PRONUNCIAMENTO DO PRESIDENTE DA UNIÃO BRASILEIRA DE ESCRITORES POR OCASIÃO DA ENTREGA DA MEDALHA JORGE AMADO A DOM DUARTE DE BRAGANÇA, EM LISBOA, NO DIA 15 DE DEZEMBRO DE 2015
Senhoras e Senhores, Caros Amigos,
A
União Brasileira de Escritores (UBE) é a mais antiga associação de
escritores do Brasil. Criada em 14 de Março de 1942, adquiriu a presente
denominação em 1958. O 1º. Congresso de Escritores, em 1945, foi um
marco de grande repercussão política e social, tendo sido decisivo para o
processo de democratização do Brasil, ao clamar “pelo exercício da
soberania popular.” Essa acção foi decisiva para o fim do regime do
chamado Estado Novo.
A
UBE teve como primeiros e principais líderes Mário de Andrade, Sérgio
Milliet, Sérgio Buarque de Holanda, Manuel Bandeira, Afonso Arinos,
Viana Moog, José Luís do Rego, Paulo Mendes de Almeida e Caio Prado
Junior. Dentre seus membros ilustres figuraram Jorge Amado, Wilson
Martins, Monteiro Lobato, Gilberto Freyre, Carlos Drummond de Andrade,
Florestan Fernandes, Júlio de Mesquita Filho, Menotti del Picchia, João
Cabral de Melo Neto e António Cândido, dentre outros. A UBE tornou-se a
casa do escritor brasileiro, independentemente de sua origem regional,
racial, sexual ou política. Dela fazem parte os ex-presidentes Fernando
Henrique Cardoso e Luís Inácio Lula da Silva.
A
medalha Jorge Amado foi criada para homenagear personalidades notáveis
na área de actuação da UBE. Jorge Amado foi um dos mais representativos
escritores brasileiros de todos os tempos, traduzido em mais de noventa
países, em cinquenta idiomas diversos. Seus romances mais conhecidos
foram “Dona Flor e seus Dois Maridos”; “Tenda dos Milagres”; “Tieta do
Agreste”; “Gabriela, Cravo e Canela”; e “Tereza Baptista Cansada de
Guerra.” Escreveu também “Cavaleiro da Esperança”, a biografia de Luiz
Carlos Prestes.
Como
deputado do Partido Comunista, Jorge Amado foi o responsável pela
criação do dia do escritor, celebrado no Brasil no dia 25 de Julho. Foi
agraciado em 1994 com o prémio Camões, tido como a maior distinção a
escritores na língua portuguesa, e com o melhor reconhecimento que pode
ter um autor: a acolhida no imaginário e na consciência nacional do povo
de seu próprio país, o Brasil.
Jorge
Amado casou-se com Zélia Gattai, também ela uma escritora de grande
talento, autora de “Anarquistas Graças a Deus”, obra memorialista que
retrata a vida dos imigrantes italianos na cidade de São Paulo no início
do século vinte. Zélia Gattai apenas não recebeu melhor reconhecimento
como autora por estar à sombra de seu marido, o grande Jorge Amado.
A
UBE decidiu pela outorga de sua maior honraria a Dom Duarte de
Bragança, por sua incansável acção em prol da lusofonia e, em
particular, por suas gestões no sentido da afirmação da língua
portuguesa. Esses esforços humanísticos de Dom Duarte se fizeram ainda
mais notáveis no tocante ao desenvolvimento do idioma português em Timor
Leste, acções que têm tido o apoio entusiástico do governo e do povo
brasileiro e bem assim aquele da UBE.
A UBE lançou, no dia de hoje, através de seu sítio www.ube.org.br, uma campanha de afirmação da língua portuguesa, com um manifesto, que se encontra aberto para assinaturas.
Parabéns, Dom Duarte de Bragança.
Senhoras e Senhores, Caras Amigas, muito obrigado.
Fonte: UBE
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