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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

quarta-feira, 31 de julho de 2013

ESTA SEMANA NO "DIABO"


Capa da edição de 30 de Julho de 2013

PORTUGAL É MUITO MAIS QUE ESTE REGIME E NÃO PODERÁ SUCUMBIR COM ELE.

Vivemos com despesas muito acima dos nossos rendimentos. Famílias e Estado. Mais de uma década sem desenvolvimento económico e com a despesa pública sempre a aumentar.

Empréstimos bancários induziram e suportaram esta loucura. As famílias vão à falência de uma forma discreta, mas dramática…só desde o princípio do ano declararam a sua insolvência em tribunal mais de mil famílias. A comunicação social dá apenas destaque ao problema nacional…o Estado português segue o mesmo rumo de insolvência de muitas famílias de portugueses. Sonhamos demasiado alto e os nossos governantes foram incapazes de terem o bom senso de travar sonhos inconsistentes. A nossa dívida atinge hoje valores superiores a 100% do PIB…nunca na história de Portugal tivemos uma crise financeira tão grave e as anteriores deram origem a revoluções penosas. O Estado Previdência, o Estado que tudo a todos, garantia…esta foi a ilusão que nos condenou…um Estado que absorve 50% da riqueza produzida e que ainda tem necessidade absoluta e permanente de recorrer ao crédito externo.Um Estado despesista, que sufoca a economia e as famílias, que matem uma postura de novo-riquismo, continuando a viver sem contenção e com atitudes inconcebíveis de parcerias público privadas, que são autênticos massacres às finanças públicas e bónus de Natal para algumas empresas privadas. Não só não há qualquer coerência nesta situação, como não há qualquer proposta concreta para sair dela. O Chefe de Estado pede desenvolvimento, através das exportações…como se não soubesse que o ambiente político, fiscal e jurídico, português impossibilita totalmente essa possibilidade.

Os Partidos políticos dividem-se na sua utopia. Os auto apelidados de esquerda, que insistem no reforço do Estado como entidade dominante da vida das famílias e como promotor da economia…os outros, aqueles que têm ambições de poder, são incapazes de falar a verdade, tementes das consequências eleitorais. Prisioneiros destas limitações, discutimos a austeridade que nos impõem os nossos credores. Não se discute a essência da questão… a divida soberana e a estagnação económica. As medidas que são propostas e impostas…a austeridade, os sacrifícios e a quebra de direitos, também os violentos e sucessivos aumentos de impostos, têm apenas o objectivo da continuação da saga do aumento do nosso endividamento e promovem a nossa estagnação económica. Sacrifícios sem qualquer garantia de melhoria da situação portuguesa, pelo contrário com fortes probabilidades de nos levar para a bancarrota.

Em duas palavras resumo tudo isto!!!

Irresponsabilidade total.

Obrigado

22 de Julho de 2013 às 16:06

terça-feira, 30 de julho de 2013

QUAL É O MELHOR MOMENTO PARA A MONARQUIA?


Esta é uma pergunta que me tem surgido no pensamento há já algum tempo, porque vejo muitas pessoas monárquicas a dizerem que devíamos esperar um momento melhor para propormos uma Monarquia aos Portugueses, ou que o Senhor Dom Duarte merecia ser Rei num melhor momento.
Mas qual é que é o melhor momento? Esse melhor momento vai alguma vez surgir, tendo em conta a realidade concreta em que estamos a viver?
Verdadeiramente, não concordo com essas pessoas. Talvez porque a minha concepção de Monarquia seja um bocado diferente. Eu sempre entendi a Causa Monárquica e a Monarquia como a solução para ajudar a resolver os problemas, muitos deles graves, de que o País padece. Esses problemas são, mais do que económicos, ou financeiros, ou sociais. Esses problemas são de valores, princípios, éticos! E estes problemas não se resolvem, nem com mudanças de governo, nem com eleições, nem com governos de iniciativa presidencial, etc. A resolução do problema centra-se na mudança que ambicionamos!
Entendo que Portugal precisa de se dotar de um Parlamentarismo em que os cidadãos mais do que elegerem partidos políticos, elejam pessoas e que possam removê-las do Parlamento se forem incapazes. Entendo que Portugal precisa de uma nova Constituição que consagre um Parlamentarismo Democrático encimado pela Instituição Real, verdadeira fonte de confiança, princípios, valores, e ética (a tal ética republicana!).
Entendo que a Monarquia Parlamentar e Democrática, sufragada pelos Cidadãos, irá instituir um novo Estado de Direito, com um Sistema Judicial que verdadeiramente seja justo e com o qual nenhum Cidadão, poderoso ou não julgue que pode estar acima da Lei!
Actualmente vivemos uma situação económico-social que se transformou num verdadeiro pesadelo! Pelo que, qual é o melhor momento para a Monarquia?
Neste momento, o que posso dizer da situação monárquica actual? Estamos mais aguerridos, do que estávamos há uns anos atrás. Melhorámos os nossos meios de comunicação, mas continuamos dependentes deles. Não estamos, de forma alguma, a marcar a agenda política, porque se o estivessemos verdadeiramente, os comentadores políticos, por exemplo, não estariam alguns a falar numa IV República Presidencialista! Ninguém na Imprensa escrita ou na televisão fala verdadeiramente na opção ou alternativa Monárquica! Como Monárquicos não devemos baixar os braços por causa disso. Estamos a crescer, mas ainda precisamos de trabalhar muito mais para sermos ouvidos e sobretudo para que nos levem mesmo a sério!
Esse trabalho faz-se não só na Net, mas também fomentando uma verdadeira militância junto da população.
Não temos o direito de exigir do nosso Rei seja o que for! O Rei não é um político. Não tem que assumir nada perante as câmaras de televisão. Não tem que propôr políticas públicas, quando o seu dever é o de representar e dar confiança aos Portugueses e aqui o Senhor Dom Duarte tem tido um trabalho notável! Como monárquicos não temos o direito de exigir ao Rei o que não queremos ou não nos apetece fazer! Precisamos de ser justos! Nós Monárquicos é que temos que lutar pela Monarquia, unidos, em torno da nossa Família Real.
A militância monárquica não se faz nos meios monárquicos. A militância monárquica faz-se junto da população. E esta, neste momento, está descontente; não acredita na classe política, tem dúvidas quanto ao futuro!
Do que estamos à espera?
Pelo que, voltando à questão inicial: Qual é o melhor momento para a Monarquia? É AGORA! Mas precisamos de trabalhar muito para isso, sempre com os pés bem assentes no chão! Que podemos lá chegar, não tenho dúvidas, mas temos que nos deixar de sonhos e actuar. Como disse há tempos é preciso CONCRETIZAR A MONARQUIA!

S.A.R. O SENHOR DOM DUARTE ESTEVE PRESENTE NO CONGRESSO "A ORDEM DE CRISTO E A EXPANSÃO"

Os crioulos cabo-verdianos Cavaleiros da Ordem de Cristo, ao candidatarem-se, eram muitas vezes rejeitados por questões de “pureza de sangue” mas nem sempre os óbices provinham dos seus antepassados africanos mas sim dos portugueses, defendeu a historiadora Teresa Neves, que dissertou na Sociedade de Geografia sobre “Os Cavaleiros da Ordem de Cristo nas ilhas de Cabo Verde (séc. XVI a XVIII)”. Na plateia, um ouvinte ilustre, D. Duarte Pio de Bragança, Herdeiro do trono de Portugal.

A comunicação inseriu-se no congresso “A Ordem de Cristo e a Expansão”, em Lisboa, a que foram apresentadas 42 comunicações de historiadores reconhecidos, de várias nacionalidades.

