O Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, sublinhou na homilia
da missa de Quarta-Feira de Cinzas, que alguns sinais de recuperação
económica demoram a chegar às famílias, e apelou à misericórdia para com
os mais desfavorecidos.
«Mesmo alguns sinais de recuperação económica demoram em repercutir-se
na vida e no estado de espírito de muitas pessoas e famílias, que por
excessivos encargos e falta de trabalho e perspectivas não conseguem
satisfazer necessidades básicas, nem olhar com optimismo o futuro,
especialmente os mais jovens», afirmou D. Manuel Clemente, que presidiu,
na Sé de Lisboa, à missa de cinzas, que marca o início da Quaresma,
naquele que é o seu primeiro acto público em Portugal desde que foi
criado cardeal pelo Papa Francisco, no passado sábado.
«Os crentes participam com os seus concidadãos ‘nas alegrias e
esperanças, nas tristezas e angústias’ da sociedade que integram. Mas,
exactamente por serem crentes, em tudo hão-de estar com os sentimentos
de Deus revelados em Cristo, isto é, com a misericórdia que os aproxime
de toda a pobreza e fragilidade, em comprovada presença e concreto
apoio, correspondendo às multiplicadas carências dos outros», continuou o
prelado.
D. Manuel Clemente, que falava para um templo sem lugares vagos, disse
que «pode haver, como legitimamente acontece mesmo entre os discípulos
de Cristo, diferenças na análise dos problemas e perspectivas distintas
para a respectiva resolução», mas que «o que não pode haver é
desistência ou atraso quanto ao essencial, que é responder com empenho
às carências pontuais ou persistentes da sociedade que integram».
Colocando a tónica da homilia na «misericórdia», D. Manuel Clemente
afirmou: «A Quaresma que iniciamos tem este conteúdo vivo, de nos
rendermos à misericórdia de Deus e de a reproduzirmos em nós, para que
chegue a todos; e o mundo passe com Cristo para o Pai, repassado por fim
dum amor definido, absolutamente próximo e inteiramente solidário.
Tanta coisa depende disso, que nenhum de nós tardará decerto. Jejuemos
do mais, pois só assim bastaremos; partilhemos os bens, que só em comum
serão nossos; perseveremos na oração, para prosseguirmos com Deus».
A homilia lida hoje pelo Cardeal Patriarca é a mensagem da Quaresma da Diocese de Lisboa, explicou à Lusa fonte do patriarcado.
Na mensagem é afirmado que «entrar em Quaresma é aceitar um desafio
imenso, como é entrar no próprio coração divino. É um modo poético e,
assim mesmo, verdadeiro, de corresponder à revelação bíblica do que Deus
foi revelando de Si próprio, ao longo daquela história exemplar para
todos os povos, tempos e lugares. Coração divino, que em Jesus
demonstrou a correspondência absoluta com o coração humano, faminto e
sedento de tantas fomes e sedes».
Cerca de 400 pessoas, entre elas o secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, e os Duques de Bragança, D. Duarte Pio e D. Isabel, assistiram à eucaristia, na qual participam cerca de 20 sacerdotes e os bispos auxiliares da diocese.
Numa parede lateral da Sé está já posto o pano de arma do Cardeal-Patriarca com a respectiva divisa: «In lumine tuo».
A cerimónia contou ainda com a presença das ordens do Santo Sepulcro, de
Malta e de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, bem como com a
Irmandade do Santíssimo Sacramento da Sé.
Fonte:TVI24 e Patriarcado de Lisboa
Sem comentários:
Enviar um comentário