Num
país onde a república é a única forma de Governo possível, alguns não
vêem vantagem na elegibilidade do Chefe de Estado. Eles são monárquicos e
acreditam que um rei seria a melhor solução para Portugal. Manuel Neves
e Manuel Beninger são portugueses que acreditam numa monarquia moderna,
numa monarquia parlamentar.
A
discussão entre monárquicos e republicanos é velha no âmbito da ciência
política. No entanto, os monárquicos acreditam que têm a vitória e que
Portugal não deveria ser um dos 164 países sob regime republicano. Este
país deveria ter, segundo eles, um chefe de estado não eleito. Só assim
se conseguiria a unidade nacional.
Para
Manuel Pinto Neves, de 63 anos, “os presidentes da república são
indicados por partidos e seguem ideologias, o que cria divisão
imediata”.
Segundo
este monárquico, o rei é o símbolo de um país que não se envolve em
partidos. É uma figura independente destas situações, procurando o
consenso. Esta é uma das razões pelas quais se defende o regresso à
monarquia.
Um regime com vantagens
O
Presidente da República é visto, por quem defende a monarquia, como uma
figura apenas eleita por uma parte da população. Além disso, para o
Presidente da Comissão Distrital de Braga do Partido Popular Monárquico
(PPM), Manuel Beninger, a abstenção verificada nos últimos anos reflecte
“o descrédito nas instituições republicanas”.
Este
monárquico afirma que o rei seria a melhor opção dado que este é
“absolutamente livre de pressões, de grupos económicos e de interesses
partidários”, representando todos os portugueses.
A
capacidade de neutralidade em relação às forças políticas começa a ser
preparada em criança. Desde a infância que o futuro rei adquire uma
educação especializada que lhe permite subir ao trono mais tarde. Manuel
Neves confirma esta ideia, referindo que “os reis são preparados
imediatamente para o serem e para poderem prestar serviço à nação”.
Perante
a actual situação do país, o cidadão de 63 anos relembra que um regime
monárquico é mais barato do que um regime republicano. Além disso,
refere que os presidentes da república gastam milhões e que “o estado
continua a aguentar quatro ou cinco presidentes da república, quando
eles já saíram”.
Monarquia como opção democrática
Não
há números oficiais quanto aos portugueses que defendem a monarquia. O
número de filiados no movimento oficial monárquico ronda os dez mil, mas
o valor real é superior. Manuel Neves afirma que existem “grupos
monárquicos informais que usam as redes sociais, encontros e convívios
para manter a causa na memória”. Para além disso, segundo D. Duarte Pio,
30% dos portugueses achariam melhor ter um rei do que um presidente.
Apesar
da luta por uma alteração no actual regime, a Constituição não é
favorável a uma mudança. “O actual regime e a constituição portuguesa
não são, de todo, verdadeiramente democráticos, uma vez que apenas
consagram a República, como única opção de regime”, defende Manuel
Beninger.
Uma causa que não precisa de partido
O
Partido Popular Monárquico teve, na sua génese, alguns membros
monárquicos. No entanto, os membros da causa real não pertencem todos ao
PPM. “Muita gente é do PSD, do CDS ou até do próprio partido
socialista. A causa monárquica não precisa de partido”, afirma Manuel
Neves.
Apesar
desta heterogeneidade, o representante do PPM acredita que “há um
descontentamento profundo com o actual regime e com as actuais políticas
do país”. Este é, para Manuel Beninger, o motivo apontado para que o
Partido Popular Monárquico tivesse melhores resultados nas últimas
eleições para o Parlamento Europeu, adquirindo 0,5% dos votos, segundo
dados do Jornal Expresso. Apesar desta subida de 0,1% face às eleições
europeias de 2009, “o partido popular monárquico nunca teve nenhuma
expressão a nível eleitoral”, de acordo com Manuel Neves.
Quanto
ao futuro, o representante do PPM acredita “firmemente que a
restauração da monarquia já esteve mais longe e que esta será uma
realidade ainda nesta geração”.
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