Maria Manuel Torrão, por exemplo, falou sobre “Negócios negros para a obtenção de uma cruz: Mercadores negreiros na senda dos hábitos da Cruz de Cristo”.

Segundo ela, obter um título de nobreza era uma recompensa por serviços prestados à Coroa e os traficantes de escravos ambicionavam-no. Conseguiam-no muitas vezes porque o comércio humano proporcionava-lhes grandes lucros, o que lhes permitiu por vezes socorrer casas reais com problemas financeiros.

Não eram todos obrigatoriamente de origem portuguesa. O negreiro António Torres e os seus dois irmãos, por exemplo, provinham de Castela mas fixaram-se em Portugal.

Em determinada altura, António Torres residiu mesmo em Cabo Verde, que lhe servia de escala para o transporte de escravos entre o Golfo da Guiné e o continente americano, nomeadamente Antilhas e Honduras. Acabou por ser recompensado pelo rei D. João III que o nobilitou.

Teresa das Neves salientou que, até ao final do século XVII, os governadores de Cabo Verde eram todos membros da Ordem de Cristo e levavam para ali, nas suas comitivas, não só familiares como amigos, também eles membros da Ordem.

Eram vistos como representantes reais, com o estilo de vida da nobreza, vivendo dos rendimentos.

Cabo Verde teve várias gerações de Cavaleiros da Ordem de Cristo, uns nascidos no Reino de Portugal, outros já em Santiago e que descendiam de um governador que, ao contrário de outros com o mesmo cargo, viveu ali dez anos, casando os filhos com mulheres ali nascidas. Prestavam serviços à coroa com milícias a cavalo e escravos, pagos por eles, acabando por ser ressarcidos com a Ordem de Cristo.

Ao candidatarem-se, enumeravam os serviços prestados, como as suas façanhas no combate à pirataria que assolava o Arquipélago.

A Mesa da Consciência examinava depois, minuciosamente o perfil dos candidatos, nomeadamente a “pureza de sangue”.

No caso de Pedro Cardoso do Amaral (séc.XVIII), nascido em Santiago mas descendente de um madeirense de apelido Bezerra, foi-lhe apontado como obstáculo ter um avô reinol (nascido no reino) casado com uma mulher de “segunda condição”. Para André Alvares de Almada (1598-1603), também nascido em Santiago, foi alegada a existência de uma avó negra.

Sobre Pedro de Barros (séc.XVII) recaíram suspeitas de ser cristão novo (judeus convertidos).

Nestes três casos, as objecções foram rejeitadas e os candidatos receberam a recompensa dos seus feitos.

Uma constante das várias comunicações apresentadas foi o financiamento da evangelização.

Francisco Figueira de Faria, ao dissertar sobre “O padroado, a Ordem de Cristo e o financiamento das missões ultramarinas” considerou ter sido “cómodo” para a Santa Sé delegar nas coroas ibéricas a evangelização dos territórios ultramarinos.

Por seu lado, os Reis que tinham de suportar os numerosos encargos dessa missão, nomeadamente a construção de igrejas, tinham de “rentabilizar ao máximo os seus investimentos” mas, mesmo assim, o financiamento era sempre “parco e tardio”.

A diocese de Cabo Verde, criada em 1533 chegou a incluir para além da Sé, igrejas e capelas, um palácio episcopal. No início do séc. XVIII, já os filhos da terra monopolizavam o clero local, depois de esses lugares serem providos por concursos anunciados em editais locais.

Criada em Portugal em 1319, a Ordem de Cristo teve um papel determinante na evangelização dos povos contactados, especialmente entre os séculos XVI e XVIII. O seu símbolo, uma cruz, marcava as velas das caravelas portuguesas.

Para o Professor João Pereira Neto, muito do que foi dito nas comunicações explica em grande parte o que se passava na administração colonial que encontrou no Arquipélago de Cabo Verde no séc.XX: “São as raízes do Portugal profundo. É o Portugal que fomos até há pouco tempo, o que somos e que, se calhar, outros virão a ser “.

No período de perguntas da assistência, D. Duarte chamou também a atenção para o facto de ainda hoje nas cerimónias no Brasil, a bandeira da Ordem de Cristo ter precedência sobre as outras.

Ao responder, a historiadora Maria João Soares lembrou que alguns documentos antigos referem as terras do interior do Brasil como pertença do rei, não como monarca mas por ser o administrador da Ordem de Cristo.

A Ordem de Cristo foi criada em 1319 para substituir a Ordem dos Templários mas foi com os Descobrimentos e o Infante D. Henrique que atingiu o apogeu.

Entre os membros mais famosos da Ordem de Cristo, destacam-se Vasco da Gama (descobridor do caminho marítimo para a Índia), Pedro Álvares Cabral (que aportou ao Brasil) e Bartolomeu Dias (o primeiro europeu a chegar à costa da Namíbia e ao Cabo da Boa Esperança, na África do Sul, onde anos mais tarde viria a morrer num naufrágio, e que colocou padrões em pedra ao longo da costa, nomeadamente a Norte de Angola, no Cabo da Volta, hoje chamado Dias Point, no Congo).

O património da Ordem incluía o Convento de Tomar, a sua sede, o Castelo de Almourol e a Torre de Belém, entre outros monumentos portugueses.

Quando a Ordem foi extinta em 1834, os seus bens foram expropriados e vendidos mas, em 1918, foi restabelecida para “premiar os serviços relevantes de nacionais ou estrangeiros prestados ao país ou à humanidade, tanto militares como civis”.

A Cruz de Cristo, como é vulgarmente designado o seu emblema, é ainda hoje usada como símbolo pela Força Aérea Portuguesa, pelas selecções de futebol de Portugal e do Brasil e pelo Belenenses, figura na bandeira ou no brasão de vários municípios brasileiros.


Fonte: Lusomonitor

domingo, 28 de julho de 2013

A RAINHA, O LIVRO E O DIRECTOR DO PALÁCIO DA AJUDA

A Rainha. Novecentos anos de história deram a Portugal o tempo necessário para a manifestação de personalidades hoje totalmente esquecidas, mas nem por isso menos determinantes para a afirmação internacional do país que somos. Em períodos onde pesou de sobremaneira o perigo da ocupação estrangeira, o país contou com mulheres exemplarmente exercendo a regência. Na sua grande maioria estrangeiras, cumpriram a função da qual dependia a independência de Portugal. Este é o caso de D. Luísa de Gusmão, talvez a soberana que mais perigos enfrentou durante a sua chefia do Estado, colocando Portugal acima de quaisquer considerações familiares e da sua pátria de origem. No hoje quase obsessivo assunto da assistência social, as rainhas portuguesas marcaram indelevelmente a atenção votada pela Coroa aos mais desprotegidos, em épocas onde a vileza de homem era sobretudo considerada pelo extracto, o berço - ou a ausência deste - onde tinha nascido. A lista é longa, contando-se a Rainha Santa Isabel, D. Filipa de Lencastre, D. Leonor, D. Estefânia e D. Maria Pia, entre aquelas que a memória popular não deixa esquecer. Contudo, quando nestes tempos convulsos alguém se refere à Rainha, a personalidade citada é incontornavelmente D. Amélia. Talvez por ter sido aquela que mais próxima de nós está pela contagem das gerações - as nossas bisavós tiveram-na como referência quotidiana num país constantemente à beira do abismo -, será uma verdade reconhecermos a sorte de podermos reconhecê-la de imediato. Existem milhares de fotografias de D. Amélia de Orleães e mesmo que assim não fosse, restava-nos a grandeza da obra que abnegadamente ergueu num país preocupado com umas tantas pequenezes que insistentemente devoraram todo o século XX e, num misto de mania e teimosia, prosseguem na senda dissolvente da nossa própria - se é que ainda existe - consciência nacional. D. Amélia significa uma grandeza quase assustadora neste Portugal dado a gente timorata quanto à adopção das novidades, por muito evidentes e benfazejas que estas sejam. Além dos já clássicos autores seus contemporâneos, pelos politicamente rancorosos considerados como desdenháveis panegiristas, poucas biografias de D. Amélia, a Grande, podem ser consideradas como obras fiáveis e distantes das paixões, ódios ou meros intuitos comerciais à semelhança das revistas de um mundo alegadamente cor de rosa e sem qualquer substância.

