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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

A IDEIA DA RESTAURAÇÃO, POR HENRIQUE BARRILARO RUAS



Esta ideia da Restauração, há quatrocentos anos que perturba a alma dos Portugueses. Completam-se, este ano (1), quatro séculos sobre a morte do Rei D. Henrique, o fracasso jurídico e político das Cortes de Almeirim, a invasão espanhola, a triste batalha de Alcântara, a posse do Reino pelo Duque de Alba, em nome de Filipe de Habsburgo, Rei de Castela e Leão. Um pouco mais, e será o centenário daquelas Cortes de Tomar em que os legítimos representantes da Nação resolveram entregar os seus destinos ao Rei intruso: legítimos pela origem, não porém legítimos pela situação, uma vez que votaram o futuro da Pátria enquanto as armas estrangeiras (falo em termos metafóricos) lhes eram apontadas à cara.
 
E a ideia de Restauração nasceu e cresceu nesses dias em que a Pátria (como disse Fernão Lopes num caso semelhante) estava «viúva», uma vez perdido o seu senhor natural, isto é, o seu primeiro servidor, o Rei sem alcunha. O 1.º de Dezembro de 1640 foi precisamente a vitória dessa ideia. Foi a Revolução da Legitimidade.
 
Preparada longamente pelos teóricos do Direito político (e, entre todos, pelos Jesuítas e seus discípulos), programada minuciosamente pelos quarenta conjurados, vindos da mais antiga nobreza e também da melhor classe letrada (talvez no único momento da nossa História em que o escol assumiu plenamente as suas responsabilidades); ansiosamente esperada e apaixonadamente confirmada pelo conjunto do Povo - a Restauração veio como um dia novo, iluminado por todos os sóis da Esperança ...
 
Confessemos que esse puro ideal não triunfou, Circunstâncias próprias da época que a Europa então vivia (na complicada transição do Renascimento para a Idade Barroca e o Iluminismo): um certo adormecimento das energias espirituais e físicas da Grei (após a sangria das Descobertas e Conquistas); o desencontro entre os génios das Letras e os génios das Armas,' o longo divórcio, aberto como uma chaga (que nunca mais viria a ser fechada) entre o Povo e o Poder: tudo contribuiu para que a história dos séculos que se seguiram a 1640 não tivesse tido o esplendor triunfante e a certeza clara das grandes gestas nacionais.
 
E isto, para nós, portugueses deste final do século XX, quer dizer responsabilidade, quer dizer sentido de servir. Porque não há-de ter sido em vão que o ideal restauracionista algum dia deu luz aos Portugueses. Enquanto ele não for cumprido, está aberto o processo.
 
Somos nós que temos de projectar, na vida das comunidades menores de que fazemos parte – as de base geográfica e as de base sociológica – as exigências morais e estéticas sem as quais nenhuma restauração é possível.
 
Somos nós que temos de intervir na vida do Estado, para lhe impor a invencível vontade nacional de fazer dele um verdadeiro Estado de Direito, e ao mesmo tempo um acto político de indomável tensão para metas desde a origem assinaladas e nunca atingidas: o serviço do homem e o serviço de Deus.
 
Porque a própria ideia de Restauração tem de ser encarada e vivida como instrumento, não como fim em si.

(1)
publicado na Revista "Ensaio", N.º 1, pág. 3, Dezembro 1980.

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