mais urgentes para tratar. A crise, o défice,
a gripe e os laterais do Benfica. Tudo é mais urgente. A forma de
Estado é importante mas não é urgente. E o urgente nunca deixa tempo
para o que é importante. Mas andamos de urgência em urgência há noventa e
nove anos. E não consta que tenha resultado.
Fonte Jornail I Online : http://www.ionline.pt/conteudo/19390-a-luta-continua-o-rei-rua
Publicado em 22AGO2009 em Causa Monárquica
Esta é a realidade nua a crua. O povo não sabe às quantas anda. Acima de tudo, há que lutar sobre estes preconceitos sobre a Monarquia. Apoiar a causa Real é um dever que compete a esta minoria, que entretanto tem mais simpatizantes que há anos anteriores.
ResponderEliminarViva a causa Monarquica.
Viva D. Duarte de Bragança