Folheei o livro do José Alberto Ribeiro, por sinal o novo responsável pelo Palácio da Ajuda. A leitura na diagonal de umas tantas páginas, chama-nos a atenção pelo constante desejo de dar voz a D. Amélia, recorrendo às suas palavras. Se é bem certo que talvez nos tenham sido omissas algumas passagens propiciadoras de novas controvérsias, aquilo que o autor nos deixa é a personalidade de uma mulher antes de tudo consciente dos seus deveres. A banalização que o padronizar "por baixo" impõe como norma, talvez incomode alguns leitores pouco interessados no tentar compreender da mentalidade da época. Se a isto acrescentarmos a volatilidade da política do Portugal do virar do século e as profundas transformações que muito alteraram o país nos últimos cinquenta anos de vigência da Monarquia Constitucional, torna-se então praticamente impossível vislumbrar aquele complexo todo que garante a verdade, não permitindo interpretações ao sabor dos apetites políticos ou adequação à moda de um dado momento. José Alberto Ribeiro exaustivamente traça o percurso da Rainha em Portugal e de forma ainda mais interessante, a vida e os afazeres de D. Amélia durante o longo período de exílio, metade da sua existência, em que ao contrário daquilo que dela muitos esperariam, jamais se desinteressaria do seu país. Da autoria de Rui Ramos, a excelente biografia de D. Carlos será decerto uma obra que inevitavelmente acompanhará esta agora apresentada pelo director do Palácio da Ajuda, ajudando-nos a compreender, mesmo de forma muito ténue e sempre aberta a outras contribuições vindouras, as personalidades do casal real e tão importante como a a curiosidade pelos reis, o Portugal que fomos e em alguns aspectos ainda continuamos a ser. 

Quanto ao Palácio da Ajuda, esta grande mole de pedra é o elefante branco dos vários regimes que assistiram à sua construção, período de fugaz opulência e agora, o calamitoso e desnecessário decair  de um símbolo. Grotesca e sintomática é a forma como dele se aproveitam as nossas autoridades, nada envergonhadas por receberem o mundo num espaço que poderia ser bem diferente. A total ausência de vontade e de imaginação para a gestão ou angariação de recursos, é a constante daquele que sem dúvida poderia ser o mais importante espaço público da capital ortuguesa. Neste momento, lembro-me de uma carta enviada há muitos anos ao então 1º Ministro Cavaco Silva, alvitrando-lhe uma opção mais económica e culturalmente mais valiosa que aquela optada com o fim de dotar a capital com um espaço cultural de renome. Em vez do projectado CCB, sugeri então a conclusão das obras da Ajuda e o pleno aproveitamente da nova área a construir para as actividades  apontadas pelas autoridades como absolutamente necessárias. Nem sequer uma acusação de recepção de missiva alguma vez chegou às minhas mãos. É este o regime que temos e a ele estamos resignados.

Voltando à Rainha D. Amélia, será com todo o interesse e atenção que hoje mesmo inciarei uma atenta leitura do livro.

publicado por Nuno Castelo-Branco, em Estado Sentido

FORNECEDORA DA CASA REAL E REAL E DUCAL CASA DE BRAGANÇA

PÃO DE LÓ DE MARGARIDE - FELGUEIRAS

sábado, 27 de julho de 2013

"A ÉTICA DA EXIGÊNCIA" POR NUNO POMBO (**)

Em primeiro lugar, quero agradecer a oportunidade de vir a esta simpática cidade, a convite da Real Associação do Porto, a uma terra de gente tão boa, e que tão bem me acolheu, falar do que todos aqui, admito eu, há muito sabem.

Na minha actividade académica estou habituado a ensinar. Aqui, convosco, sinto que só posso aprender.

Por isso, tentarei ser breve, para ter a oportunidade de ouvir e de debater com quem saiba mais do que eu...

Propus-me trazer-vos uma charla que, hão-de fazer-me essa justiça, tem ao menos um título impressivo: a ética da exigência. Se nada do que disser a partir daqui se aproveitar, ao menos não se há-de perder tudo. O título se calhar não é mau.

A Ética ocupa-se de valores e de princípios que se manifestam no comportamento humano. Que se traduzem ou que enformam a nossa maneira de viver e de nos relacionarmos uns com os outros. A Ética, neste sentido, é relacional. Sugere o outro,a minha relação com ele, implica comunidade. Espaço comum, Res publica. Por isso, “ética republicana”, expressão tão soprada pelas bocas mais insuspeitas, e até por terroristas, ou é pleonasmo ou paradoxo.

Será pleonasmo se tiver por referência a qualificação da intervenção cívica, a prossecução do bem comum. Será apenas paradoxo se a quiserem relacionar com este regime que há 102 anos nos castiga.

Que Ética pode andar de mão dada com a República, essa senhora de mau porte e pouca roupa, sobretudo da cintura para cima e que nenhum bom pai de família gostaria de ter por nora? Na república, no nosso sistema republicano, não vejo princípios e valores. Não há princípios, porque está na cara que isto vai ter um fim triste, não há valores porque senão já os tinham posto no prego. Um paradoxo, portanto.

Um paradoxo tão mais evidente quanto é certo que pretendem associar a essa ética republicana (peço desculpa por estar a dizer palavras feias à mesa!) uma forma despojada e altruísta de exercício da política, quando o que mais há é exemplos do contrário. A bala como argumento político e o homicídio como derradeira vitória das ideias. Já se percebeu que a Ética nada tem que ver com regimes. E se tivesse, não era com este regime republicano.

Mas a ética casa bem com a exigência. Com a vontade de não nos bastarmos com a mediocridade. Por isso, os cultores da ética hão-de apreciar dois conceitos modelares da nossa vida colectiva: democracia eliberdade. E estes dois conceitos, como tenho tido a oportunidade de dizer noutras ocasiões, referem-se mais ao sistema de Governo do que a forma de organização do Estado. É evidente que a democracia e a liberdade não são sinónimos de república. Isto é uma evidência. E essa pode bem ser a nossa primeira exigência: a da verdade! Distinguir a verdade da mentira. Se democracia e liberdade fossem sinónimos de república, teríamos paraísos democráticos no Irão e em Cuba. E vandálicas tiranias na Noruega e no Japão. No Luxemburgo e na Dinamarca. Na Austrália e no Canadá. Apesar de tudo, quer-me parecer que nenhuma lição de democracia ou de liberdade pode a Suécia receber da Birmânia.

Mesmo a nossa república tem muito pouco que ver com democracia e com liberdade. Até porque, na verdade, se vivia uma democracia muito mais representativa e se experimentava uma liberdade muito mais arejada em 1909 do que em 1911. Em nome da dita democracia e da apregoada liberdade, o que se fez foi, pura e simplesmente acabar com elas. Com a democracia e sobretudo com a liberdade.

