Portugal é o único país do mundo que não
celebra oficialmente a data da sua fundação como país independente, o
dia do seu aniversário. E este sim é motivo de festa, de vaidade e de
coesão nacional.
Ao invés, as nossas autoridades,
imbuídas de ideais jacobinos, preferem comemorar a data em que, contra a
vontade do povo, se alterou o regime vigente através de uma revolução
fratricida entre portugueses, e da qual organizações criminosas como a
Carbonária, se aproveitaram. O dia 5 de Outubro é o feriado do laicismo
republicano de 1910.
A revolução republicana não foi sequer,
uma revolução libertadora: na altura existia uma constituição aprovada e
votada no Parlamento; havia partidos políticos, entre os quais o
próprio partido republicano e, se atendermos à época, as instituições
democráticas funcionavam plenamente – ao contrário da revolução que
ocorreu no 25 de Abril, a qual pôs fim a 48 anos de ditadura!
Após a implantação da República,
assiste-se a perseguições cruéis à Igreja, a uma enorme agitação social,
e governos que duravam dias.
A Maçonaria portuguesa, influenciada
pela Geração de 70, que acreditava que o nosso país já não poderia
sobreviver como nação independente e que só restava o desaparecimento de
Portugal, pretendia criar uma República Ibérica de raiz Hispânica e
para isso contactou, no país vizinho, organizações irmãs de forma a
levarem a cabo a destituição do Rei Alfonso XIII.
Importa referir que algum tempo após a
implantação da república, os cabecilhas de então, iniciam contactos com a
Inglaterra tendo por objectivo aquilatar se esse país se oporia à
absorção e ao desaparecimento de Portugal. No entanto estes planos
acabariam por sair frustrados com o início da I Guerra Mundial.
Oficialmente no dia 5 de Outubro é
comemorada a implantação da república que teve como acto preparatório o
assassinato de El-Rei D. Carlos, por ordem expressa da Carbonária, braço
armado da Maçonaria, ignorando as autoridades republicanas - actuais e
passadas - que foi no dia 5 de Outubro de 1143, com o Tratado de Zamora e
na presença do Legado Pontifício, Cardeal Guido de Vico, que D. Afonso
VII de Leão reconhece a existência de um novo Estado, PORTUGAL, como
REINO INDEPENDENTE. Aliás, no portal do Governo considera-se o Tratado
de Zamora como o tratado que oficialmente deu origem à nossa
independência mas esquece-se a data de 5 de Outubro de 1143. Porque
será?
Porque será que o nosso país, com mais
de oitocentos anos de história deixou de se chamar Portugal e a passou a
chamar-se República Portuguesa? À semelhança de qualquer uma das novas
repúblicas emergentes de África após a descolonização europeia ou
resultantes da fragmentação do bloco de Leste…
Não podemos esquecer que o dia 5 de
Outubro de 1143 é a data emblemática em que ocorreu a Fundação da nossa
Nacionalidade, devido ao esforço e mérito de D. Afonso Henriques,
primeiro Rei de Portugal, que beneficiou da acção desenvolvida, pelo
Arcebispo de Braga, Dom João Peculiar, em favor da constituição do novo
reino de Portugal.
Do ponto de vista histórico-jurídico o
dia 5 de Outubro de 1143 é a data da nossa Fundação – do nascimento de
Portugal. O respeito pela verdade e pela nossa História exige que se
comemore a conferência de Zamora, da qual resultou o tratado que
transformou Portugal numa realidade até aos nossos dias.
A República, nunca sufragada pelos
portugueses e transformada em instituição legítima pela força, ganharia
mais legitimidade se houvesse coragem de perguntar aos portugueses se de
facto estão de acordo com este regime. É que pelo facto de vivermos
numa república não temos de nos sentir republicanos. Como não temos que
nos sentir sociais-democratas por o actual Governo ser liderado pelo
partido correspondente ou socialistas se isso acontecesse....
Quando será que a Fundação de
Portugal passará a ser condignamente comemorada - no dia 5 de Outubro -
apesar de já ter sido há 870 anos?
* adaptado do artigo que publiquei no Jornal «O Povo do Lima» II série-n.º 19 de 27 de Outubro de 2009, págs. 6 e 7.
publicado por José Aníbal Marinho Gomes em Risco Contínuo
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