Como
é do conhecimento de muitos, entre gestos de ternura e centenas de
pétalas de rosas brancas, a princesa de André Desmarais, a filha
Jacqueline-Ariadne saiu do seu castelo quebequense para se unir, pela
lei de Deus e dos homens, ao príncipe belga, Hadrien de Croÿ-Roeulx.
Como toda a jovem, ainda no desabrochar da seara, sonha unir seu destino
a um príncipe encantado. Desta vez é o coração terno de Jacqueline que
se vê nutrido pelo sonho de menina, cultivando o campo do amor para o
resto da sua vida.
A
nubente é neta de dois homens célebres do Quebeque, o
Ex-primeiro-ministro Jean Chrétien e o grande homem de negócios, Paulo
Desmarais.
De
modo que este casamento recebeu 750 convidados (dos mais ilustres)
daqui e do mundo. Parabéns e felicidades aos noivos! Um espectáculo!
Porém, nós não fomos nem somos convidados dessa boda. Ainda bem…
Valha-nos ao menos essa. Não se admirem então se não virem aqui um
desfile de letras com o nome de todos os convivas.
Contudo,
damos as boas-vindas aos Duques de Bragança e ao Duque de D’Arenberg
que fizeram uma agradável visita, precisamente ao coração da comunidade
portuguesa de Montreal, a Santa Cruz.
Dom
Duarte Pio de Bragança e sua esposa D. Isabel de Herédia foram
convidados à assistir ao enlace matrimonial acima referido, Suas Altezas
Reais ainda pertencem às famílias dos noivos.
Dito
isto, o casal real pernoitou em Montreal e no domingo dia 8 de Setembro
encontrou-se com o povo luso. O salão nobre estava repleto de gente
ansiosa por receber e aplaudir o herdeiro da coroa portuguesa, sua
esposa e o príncipe belga.
Coube
ao Sr. Padre José Maria Cardoso, amigo acérrimo dos ilustres
visitantes, o papel de mestre-de-cerimónias. A principal questão é que
tudo decorreu como o Pe. José Maria e a sua equipa o desejavam.
Por
sua vez, o Jason Côroa regalou os convidados reais e os demais com o
carinho da sua presença e a alegria da sua voz. O Jason interpretou A
Portuguesa – O Hino Nacional.
Ricamente
vestidos, com os trajes do Minho e da Nazaré, estavam aqueles Grupos
Folclóricos que abriram alas para deixar entrar o casal real e o Duque
de D’Arenberg. Leopold, embaixador da Ordem Soberana de Malta em
Portugal já tinha estado em Montreal, de visita à comunidade, no ano de
2007. Pela mesma ocasião, o Duque de Bragança e o de D’Arenberg apoiaram
a criação do centro educativo da Missão de Santa Cruz, UTL. O Príncipe
Leopoldo de D’Arenberg no seu discurso oficial referiu a remessa de
livros que ofereceu às Escolas de Santa Cruz e Lusitana, tanto na
primeira viagem como nesta sua passagem pela Missão de Santa Cruz. No
seu discurso, o Duque de D’Arenberg frisou que o apoio e a partilha são
elementos fundamentais para um bom desenvolvimento social e cultural,
neste caso aposta nos jovens das escolas portugueses como motores
estratégicos de preservação da língua e da cultura lusas.
|
Os Duques na pose com o Rancho Folclórico da Missão Santa Cruz. |
Ao
lado dos Duques marcou presença o Sr. Cônsul-Geral de Portugal em
Montreal, o Dr. Fernando Demée de Brito, com o qual trocamos algumas
palavras. A meu ver, a presença de um diplomata nos eventos da
Comunidade é sempre uma mais-valia e uma nota social no concerto diário
que é a vida de um povo longe da sua Terra.