Mesmo ao nível da liberdade de expressão e de representatividade nas assembleias legislativas. Em 1909 o PRP existia, legalizado, concorria a eleições e tinha deputados que nas câmaras diziam do Chefe do Estado – o Rei – o que Maomé não ousava dizer do toucinho. Pois bem, logo alcançadas as mais amplas liberdades que o cinco do dez tornou possíveis, encheram-se preventivamente as prisões de criminosos de pensamento, reduziu-se drasticamente o universo eleitoral (nem pensar no voto feminino tão apegado ao beatério) e impediu-se a representação política monárquica. Foi assim. Isto são factos, factos que teimam em andar esquecidos.

Mas, hoje, isso é história. E se disto aqui falo, agora, é só para recordar que, como diz o Povo, o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita. Mas é história e não é dela que nos alimentamos. Como alguém disse, um povo sem memória é um povo sem futuro. E esta aventura colectiva que é Portugal não começou em 1910, ao contrário do que muitos nos querem fazer acreditar.

Portugal começou a 5 de Outubro, sim, mas do longínquo ano de 1143. É com o Tratado de Zamora que todo um Povo, inspirado pela acção mobilizadora do Rei, impõe a existência de um novo Estado soberano, de uma Nação livre e independente.

Mas isto, como já disse, isto é História. E mesmo tendo memória, uma memória crítica, exigente, devemos estar apostados, sobretudo, em construir Futuro.

E é em nome dessa exigência que se pode perguntar: que sentido faz manter o actual sistema político? É certo que todos sabemos que hoje as preocupações das pessoas são outras. Hoje, as pessoas temem o que o futuro reserva às suas vidas. À sua e à dos seus filhos.

Mas os que não conseguem prescindir do sentido da importância, mesmo quando sovados pelo despotismo da urgência, bem podem insistir nesta pergunta: que sentido faz manter o actual sistema político? Esqueçamos por instantes o défice e a dívida pública. Falemos antes de dignidade, de sentido patriótico, e de exemplo. Procuremos perceber, no fundo, qual o papel de Portugal no Mundo e junto dos que nele, nos sítios mais inimagináveis, falam e sonham em Português.

O que temos, meus amigos, o regime que temos, não é bom. E se não é bom, talvez não fosse asneira mudá-lo.

Porque na verdade, nunca como agora foram tão apreensíveis, tão demonstráveis, as vantagens de uma organização do Estado que privilegie o princípio da continuidade e que potencie a agregação de esforços e a mobilização de todos em torno de um desígnio comum. Que se galvanize num verdadeiro projecto nacional. E isso é muito mais facilmente alcançável pelo poder magnético, inspirador, mobilizador, da Coroa, pela sua ressonância axiológica, do que pelo artificialismo anódino da construção jurídica de uma chefia de Estado electiva, ancorada num jogo de legitimidades enganador.

Não gosto de fulanizar... os regimes estão sempre acima das pessoas que em cada momento os servem, mas, em nome desta ética de exigência, convido-vos a um exercício especulativo. Será que o nosso Presidente, qualquer dos que a nossa história nos foi dando, de Cavaco a Arriaga, será que o nosso presidente teria a capacidade de encher as ruas de Portugal como vimos acontecer há pouco tempo, em Inglaterra, por ocasião do Jubileu da Rainha Isabel? Aquelas manifestações foram para ela? Foi por causa dela? Tudo o que vimos, todos aqueles tributos sentidos de uma homenagem sincera, de artistas, de políticos, de cientistas, de gente anónima, tudo aquilo, e foi muito, foi para ela? ou terá sido antes para o que aquela senhora representa? Toda aquela genuína satisfação foi por causa dela? ou por causa daquilo que antes dela, os seus pais e avós, já representavam? E a maneira como foi festejado o Jubileu em toda a Commonwealth? O que estava ali em causa era aquela senhora octogenária? Não, não era, manifestamente, não era.

O problema, este desfasamento, esta assimetria, infelizmente não está nas pessoas. É um problema genético, do próprio regime, que prefere a pureza asséptica de uma ilusão formal à experiência de uma vida de serviço.

Como dizia Mouzinho de Albuquerque ao seu Príncipe, D. Luís Filipe, o mesmo que os paladinos da liberdade, e em nome dela, abateram em 1908 com apenas 20 anos de idade, “para um Príncipe, nascer é assentar praça, que só pode ter baixa para a sepultura!” Do berço à sepultura, uma vida de entrega, de aprendizagem, de serviço.

E em república? Como se assegura a equidistância? Como se pode imaginar possível ao Chefe do Estado exercer uma magistratura de imparcialidade se dez minutos antes de se afirmar imparcial era descaradamente uma das partes?

Se virem bem, desde 1976, todos os chefes de Estado, antes de serem eleitos, foram chefes de partido (Cavaco, Sampaio, Soares). Todos... bem, todos não. Houve uma excepção, a do Gen. Eanes, que só foi chefe de partido depois de abandonar Belém. Mas até o Gen. Eanes foi chefe de partido. A chefia do Estado é, portanto, encarada como “prémio carreira” da actividade partidária.

Quem pode acreditar que alguém inebriado pelos vapores que da baixa política, da politiquice partidária sempre emanam, é capaz da isenção?

E isto é particularmente sensível na profunda transformação que estamos a viver. Seria muito necessário que na chefia do Estado estivesse a voz, reconhecida, da autoridade. De uma autoridade que se funda na credibilidade, pessoal e familiar, e numa legitimidade histórica. Porque, sejamos exigentes, é de credibilidade que estamos a precisar. Hoje e sempre.

Que credibilidade pode ter um árbitro que foi capitão de uma das equipas?

Não pode ter credibilidade quem vive apenas da conjuntura!, quem se move pelos ciclos eleitorais e pela conveniência da sua própria eleição, confiando na redenção que a nossa curta memória e nenhuma exigência lhe vai conferindo. Estes, os que são assim e assim não podem deixar de ser, não têm, nem podem ter, credibilidade. Como é evidente que não tem autoridade o regime que faz da incredibilidade, a pedra angular da sua suposta ética.

E permitam-me que leve este arrazoado um pouco mais longe.

Como procurei ter demonstrado, é clara a bondade do princípio monárquico. E para nós, monárquicos, este é o ponto de partida, é esta a essência do que nos une. Mas há aspectos laterais importantíssimos.

Como este de nos reconhecermos políticos.

Ser-se monárquico, defender a instituição real como forma de organização do Estado, é apresentar um projecto de ruptura. Um projecto que exige mudança.

E temos de conseguir projectar este projecto, passe a cacofonia.

Sejamos claros: é raro ouvir falar lucidamente da solução monárquica. E provavelmente, como na parábola do semeador, as sementes por nós lançadas poderiam cair em terra fértil e dar muito fruto.

Mas não têm dado... Não por falta de boa terra, muito menos por escassez de boa semente. É por inépcia ou preguiça do semeador!

E isto é tão mais grave quanto é certo que o monarquismo, como proposta política, não pode ser protagonizado pelo Príncipe. Não pode nem deve, já que o Príncipe tem de reservar para si o capital de representação de todo um Povo. É apenas isto que se pede do Príncipe. E não é pouco... se calhar é mesmo tudo. O Príncipe não pode pretender ser a cabeça do movimento monárquico, nem muito menos, por inacção dos monárquicos, ser obrigado a sê-lo, já que tem de servir de outra forma o País.

E o nosso Príncipe... que sorte temos!, como ele nos ensina o que é servir, sempre, o nosso País!

