Entre o Rei e o Povo existe uma ligação quase familiar, pois assenta
nos princípios do direito natural, Elo inquebrantável desde a fundação
da nacionalidade. Existe de facto uma relação quase mística entre o Rei e
o Seu Povo.
Existe uma instantaneidade, uma ligação directa entre o Rei e o
Indivíduo da Nação ou País, pois o Rei, mais do que uma pessoa, é uma
Entidade que possui uma carga emblemática porque o Monarca é o primeiro
depositário da tradição dos antepassados dos homens e dos costumes da
Nação. Um Rei dá ânimo e estimula a auto-estima da Comunidade e faz
todos acharem-se fracção de um todo. Um Rei é um grande motivo de
orgulho para o Seu Povo, que sabe ter na Figura Real a encarnação da
história da Nação.
O Rei não é uma personagem distante enclausurada numa redoma de luxo e
privilégios, antes caminha, sem medo, no meio da multidão, ouvindo os
seus problemas e sentindo com o Povo, para depois dar voz aos seus
anseios junto das instâncias legislativa e governativa, enredadas em
interesses partidários, e, que não raras vezes ignoram as questões
maiores como o supremo interesse do Povo e que por isso perante os que
governam não possuem qualquer autoridade natural. O Rei será o “defensor do equilíbrio da Nação” – como foi estatuído nas Cortes de 1211.
Há pois, uma relação imediata entre um Rei e os cidadãos do seu país,
que vêem no Rei a referência e, também, a última, e por vezes
derradeira, instituição, que sentirá as suas necessidades e o defenderá
perante a possível tirania política. O Rei – e só o Rei – é o intérprete
da Vontade Nacional! É essa Paz que queremos, é essa comunhão entre
Chefe de Estado e Povo por que todos anseiam, o Portucalense querer
encarnado num Rei.
A função Real é, de facto, um Serviço que é desempenhado com sentido
de missão, pois constantemente sobre o escrutínio público o Rei procura
exercer o melhor possível o seu Ofício dirigido no sentido do
aperfeiçoamento constante.
Mas mais do que um papel político, porque o Rei reina e não governa, o
Monarca tem um papel histórico: o de personificar o carácter nacional.
Reinar não é um ganha-pão, é um Ofício!
A função Real é, de facto, um Ofício que deve desempenhar com sentido
de missão, pois constantemente sobre o escrutínio público o Rei procura
desempenhar o melhor possível o seu serviço dirigido no sentido do
aperfeiçoamento constante.
Só o Rei terá uma superior consciência dos problemas nacionais, pois a
educação de um Príncipe é orientada da forma que se entende ser a mais
adequada ao melhor desempenho do seu futuro mester de Rei, de forma a
reinar da forma mais útil e favorável para o País. Reinar é uma
especialização na defesa dos interesses da Nação que nunca podem ser
alvo de desdém e indiferença.
A mais-valia do Monarca consiste nesta congregação de preparação,
probidade e neutralidade, que evita que o Rei caia no aperto da
impreparação – maduro a tomar decisões nunca saltará etapas que possam
perigar o estado da Nação -, no embaraço da falta de ética, na enrascada
do comprometimento, pois mantém uma posição de neutralidade em relação a
questões políticas, sem compromissos unilaterais que ferem a dignidade
do poder moderador que se exige a um Chefe de Estado.
A política, pela sua própria essência, campo de pelejas
intermináveis, sobrecarregada de invejas, tem esse destino singular de
ser ferida e acicatada, por questões, interesses e lobbies partidários,
económicos e financeiros ou mesmo desta ou daquela classe social. Por
isso não poucas vezes o bem comum não está suficientemente acautelado.
Assim a função de reinar elimina os comprometimentos e as frívolas
promessas de campanha e torna a chefia do Estado merecedora de
confiança, porque independente de calendários e questiúnculas
eleitorais.
A Monarquia funciona ainda como uma força motriz da democracia porque
é uma terapia de choque para o caciquismo republicano. Com um Rei como
Chefe de Estado terminará aquilo que o Imperador Marco Aurélio descreveu
num dos seus célebres Pensamentos: “Desprezando-se, bajulam-se e, querendo ultrapassar-se cedem à vez”.
Ora, com a figura do Rei que exprime a virtude da dedicação ao bem
comum e tem uma superior consciência dos assuntos nacionais,
representando da forma mais ética possível a Nação, a Comunidade confia
no Rei e revê-se nele, e quererá seguir-lhe o exemplo o que vai fazer
repercutir nas instituições democráticas essa ordem.
No nosso ainda novo século, como em nenhum outro antes, testemunha-se
nas repúblicas o maior desprezo pela política e pelas instituições,
supostamente, democráticas, muito pelo que acontece nos gabinetes do
actual sistema, em que políticos manhosos, empanturrados de afectação
exercitam a poder com dominação achando-se depositários da jurisdição
totalitária de abater a vontade do Povo.
Muitas vezes num ambiente de óbvias tensões, de uma enorme cadeia de
causas e feitos, de inúmeros interesses individuais, é esse fim último
de Bem Comum que só uma figura totalmente livre e independente pode ter o
discernimento para perceber. Essa liberdade, absolutamente necessária,
só um Rei possui: “nosso rei é livre”, consequentemente, Nos liberi sumus, Rex noster liber est, manus nostrae nos liberverunt. O que, em português, significa: Nós somos livres, nosso Rei é livre, nossas mãos nos libertaram. E isso constitui a verdadeira Unidade da Nação!
Sem essa figura conciliadora, esta unidade nacional quebra-se dando
lugar a cisões políticas e sociais interessadas apenas na defesa de
interesses particulares e privatísticos da sua facção, isto é, passa a
haver apenas uma relação negativa entre elementos.
É nesta especialização na defesa dos interesses e da plena
independência do País face ao estrangeiro e no facto de um Rei ser
educado para a abnegação pessoal às funções de Chefe de Estado e devoção
exclusiva ao bem do País, que resultam as principais vantagens do
Monarca Constitucional. Assim, o Rei desempenha um papel fundamental:
funciona como símbolo de estabilidade, união e continuidade da Nação.
Miguel Villas-Boas – Plataforma de Cidadania Monárquica
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