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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

domingo, 8 de março de 2015

D. MANUEL II E A ORDEM DA JARRETEIRA



No dia 16 de Fevereiro de 1909, pelas 07h30m, no Castelo de Windsor, Inglaterra, El-Rei Dom Manuel II de Portugal torna-se o 838.º Cavaleiro da Ordem da Jarreteira a ser agraciado por um Soberano inglês. Numa cerimónia de impressionante pompa e ritual, a El-Rei foi imposta pelo primo, o Rei britânico Eduardo VII, a Ordem e as suas insígnias. Dom Manuel II, foi simultaneamente o último português – de um selecto e estrito clube - a receber esta honraria e, também, até hoje, o mais jovem cavaleiro de sempre da mais distinta das Ordens Honoríficas britânica e mundiais.
 
A Mais Nobre Ordem da Jarreteira, também conhecida como Ordem da Jarreteira, é uma ordem de cavalaria britânica, a mais antiga de Inglaterra e do sistema de honras britânico, agraciada, exclusivamente, ‘por desejo do Soberano’. Fundada, em 1348, para destacar os esforços do reino e aliados, é uma ordem militar, criada pelo Rei Eduardo III de Inglaterra e baseada nos nobres ideais das demandas ao gosto do espírito medieval: "uma sociedade, uma companhia e uma escola de cavaleiros", e o conceito foi seguido durante séculos por outros monarcas europeus, que constituíram as suas próprias e prestigiadas ordens de cavalaria. ‘Order of the Garter’ - a tradução correcta seria antes Ordem da Garrotea ou Ordem da Liga até porque os agraciados são contemplados com uma liga para colocar no joelho esquerdo -, a Ordem da Jarreteira é mais antiga e mais prestigiosa ordem de cavalaria e é a mais importante comenda do sistema honorífico do Reino Unido e não só, desde essa altura até aos dias de hoje. Os membros da ordem são limitados ao Soberano, ao Príncipe de Gales e a não mais que vinte e quatro membros ou companheiros, embora também incluam cavaleiros e damas extranumerários como membros da família real e monarcas estrangeiros. ‘Conceder a honra’ é uma prerrogativa executiva remanescente do monarca inglês de carácter verdadeiramente pessoal.
 
O emblema da ordem, retratado na insígnia, é uma jarreteira com a divisa em francês antigo – que era naquela altura o idioma oficial da corte inglesa - ‘Honni soit qui mal y pense, "Envergonhe-se quem nisto vê malícia", em letras douradas. A lenda conta que Eduardo III estaria a dançar com a Condessa de Salisbury num baile da corte, quando esta deixou cair a sua liga/jarreteira. Ao apanhá-la do chão e amarrá-la de volta à sua perna, o rei reparou que os presentes os fitavam com sorrisos e murmúrios. Irado, exclamou: ‘Honni soit qui mal y pense’ ("envergonhe-se quem nisto vê malícia"), frase que se tornou o lema da ordem. Disse, ainda, o Rei inglês que tornaria aquela pequena jarreteira azul tão gloriosa que todos a haveriam de desejar. Sendo esta história verdadeira ou não, a Ordem da Jarreteira foi, de facto, criada por Eduardo III, o seu símbolo é uma jarreteira azul-escura, de rebordo dourado, em que aparecem inscritas, em francês as palavras, supostamente, proferidas pelo rei inglês. Assim, os membros da ordem recebem essa liga nas ocasiões cerimoniais de agraciamento da Ordem. Mas o uso da liga como um emblema pode ter derivado de tiras utilizadas para fixar armaduras pelos cavaleiros medievais.
 
Além do grão-mestre da Ordem que é sempre o Soberano inglês existem os cavaleiros reais (nos quais se inclui sempre o Príncipe de Gales podendo o monarca ainda nomear vários membros da família real), os cavaleiros estrangeiros (vários monarcas reinantes de países estrangeiros nomeados pelo monarca britânico), tidos como cavaleiros extranumerários e os cavaleiros ou damas-companheiras (24 personalidades nomeadas pelo monarca britânico). Somente o monarca pode conceder a adesão: ele/ela é conhecido/a como “Soberano/a da Jarreteira”, e o príncipe de Gales é conhecido como um ‘Cavaleiro companheiro da Jarreteira’.
 
Os membros masculinos da Ordem são intitulados "Cavaleiros Companheiros", e os membros do género feminino são chamadas de "Damas Companheiras". As nomeações são vitalícias e intransmissíveis (não são hereditárias). Os cavaleiros são nomeados em 23 de Abril, dia de São Jorge e como a cor de São Jorge é o azul é tradição vestir algo azul para a cerimónia. Nessa ocasião, deverá usar-se a jarreteira na perna esquerda, logo abaixo da cintura. A Ordem da Jarreteira realiza os seus serviços na Capela de são Jorge, no Castelo de Windsor, onde, desde o primeiro cavaleiro no alto, estão colocados os elmos com crista, a espada e estandartes de armas dos cavaleiros.
 