É que mesmo nas Monarquias reinantes há já quem ponha em causa o princípio monárquico... mas esses não conseguirão beliscá-lo enquanto a Instituição Real conseguir ser a verdadeira representação de todos e enquanto souber interpretar a Missão a que é chamada, enquanto for fiel à sua genética vocação. Quando a Instituição Real abdicar desse saber, quando a Instituição Real pretender ser mais do mesmo, quando quiser ser igual ao resto, acabando por ser pior do que qualquer alternativa, quando a Coroa quiser ser uma qualquer espécie de funcionalismo público, a Monarquia perde a sua vantagem específica e deixa de valer a pena. Deixa mesmo, em meu entender, de fazer sentido.

Não perceber isto, é também renunciar a esta proposta ética de exigência!

Viva Portugal! Viva o Rei! 


Real Associação do Porto
“A Ética da Exigência”
Nuno Pombo
28.06.2013 



** Presidente da Real Associação de Lisboa

O ESPLENDOR DE LISBOA

Depois de ter conquistado um Patriarca para Lisboa, D. João V encomendou aos melhores artífices de Roma um pequeno Vaticano para o seu palácio. Hoje nada resta da Basílica Patriarcal, destruída pelo terramoto de 1755, mas a capela de São João Baptista, que agora reabriu restaurada, oferece um olhar sobre o esplendor perdido. António Filipe Pimentel, director do Museu Nacional de Arte Antiga e comissário da exposição ‘A Encomenda Prodigiosa’, explica as jogadas do ‘Magnífico’.

Durante escassos três anos esteve Lisboa no esplendor máximo que D. João V sonhou ao longo do seu reinado. Para cumprir os seus desígnios, o monarca convocou os melhores artífices do mundo – os que trabalhavam para o Vaticano. O processo de engrandecimento da capital – e do prestígio do Rei – passou pela elevação da capela do Palácio da Ribeira a Basílica Patriarcal – algo que só existia em Roma e Veneza, onde estavam sepultados os apóstolos S. Pedro e S. Marcos.

É essa história de ascensão diplomática que reposicionou Portugal no xadrez das nações católicas que se narra na exposição ‘A Encomenda Prodigiosa – Da Patriarcal à Capela Real de São João Baptista’. A mostra está dividida em dois pólos, no Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) e na Igreja e Museu de São Roque, e pode ser visitada até 29 de Setembro.

A 1 de Novembro de 1755, o grande terramoto destrói toda a zona do Palácio da Ribeira e da Basílica Patriarcal, no Terreiro do Paço. Na zona alta da cidade (junto ao actual Bairro Alto), a réplica em miniatura da basílica, a capela de São João Baptista, subsistia incólume ao cataclismo. Instalada na Igreja de São Roque, a casa mãe dos jesuítas, e recentemente restaurada, a capela permite ter ‘um cheirinho’ da magnificência da desaparecida Patriarcal junto ao rio. António Filipe Pimentel, director do MNAA e comissário científico da exposição (que tem curadoria também de Teresa Vale) explicou ao SOL o que esteve por trás desta encomenda. Muito mais do que o amor à arte ou a Deus, este projecto artístico ambiciosíssimo – e numa escala só possível para uma capital de império que vivia do ouro do Brasil – teve como enquadramento uma estratégia política absolutista. Mais de 350 peças, algumas delas sumptuosas, estão reunidas nos dois pólos da exposição. Na primeira semana aberta ao público (de 18 a 26 de Maio), o MNAA recebeu mais de 10 mil visitantes.

Houve algum pretexto para fazer esta exposição agora? Há alguma data?
É um tema muito forte e tem por trás a investigação que está a ser desenvolvida em torno da capela de São João Baptista, da qual sou o coordenador científico. A determinado ponto da investigação entendemos que não é possível perceber a encomenda da capela desenquadrada do que foram as estratégias de D. João V no âmbito do desenvolvimento de uma arte de corte cosmopolita e todos os mecanismos diplomáticos associados a isso, de que fez parte a mobilização de Roma como palco diplomático europeu. A capela de São João Baptista (na Igreja de São Roque) não é mais que a extensão da Basílica Patriarcal, com a grande vantagem de ser hoje a materialidade subsistente, porque é aquilo que o terramoto poupou e que nos permite compreender o que era a Basílica Patriarcal. O título ‘Encomenda Prodigiosa’ significa excepcional em quantidade e qualidade e é na verdade um conjunto de três encomendas: a Basílica Patriarcal com o seu revestimento e com a grande reforma final da década de 1740, a encomenda da capela para São Roque, em 1742, e, em 1744, a encomenda do tesouro da capela de São João Baptista. Tudo junto dá esta escala prodigiosa que mobilizou os melhores artesãos de Roma de todos os domínios. E se pensarmos que Roma era o?grande palco diplomático da Europa católica e que tem um tipo de vida onde o beau monde frequenta as oficinas dos artífices, este overbooking de todas as oficinas a trabalhar para o Rei de Portugal dava obviamente nas vistas junto de todas as cortes da Europa.

Percebiam que Portugal estava em vias de se tornar uma potência...
Claro. Isto tudo coincide com um período delicado das negociações com Roma e que culminará com o título dado, em 1748, pelo Papa a D. João V e seus sucessores de ‘Majestade Fidelíssima’. E que equipara a Coroa portuguesa às potências?católicas ditas de primeira grandeza, com títulos específicos dados aos seus monarcas: os Reis Católicos de Espanha, os Cristianíssimos franceses e os Imperadores Apostólicos do Sacro Império. E esta encomenda é também uma resposta aos boatos que começam a circular de que os recursos da corte portuguesa não eram tão inesgotáveis assim. O cúmulo de encomendas é um desmentido. E só pela capela de São João Baptista, que é única em termos internacionais, e que felizmente não perdemos, podemos ter uma noção muito aproximada do que significou.

A capela real do Palácio da Ribeira transformou-se em Basílica Patriarcal. Que importância é que isso teve?
A hipertrofia da dignidade litúrgica da Capela Real, elevando-a à dignidade litúrgica de uma Basílica Patriarcal, que se transformou numa espécie de miniatura do Vaticano para uso específico do Rei de Portugal, é um acontecimento extraordinário. D. João V era o único príncipe da Europa a ter uma espécie de Papa como capelão. O Patriarca de Lisboa tinha, como se pode ver na exposição no MNAA, uma sedia gestatoria, um trono portátil que só é atribuído aos papas.A única diferença é que o Patriarca de Lisboa tem de ser transportado um pouco abaixo do nível dos ombros. Na exposição podemos ver um vídeo com a chegada do Papa João XXIII a São João de Latrão, que é a sede do bispado de Roma. E a Igreja de São Roque, que era a mais esplêndida igreja de Lisboa, vai funcionar para a Patriacal como São João de Latrão em relação à Basílica de São Pedro. Há um conjunto de privilégios inacreditável. Quando é criado o Patriarcado de Lisboa, na Igreja do Ocidente, só há outros dois: Roma e Veneza. Actualmente na Europa Ocidental só há Veneza e Lisboa.

Qual a importância de Lisboa ter um Patriarca?
É um instrumento político de primeira grandeza. A relação entre a corte portuguesa e a Santa Sé era extremamente conflituosa. Depois da Restauração de 1640 a Santa Sé levou 28 anos a reconhecer a independência de Portugal, só o fez depois de Espanha, e chegou a haver corte de relações diplomáticas entre os dois Estados durante 12 anos. Ter um Patriarca, que é uma espécie de Papa, dá ao Rei a possibilidade de provocar um cisma. Reverteu o equilíbrio das relações políticas entre os estados.

