O deputado do PS Pedro Nuno Santos defendeu que, da mesma forma que
Paulo Portas é “monárquico” e “não tentou implantar a monarquia”, também
o PCP não poria em causa os compromissos europeus. Será verdade?
A frase
“Paulo Portas é um monárquico convicto e não consta que tenha tentado implantar a monarquia”
O contexto
Nesta terça-feira, em entrevista à
TVI 24, o deputado socialista Pedro Nuno Santos foi questionado sobre
se a posição política do Partido Comunista contra a União Europeia
poderia causar fricção e instabilidade no relacionamento PS/CDU, se
chegassem a acordo para formar governo. Pedro Nuno Santos retorquiu que,
da mesma forma que “Paulo Portas é um monárquico convicto e não consta
que tenha tentado implantar a monarquia”, também o Partido Comunista,
apesar das suas convicções, apoiará um governo alternativo sem exigir a
saída do euro.
Os factos
O líder dos
CDS/PP pode não exibir, mas a verdade é que também não esconde, a sua
preferência: Paulo Portas é “monárquico por convicção” e está filiado na
Causa Real, associação criada por D. Duarte de Bragança que reúne
simpatizantes da monarquia, desde muito novo. Numa entrevista concedida
em Agosto de 2010 ao semanário Expresso, o dirigente centrista
dizia que fazia questão de “pagar as quotas todos os anos”, que se
associou aos monárquicos por uma “questão sentimental” e defende que “os
países melhor governados são monarquias”.
Portas, que nunca fez
da sua filiação monárquica acção política, dizia em 2010 que tinha boa
impressão do pretendente ao trono, D. Duarte Pio, que lhe parecia
“simpático” e “sincero”. Afirmava ainda que “o essencial é que se
garantam as liberdades individuais, não a forma de governo”, e que, para
ele, “os portugueses são republicanos quanto ao modo de escolha de
chefe de Estado, mas monárquicos quanto ao exercício da função do
Presidente da República”.
O responsável do CDS não está sozinho no
seu partido a favor da causa monárquica. O ainda ministro Pedro Mota
Soares pertenceu aos órgãos sociais da Causa Real e presidia à mesa da
Assembleia Geral da Real Associação de Lisboa (RAL). Filiados ainda,
segundo a RAL, estão Telmo Correia, António Lobo Xavier e Luís Nogueira
de Brito, todos antigos líderes parlamentares do CDS.
Os nomes
percorrem todo o espectro político português, apesar de se concentrarem
na ala do CDS. O antigo candidato à Presidência da República e fundador
da AMI, Fernando Nobre, filiou-se em 1993, embora se tenha afastado da
Causa Real. Também Francisco Sá Carneiro, histórico do PSD, filiou-se
antes do 25 de Abril como forma de oposição ao regime. O presidente da
Câmara do Porto, Rui Moreira, e o líder do partido emergente Nós,
Cidadãos!, Mendo Castro Henriques, também já foram muito activos junto
do Conselho Monárquico da Causa Real.
Por último, o candidato a
Belém Marcelo Rebelo de Sousa é o presidente vitalício da Fundação Casa
de Bragança, uma instituição criada por vontade de D. Manuel II. Apesar
de não ser explicitamente monárquica, esta fundação é herdeira e
responsável pela manutenção e preservação do património da Casa Real de
Bragança, do qual faz parte o Paço Ducal de Vila Viçosa, o Convento das
Chagas, propriedades agrícolas no Alentejo, uma escola agrícola em
Vendas Novas e cinco castelos.
Em resumo
Paulo
Portas é monárquico e não esconde essa faceta da sua vida política.
Mas, como diz Pedro Nuno Santos, nunca deixou que essa convicção se
transformasse em acção política ou propaganda. De resto, há várias
personalidades de todos os quadrantes sociais e políticos portugueses
que partilham as ideias monárquicas de Portas.
Este cavalheiro não é peixe nem carne. Navega ao sabor das ondas.
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