A
tradição e a cultura (língua e obras) são os alicerces duma nação
corporizada por um povo que a herda, administra e projecta para o
futuro. O príncipe, como primus inter pares, encarna os desejos e
expectativas da comunidade que representa e de que procede. Estamos no
domínio da metapolítica que nos concede superar uma concepção meramente
administrativa ou aritmética da coisa pública. E repare-se como não
ficamos obrigatoriamente amarrados a uma simples questão de fé: para os
não crentes numa ordem transcendente, a questão pode ser perspectivada
no âmbito da simbologia, dimensão fundamental para a sustentação de um
tácito contrato comunitário, a encarnação de uma realidade abstracta, a
que se confere assim a harmonia necessária à adesão emotiva.
No que diz respeito à perspectiva estritamente política, nunca é de
mais relembrar que a chefia hereditária do Estado, que maioritariamente
subsiste legitimada pela história nos países europeus mais
desenvolvidos, é um factor de equilíbrio e de religação nacional, último
reduto da unidade identitária e dos valores perenes do ideal comum,
sempre ameaçados pela mecânica democrática, cujo exercício por natureza
exacerba a luta faccionária, compele à desagregação e à descrença por
via da erosão de uma conflitualidade permanente, através da rivalidade e
conflito entre partidos, grupos de interesses, económicos,
profissionais ou estéticos.
É pois motivo de júbilo para os portugueses assinalar-se a maioridade
de S.A.R. o senhor D. Afonso, príncipe da Beira, digno representante,
com seu pai, de toda a nação portuguesa. As celebrações iniciam-se
amanhã dia 25 de Março com uma missa de acção de graças na Igreja da
Encarnação (ao Chiado). Trata-se da comemoração da promessa da
continuidade na direcção dos nossos filhos e netos, duma noção de pátria
que é acima de tudo espaço, tempo e uma alma enorme de 900 anos.
Por João Távora
publicado em 24 Mar 2014 - 05:00
Consultor de comunicação publicado em 24 Mar 2014 - 05:00
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