Como é que D.João V conseguiu reverter a situação?
A batalha do Cabo de Matapão, em 1717, é o ponto de viragem. Hoje em dia as pessoas têm pouca noção, mas na altura teve uma extrema importância. O Papa pede ajuda aos reis de Espanha, França e Portugal contra a iminente invasão turca sobre Veneza. E só o Rei português responde, enviando uma esquadra que destrói por completo a armada turca, no sul da Grécia, salvando Veneza. Foi uma operação notável. E faz de D. João V um herói. É claro que nesta altura já estava em negociações o Patriarcado de Lisboa, que é um título honorífico, mas agora havia um pretexto óbvio para o conceder. O retrato de D. João V com a batalha do Cabo de Matapão em fundo é uma das peças de excepção da exposição. Dá conta da importância da batalha no reinado do D. João V. Tinha sido localizado na embaixada do Brasil em Haia na década de 60, mas depois tinha-se perdido o rasto e nós localizámo-lo agora no Brasil e trouxemo-lo.

E há a decisão de criar a Basílica Patriarcal a partir da capela real em vez de se fazer uma de raiz. Isso tem consequências políticas?
Uma capela tem sempre uma presença muito forte no antigo regime. O que o Rei faz é desenvolver esse lado eclesiástico da corte, dando-lhe uma escala completamente insólita como factor de afirmação a um tempo internamente, como reforço da sua legitimação e exaltação em termos nacionais, e internacionalmente, elevando essa visibilidade que é dada a partir de Roma. Aliás, na última sala da exposição temos o dicionário enciclopédico de Moreri, que é uma extensão da Enciclopédia de Diderot, com uma entrada sobre a capela real de Lisboa, falando nela como uma das mais magníficas igrejas da Europa do seu tempo. Ou seja, tinha-se conseguido entrar no mundo global, no Google.

E a nível interno?
Foi importantíssimo. Um Rei não está sozinho no cenário, precisa da nobreza. Mas a sociedade do século XVIII é muito mais conflituosa do que nós vemos nos quadros, onde tudo parece ordenado. Há uma conflitualidade permanente que chega ao ponto de haver greves de cortesãos. Por exemplo, quando chega a Rainha D. Mariana de Áustria em 1708 para casar com D. João V a Corte está em greve e só há três senhoras a recebê-la. O facto de o Patriarca ter que ter uma corte também, com grande pompa, que chega a ter 400 pessoas, e que copia a organização da corte pontifícia, permite empregar os filhos segundos da grande nobreza e, de certa forma, era uma maneira de apaziguar a nobreza sem cedências explícitas. Até nisso ele é hábil, compensa a nobreza sem lhe dar poder. Não é por acaso que toda a grande nobreza é afastada da governação. D. João V vai rodear-se de uma nobreza de função, ou seja burocratas, humanistas, gente ligada às classes emergentes. O marquês de Pombal é exactamente isso, aliás vai ser embaixador em Viena e em Londres. E o tio, Paulo de Carvalho, era um dos principais da Patriarcal.

A nível estético a criação do Patriarcado é também significativa.
Há um nome fundamental que é o do arquitecto e ourives ao serviço do reino, João Frederico Ludovice. No decurso das encomendas, foi pedida uma auditoria aos gastos, feita pelo representante diplomático português em Roma, e junto com a contabilidade estão igualmente os desenhos de todas as peças. Esse livro, que se perdeu com a fuga da Corte portuguesa para o Brasil em 1808, veio a aparecer no mercado antiquário no século XIX em Londres e foi publicado por um editor de arte muito conhecido então, John Weale. E então o Livro de Esboços de Desenhos da Comissão que se Faz por Ordem da Corte passou a ser conhecido como Álbum Weale e é uma fonte importantíssima para a historiografia. Entre outras coisas, o que existe de fascinante é perceber como há uma orientação estética muito coerente por parte de Ludovice. Ele era também um reputado ourives e chega ao ponto de desenhar as grades da Patriarcal. E os grandes artistas de Roma, como Nicola Salvi, que é o autor da Fontana de Trevi, ou Luigi Vanvitelli viam os seus esboços chumbados por Ludovice, que impunha as suas ideias e desenhos. Era um pouco chocante, só que o Rei de Portugal tinha capacidade para pagar. Na correspondência trocada vê-se que Lisboa está a discutir de igual para igual com os grandes arquitectos e artistas do seu tempo e está a impor-lhes a sua orientação muito mais neoclássica. E há da parte de Ludovice uma coerência total e impressionante.
Fonte: Sol

MISSA DE SÉTIMO DIA POR ALMA DE ALCINO CARDOSO

Caro(a) Associado(a)

É com a maior tristeza que venho comunicar que o Exmo. Senhor Alcino Cardoso, Presidente do Conselho Fiscal da Real Associação do Porto e Membro do Conselho Monárquico da Causa Real deixou de estar entre nós.

Será celebrada missa de 7º dia por sua alma, na próxima 2ª feira, dia 29 de Julho, pelas 19 horas, na Igreja de Cristo Rei, no Porto e a Real Associação do Porto convida todos os seus associados e simpatizantes a nela participar.

Em nome da Real Associação do Porto manifesto a expressão do maior pesar pela morte do seu dirigente e amigo Alcino Cardoso e apresento as mais sentidas condolências à família e, em particular, à sua mulher, filhos e netos.

Com os melhores cumprimentos

Jorge Leão
Presidente da Direcção

Real Associação do Porto
Rua do Carvalho, 102- T
4150-192 Porto
Tel.: 22 617 57 19
Fax: 22 617 57 19
www.realporto.pt 

O CASAMENTO - A ESCOLHA DA RAINHA

Não foi fácil arranjar casamento para o infante Dom Carlos, muito por causa das diferenças religiosas, com os países cuja religião não era católica, nomeadamente os do norte da Europa, já que as exigências de Dom Luís em relação ao casamento do seu herdeiro eram demasiado rigorosas.

Foi fundamentalmente pelo facto da coroa portuguesa ter exigido que uma das primeiras escolhas, uma filha de Frederico Guilherme príncipe imperial da Alemanha, se convertesse ao catolicismo antes do casamento, que esse casamento fracassou.

Bismark o chanceler alemão havia até sugerido uma pequena habilidade para contornar essa dificuldade, que consistia na autorização pela parte de Dom Luís que a Princesa se convertesse apenas depois do casamento, quando já fosse princesa portuguesa, portanto já isentada dos seus deveres enquanto princesa alemã face ao protestantismo.

Tratava-se afinal de uma neta da Rainha Vitória de Inglaterra o que deveria traduzir-se num casamento de grande interesse político para Portugal, uma Rainha, neta da Rainha da maior potência marítima do Mundo e filha do Príncipe alemão a mais forte nação continental.

Após o fracasso quanto ao desbloqueio desta hipótese, foi então recomendado o nome da filha mais velha do Conde de Paris, D.Marie Amélie Louise Hélène d Orléans.

Seu pai havia sido o neto em quem Luís Filipe "Rei dos franceses" tentara sem sucesso abdicar em 1848, e que lhe valera afinal o exílio em Inglaterra, por decreto republicano e onde viria afinal a nascer em 28 de Setembro de 1865, na vila de Twickenham, a sua filha Amélia.

Em 1886 porém já haviam regressado a França, quando Dom Carlos visitou a sua potencial noiva em Chatilly.

Pode dizer-se que a correspondência que Dom Carlos trocou com o Rei Dom Luís, foi reveladora do entusiasmo que desde a primeiro instante, lhe provocou Amélia "não acredito que haja no Mundo, criatura mais adorável que a princesa, um verdadeiro encanto"dizia ele.

