O Soneto Incompleto
Interpretando a Alta Ideia do Trovador-Vidente, que nos
deixou o ritual da raça, no Seu Livro – A Aliança Peninsular – cujas gravuras
são o leitmotiv Destas Rimas, seguem as duas quadras do Soneto Incompleto – a El-Rei
Dom Miguel – que o Poeta entregou ao Tempo, para que Este lhe fizesse os
tercetos finais…
Os meus quase setenta anos julgaram ser o Tempo e abalançaram-se ao trabalho, completando assim a arquitectura dessa Capela Imperfeita, mas respeitando sempre o plano dos alicerces…
A EL-REI DOM MIGUEL
É de medalha o teu perfil vincado.
Tu, sim que foste o último Senhor,
Que deste ao cetro o uso dum cajado
E à Realeza o oficio de pastor!
Ficou suspenso sobre a terra o arado,
Desde que o abandonou o lavrador.
Ninguém o tira donde está fincado,
Não há ninguém que o puxe com vigor!
António Sardinha
E o Poeta morreu… pois Ele quis
Juntar a Voz do Povo, em versos d’arte,
À Voz de Deus, no Céu, donde nos diz:
- Já tendes Lavrador, que breve parte!
- Tão bem guiou o arado Dom Dinis
Quão bem saberá guiá-lo Dom Duarte!
In “Um Soneto – Respeitosa Homenagem a Um Só Neto” pelo Conde de Alvellos, Francisco Perfeito de Magalhães e Menezes, Segunda Tiragem, Porto, 1944
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