Para ocasiões cerimoniais da Ordem, como o dia anual da Jarreteira, os membros usam as elaboradas vestes, a insígnia da Ordem que inclui um colar e uma insígnia pendurada, conhecida como Great George, de ouro e esmalte, em que aparece São Jorge a cavalo, matando o dragão, para além dos apetrechos. Assim um cavaleiro usa ‘o manto’ que é o robe feito de veludo azul-escuro com uma linha em tafetá branco. O brasão heráldico com a Cruz de São Jorge circulado pela liga é costurado sobre o ombro esquerdo do manto, mas o manto do Soberano é o único que tem a estrela da Ordem. Anexado ao manto sobre o ombro direito há um capuz de veludo vermelho escuro e uma túnica; o ‘chapéu’ que é um gorro Tudor de veludo preto com uma pluma de avestruzes brancas e penas de garça preta; o colar que é um acessório usado ao redor do pescoço, sobre o manto e fixado com fitas brancas amarradas com fitas nos ombros. Como o manto, foi introduzido nos séculos XV e XVI. É de ouro puro, e pesa 30 onças (0,933 kg). O colar é composto de nós alternando com medalhões de ouro esmaltado mostrando uma rosa vermelha rodeada pela Jarreteira. O Great George, que está pendurado no colar, é uma figura colorida esmaltada (às vezes de jóias) tridimensional de São Jorge, o Mártir, montado num cavalo, matando um dragão. A Jarreteira é usada em ocasiões cerimoniais em torno da panturrilha esquerda por cavaleiros e todo o braço esquerdo por senhoras, e está representado em várias insígnias. A Liga é uma cinta de veludo azul-escuro dobrada, e tem o lema em letras de ouro. Em outras ocasiões, quando decorações são usadas, os membros usam insígnias simples. Cavaleiros e Damas companheiros usam as letras "KG" e "LG" após o nome, respectivamente. Um membro da Ordem tem na hierarquia do sistema nobiliárquico britânico um grau inferior ao filho mais velho de barões e superior às restantes ordens e titularia.
 
Voltando à ligação da Ordem com a Casa Real Portuguesa, sendo a Aliança entre Portugal e Inglaterra a mais antiga do Mundo, datada de 1386, altura em que foi assinado o Tratado de Windsor, e que resultou também no casamento entre El-Rei Dom João I de Portugal e a Princesa Inglesa Dona Filipa de Lencastre (Lady Phillippa Gant of Lancaster), filha de John Gant, Duque de Lancaster, e neta do então monarca inglês, é natural que Dom João I tenha sido o primeiro português – de uma lista muito selecta – a ser agraciado com a Ordem da Jarreteira, o que aconteceu em 1400, tornando-se o 102º Cavaleiro da Ordem. A Rainha Dona Filipa de Lencastre já era Dama da Ordem desde 1378, sendo até hoje a única portuguesa com essa distinção. A lista de portugueses não incluiria mais do que 15 personalidades, sobretudo Reis e infantes e um único membro da nobreza portuguesa. Assim, da lista de membros portugueses da Ordem da Jarreteira, além do inicial D. João I, fazem ainda parte, entre outros, o Rei D. Duarte I, D. Pedro, Duque de Coimbra, o Infante D. Henrique, o Rei D. Afonso V, o Rei D. João II, o Rei D. Manuel II, o Rei D. João IV, o Rei D. João VI, o Rei D. Luís I, o Rei D. Carlos I, o Príncipe Real D. Luís Filipe e o Rei D. Manuel II - o derradeiro.
 
Na foto, para além de ostentar as vestes e as insígnias da Ordem da Jarreteira como o colar com o pendente do Greater George e a liga no joelho, El-Rei Dom Manuel II ostenta a Placa e a Insígnia das Três Ordens Militares (Cristo, Avis e Santiago), a Placa da Ordem da Torre e Espada, segura uma espada de cerimónia e está à frente do Trono e ao lado da Coroa e Ceptro Reais de Portugal, colocados sob a almofada vermelho-escuro, pois nunca eram usados pelos reis portugueses desde que Dom João IV usou pela derradeira vez a Coroa dos Reis de Portugal e que haveria de oferecer a Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, pela protecção concedida durante a Restauração, coroando-a Rainha de Portugal, por isso os monarcas que haveriam de se seguir a usavam a Seu lado, como símbolo real, e não a colocando.

Miguel Villas-Boas - Plataforma de Cidadania Monárquica
 

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