Talvez a sua altura (1,82 mt) e o seu porte atlético a fizesse destacar em termos físicos, mas por outro lado é possível que a sua qualidade intelectual, se aproximasse bastante dos interesses de Dom Carlos, cuja preparação cultural e gosto pelas artes sempre se haviam patenteado desde criança.

Amélia de Orleães gostava igualmente de ópera e de teatro, pintava e lia muito, sendo portanto difícil por certo encontrar "partido" mais interessante para Dom Carlos.
 

sexta-feira, 26 de julho de 2013

HÁ QUE ADORAR O BEBÉ REAL E O PAPA CHICO















Comunicando a partir de uma Londres rendida a um bebé, a repórter da CNN fez beicinho: "mas porque é que eles não anunciam as coisas nas redes sociais? Porque é que não anunciam já o nome do bebé no twitter?". Esta frase é a ilustração perfeita da cegueira apressadinha dos média. Anda tudo a correr atrás do tempo instantâneo. Anda tudo numa fona para extinguir a distância entre o acontecimento e o pensamento sobre esse acontecimento. Resultado? Em nome da tecnologia e de São Steve Jobs, o irracionalismo está a ser transformado numa coisa cool. É por isso que surgem estas birras contra qualquer coisa que não ande à velocidade warp da internet.

A monarquia britânica não tem de ceder à pressa mediática. Os nossos reizinhos só têm de continuar no seu ritmo ritualizado e rendilhado. Aliás, o charme da monarquia está nesta lentidão que os cínicos apelidam de "patusca". Não, não é "patusca". O adjectivo certo é outro: "digna". A lentidão da monarquia britânica carrega consigo uma inigualável dignidade histórica e institucional. A monarquia não é um governo de quatro anos, é o símbolo da nação. O seu ritmo, portanto, não pode ser o ritmo do twitter, facebook, CNN. O seu tempo não respira internets, respira séculos, é um tempo chinês, calmo, pausado. Se funcionasse dentro da cadência da CNN, a monarquia deixaria de ser a monarquia e até deixaria de interessar à CNN. O mesmo se passa com outra instituição, o Vaticano. Durante o conclave que elegeu o Papa Chico, a cultura apressadinha que nos apascenta curvou-se perante os rituais de uma fé lenta. Naquela semana, a sociedade do twitter, dos ipads, dos iphones e demais bugigangas ficou desarmada perante o vagar litúrgico.

Confesso que me sinto vingado nessas alturas. E sinto-me vingado não apenas nas crenças. Sim, é bom ver o mundo ajoelhado perante uma religião cá de casa. Sim, é bom ver o mundo curvado perante uma monarquia constitucionalíssima. Mas aqui o ponto é outro: sabe bem ver a resistência destes dois penedos ante o furacão mediático. Quando a "agenda" é dominada pela monarquia britânica ou pelo Vaticano, os média são forçados a desacelerar, são obrigados a pensar em coisas que estão além do aqui e agora, coisas que furam o bloqueio do engraçadismo cínico, coisas como este bebé que representa séculos, um bebé que corporiza nos seus três quilos e meio a renovação de uma nação inteira, um bebé que consegue a proeza de parar os apressadinhos. Nada mal para uma instituição lenta e sem pistoleiros de twitter. 

PRESIDENTE DA REPÚBLICA "PERDEU TEMPO" COM PROPOSTA DE SALVAÇÃO NACIONAL

O Partido Popular Monárquico considera que a crise política das últimas semanas voltou a mostrar que um Presidente da República serve interesses partidários, considerando ainda que Cavaco Silva "perdeu tempo" com a proposta de entendimento de salvação nacional.
Segundo o PPM, a crise política das últimas semanas voltou a mostrar que um Presidente da República serve interesses partidários.

Para o presidente da Comissão Política do Partido Popular Monárquico (PPM), Paulo Estêvão, o "Presidente da República perdeu tempo ao propor um Governo de salvação nacional no contexto em que o estava a fazer" porque já se sabia que seria um entendimento "muito difícil", sobretudo quando o PS pedia há meses eleições antecipadas.
Por outro lado, Cavaco Silva fez bem em não convocar eleições, considerou Paulo Estêvão, em declarações aos jornalistas em Ponta Delgada, nos Açores, dizendo que não havia forma de chamar os portugueses a votos neste momento sem afectar "gravemente a situação económica e financeira do país".
Assim, para os monárquicos, o Governo PSD/CDS deve exercer funções até ao final da legislatura.
"Fundamentalmente, defendemos a estabilidade e consideramos que nos próximos dois anos devem ser implementadas reformas para Portugal readquirir a confiança dos parceiros europeus e dos mercados", defendeu.
Porém, para o PPM, e dada esta crise, "o sistema republicano e o sistema de partidos republicanos está a mostrar-se incapaz  de convergir no sentido do interesse nacional", ao contrário do que acontece nas monarquias da Europa do Norte.
"A figura do Presidente da República não consegue ser totalmente representativa dos portugueses. Mesmo agora, quando pediu o Governo de salvação nacional, deixou 20% da população de fora, que são o BE e o PCP, não tendo nunca conseguido aquele que é o seu papel institucional, que é o símbolo da unidade do povo português, de alguém que tem um papel neutral no sistema. Nunca tem. O Presidente da República tende a beneficiar a sua família política", afirmou, dizendo que o mesmo aconteceu com os socialistas Mário Soares e Jorge Sampaio.

BÉLGICA: FILIPE, O REI QUE VAI SEGURAR O PAÍS

“Uma nova Bélgica”, escreve, em título, o jornal Le Soir, após a entronização, em 21 de Julho, do Rei Filipe, que sucede a seu pai, Alberto II.
Uma subida ao trono que este diário francófono belga qualifica como um “sucesso real e político”. O novo soberano, de 53 anos, frequentemente criticado pela sua timidez, “passou no teste com distinção”, congratula-se o mesmo diário. Num país onde existem divisões profundas entre belgas de expressão holandesa e de expressão francófona, Filipe marcou pontos “não apenas quanto à forma, mas também quanto ao conteúdo”, ao anunciar designadamente que iniciara “contactos construtivos” com várias entidades deste país federal. Assim, para o Soir, o Rei Filipe marca o tom, logo no início do seu reinado. Depois da sua sexta reforma do Estado [que concede maior autonomia às regiões e às comunidades], a Bélgica alterou o centro de gravidade do país. O novo Rei apoia com entusiasmo esta nova estrutura.
Do lado flamengo, o título do jornal De Standaard diz “Rei Filipe, ‘a unidade na diversidade’”, retomando a nova palavra de ordem, referida nos discursos do monarca, do primeiro-ministro e do presidente da Câmara dos Representantes. Porque, salienta este diário, “o traumatismo da ingovernabilidade que ameaçou o país e cuja recordação de 541 dias sem governo [em 2010 e 2011] ainda pesa sobre nós”. Após a prestação do juramento do novo Rei, ouviram-se dois hinos na Câmara do Parlamento: o hino nacional e o hino europeu. Para o Standaard, esta escolha dá a entender que a Bélgica será um arauto da Europa do futuro: um continente que une os povos, sem que a identidade destes seja ameaçada. Mas é igualmente um alerta contra a fragmentação do país.
Para o Rei, adverte o jornal De Morgen, “a primeira prova séria só ocorrerá depois de Maio de 2014”:
Que se passaria se Bart De Wever [dirigente do partido independentista flamengo N-VA (Nova Aliança Flamenga)] obtivesse uma vitória esmagadora no próximo ano e se Filipe tivesse que o receber em primeiro lugar [para iniciar a formação de um governo]? Poderá e quererá um Rei cooperar com um regime que é contra a sua função e contra a continuidade do país?