Com
esta visita quisemos saber, quer pela história quer pelo interesse que
nos move, com Dom Duarte Pio de Portugal: se a monarquia voltasse sua
alteza seria o novo rei? «Claro que individualmente pensaria no meu País
a longo prazo e teria uma visão futura, não pensaria apenas em ganhar
as próximas eleições». Para Dom Duarte a primeira República foi um
desastre: «Perseguiram os sindicatos, as mulheres e as minorias que não
votavam. Não se cultivava o bom senso, o carinho, o amor. Apodreceu a
moral… » Sr. Dom Duarte é o que estamos a viver agora em Portugal, não?
Silêncios e logo a resposta: «Minha senhora vai mal a moral em todo o
sentido da palavra e da moral-sexual nem bom é falar, não é só em
Portugal, por todo o mundo».
Na
pergunta seguinte quisemos saber o que pensa Dom Duarte da crise
financeira tão falada em Portugal: «Há muitos problemas nacionais
difíceis de resolver». Não os nomeamos por falta de coragem ou talvez
por vergonha… Ao que chegou a Nação que me deu luz. Porque será que
gasto agora o meu tempo e os meus olhos a escrever sobre ela?» Responda
D. Duarte ou mesmo o Primeiro-ministro de Portugal. Dom Duarte falou na
justiça: «Como não há dinheiro, há muitos culpados que conseguem a
liberdade (por dá cá aquela palha) como foi o caso de vários
reincidentes aos fogos, saem das prisões sem que justiça seja feita,
depois voltam a fazer o mesmo».
Dom
Duarte gosta imenso de viver em sua casa, em família e diz entender-se
bem com a vizinhança. A única pena, afirma: «Desgosta-me e vejo muito
descontrolo à minha volta, estão a desfigurar Portugal, algumas
construções feitas por lá em aldeias e cidades são autênticos atentados à
paisagem e ao nosso valioso património».
Ui…
anda tudo de candeias às avessas, está visto. Mas não há grande espaço
para continuar esta conversa tão interessante. Dom Duarte foi
extraordinário e não tem papas na língua. Faria um excelente monarca!
Temos a certeza e não ocuparia o cargo de ministro de prateleira ou o de
flores de enfeite, é todo destemido, culto e moderno.
Dom
Duarte Pio de Bragança (1945) casou com Dona Isabel de Herédia no ano
de 1995. São pais de Dom Afonso, de Dona Maria Francisca e Dom Dinis.
No
pouco que falámos com Dona Isabel vimos nela uma mulher orgulhosa do
seu País, das suas origens e da sua cultura identitária. Uma duquesa que
vive na procura de meios para que a paz social reine entre os homens e o
mundo. Notámos que a educação de seus filhos é uma prioridade todavia,
baseando-se nos tempos difíceis em que vive Portugal, preocupa-se com o
futuro. Dona Isabel revela ser uma mãe afectuosa que preza a família e
respeita a sociedade e seus valores. Na sua casa de Sintra vive num
paraíso harmoniosamente com a sua família. Dona Isabel sentiu-se
acarinhada pelo povo português de Montreal. Assim sendo, depois de ter
sido coroada com seu esposo – em nome de Deus e do Divino Espírito Santo
– parte agora de alma plena e pretende cultivar esta amizade para o
resto da sua vida.
Dom
Duarte saúda e agradece a todos quantos o receberam. E faz um apelo aos
imigrantes de Montreal e do Canadá para que se inscrevam no consulado
da Vª. área de jurisdição e votem nas eleições, como cidadãos de
Portugal.
Finalmente,
notamos que os duques partiram satisfeitos mas a sensação de bom grado e
enriquecimento mútuo ficou no ar. É de grande importância que nestes
acontecimentos o ambiente seja sereno, selecto e bem planificado. Foi
isso que sentimos até ao fim. Todos confraternizaram com os Duques
levando na mão e aos lábios o seu portinho de honra. Honra lhe seja
feita Padre Zé Maria.
LUSOPRESS, Adelaide Vilela, 19 de Setembro de 2013
Sem comentários:
Enviar um comentário