ESTÁ A DECORRER O MERCADO MEDIEVAL EM ÓBIDOS




Mais informação em: http://www.mercadomedievalobidos.pt/

quinta-feira, 25 de julho de 2013

É CHEGADA A HORA DE JUNTAR TODOS OS MONÁRQUICOS!


Vivemos tempos sem paralelo em que a republica tem-se encarregado de mostrar ao país qual o rumo certo a seguir, ou seja, os últimos 103 anos de autentico descalabro republicano, deixam literalmente a porta aberta para a restauração da Monarquia em Portugal.

É chegado o momento de enviar uma importante e significativa mensagem ao país de que os Monárquicos estão vivos, estão atentos e defendem aquilo que é a única e a verdadeira alternativa de "Salvação Nacional" para Portugal.

Mostremos aos portugueses de forma aberta, a todos e não apenas e só aos nossos pares, as alternativas que defendemos, as propostas que temos e as vantagens de se ter um regime Monárquico vigente.

Que Portugal temos?

Que Portugal queremos?

Que Portugal iremos ter?

São questões pertinentes e que deveriam ser discutidas em Grande Convenção Monárquica, aberta a todo o publico, aos meios de comunicação social e contando com o apoio e presença de Instituições Monárquicas Nacionais e Internacionais.

É chegada a hora!

Deixem a vossa opinião.


UM ANIVERSÁRIO REAL E UMA BATALHA DECISIVA

Sabe-se que quando um facto histórico não tem prova documental a atestá- lo, o historiador apenas pode socorrer-se da tradição; tradição que pode ter uma base documental pouco segura e até contraditória , ou, na falta de qualquer pista escrita, que se limita à transmissão oral através dos tempos; parece-me estar neste caso a efeméride hoje comemorada, que nos diz ter D. Afonso Henriques nascido num 25 de Julho.

Menos consensual parece ser o ano de tal acontecimento. Aprendi na escola primária ter tido o nosso primeiro Rei nascido em 1111, baseando-se tal tese em referências vagas na Crónica dos Godos, o que explica que, à margem das comemorações oficiais, em 2009, um grupo alargado de vimaranenses, para quem a Tradição fala mais alto, festejassem os 900 anos de D. Afonso I em 2011. Não é, porém, essa a opinião quer de Alfredo Pimenta, quer do Padre e historiador Luís Gonzaga de Azevedo, que, baseados, nomeadamente, no relato da vida do primeiro santo português, S. Teotónio, contemporâneo de D. Afonso Henriques - nasceu em 1107 - e seu amigo, dão o futuro Rei como nascido em 1106.

Anos mais tarde em 1139, tinha sido já dado o primeiro passo no caminho da Fundação da nacionalidade em S.Mamede, travou-se no lugar de Ourique ( " situado quer no Baixo Alentejo, quer no Cartaxo, cerca de Santarém , quer junto às nascentes do Lis, próximo de Leiria ". - João Ameal ) uma importante batalha, pois " à semelhança do filho de D. Urraca, anos antes coroado imperador após os seus triunfos contra os Almorávidas também o nosso D.Afonso parece ter-se atribuído o título de Rei - título que muitos lhe dão desde 1128, tanto aqui como além-fronteiras " )

Escreve Alfredo Pimenta no seu < Elementos de História de Portugal > : "A 25 desse mês de Julho, o exército português encontrava, a barrar-lhe o caminho, no lugar de Ourique, um exército de mouros. Deu-se a batalha de que saíu completamente vitorioso o português".

publicado por Cristina Ribeiro, em  Estado Sentido

"FOR GREATHER GLORY" POR S.A.R., O SENHOR D. DUARTE DE BRAGANÇA (JORNAL VERIS)

"Para uma Glória Maior!" poderia ser um bom título para este filme mexicano,saído em Abril de 2012 que, esperemos, em breve seja distribuído em Portugal.

Mas para que o filme seja bem distribuído e visto pelo maior número possível de pessoas, será necessário alguma militância, pois, já se sabe que "os suspeitos do costume" vão tentar que ele não seja visto, silenciando-o ou denegrindo-o.

Veja-se o que aconteceu recentemente a outro magnífico filme, " Aqui há Dragões" , sobre a Guerra Civil espanhola e a perseguição à Igreja , ou "Juno " sobre a questão do aborto juvenil, ou o excelente filme romanceado da RTP sobre o milagre de Fátima, com a talentosa actriz Catarina Furtado.

Nenhum se encontra à venda nas chamadas livrarias " católicas " , que preferem vender obras dos teólogos heréticos como Hans Kung ou Leonardo Boff , e, que eu saiba, a imprensa católica quase não falou sobre eles.

Quanto aos nossos Párocos, ou não perceberam a importância do Cinema e acham impróprio aconselhar bons filmes, ou não estão informados. Cabe aos leigos informar os que por excesso de trabalho não tem tempo para acompanhar a "Sétima Arte".

Creio que este filme merece ser divulgado " oportuna ou inoportunamente" (citando São Paulo), até porque estamos a viver novamente uma época de perseguição ,que por ser mais subtil é ainda mais perigosa.

Em vários países já se persegue e condenam instituições que se recusem a promover o aborto e o "casamento para todos", por exemplo.

Mas vamos ao Filme.

Entre 1926 e 1929 foram mortos no México mais de 90.000 pessoas pelas tropas do Governo do Presidente Elias Plutarco ,numa perseguição aos católicos. Cerca de 24 mártires foram beatificados ou canonizados pelo Papa João Paulo II.

Essa guerra tem sido propositadamente esquecida pelos historiadores, porque ainda incomoda muita gente .

O Povo mexicano revoltou-se contra a falta de liberdade religiosa ea perseguição à Igreja , mas de modo desorganizado , até que um general reformado, Enrique Gorotieta (representado por Andy Garcia ) , influenciado por sua mulher (Eva Longoria) , aceitou liderara luta armada pela restauração da liberdade religiosa.

A partir dessa altura começaram as vitórias dos Cristeros, até que bispos pusilânimes negociaram um acordo de paz.Infelizmente essa falsa "paz" impediu o triunfo final da Cristíada mas não impediu a perseguição aos ex-combatentes.

Peter O' Toole representa um dos muitos sacerdotes assassinados pelos militares, mas a personagem mais comovente é uma criança protegida por ele, que é martirizada por se recusar a renegar a sua Fé. Morreu aclamando a Cristo Rei.

Era esse o grito de guerra dos Cristeros , que conduziram várias campanhas militares com um grande sentido de Caridade , honestidade e honra,que contrastou com a habitual violência das revoluções mexicanas .

Produzido por Pablo José Barroso e realizado por Dean Wright (Lord of the Rings, etc) tem qualidade mais do que suficiente para agradar mesmo a muitos jovens um bocado viciados nos filmes de acção de Holywood, que tem dificuldade em gostar de filmes mais "inteligentes".

Este tem bastante violência e drama para lhes agradar.E aos demais agradará pela mensagem de heroísmo e esperança nas qualidades de um Povo que em pleno século vinte deu a vida pelo seu Amor à Virgem de Guadalupe e sua Fé em Cristo Rei.

Deixemos de ser os eternos ingénuos manipulados, e saibamos aproveitar esta ocasião rara para transmitir estes valores à nossa juventude!


Dom Duarte de Bragança