“A partir do Momento que um Povo elege os seus representantes, ele não mais é livre” Jean Jacques Rosseau
É conhecido que a legitimidade da Coroa reside ,não na ascendência ou virtudes do Monarca mas na própria Família Real. É desta Instituição que nasce a relação pessoal entre o cidadão e o Estado, algo que persiste em subverter o império dos governos eleitos sobre os povos.
Pesquisas sucessivas na Austrália mostram níveis crescentes de apoio à monarquia depois de um longo período em que o apoio para a mesma era amplamente vista em declínio inexorável. Essa percepção permanece apesar de evidências contrárias, como o fracasso do referendo de 1999 para substituir a Rainha por um governo republicano. Tendo em consideração a indiferença com que os Australianos vêm a Instituição monárquica o fracasso de um República Australiana contradiz as sondagens, algo similar ao que aconteceu com o Brexit e as recentes eleições Norte-Americanas e que merece uma investigação mais ponderada ao que motiva os cidadãos no momento de exercerem o seu voto.
O artigo de Luke Mansillo postula que as forças sociais de socialização política (percepção de proximidade com a Família Real) e de identidade nacional dão suporte à Monarquia e sugere uma forte correlação positiva entre comportamentos negativos da Família Real e a opinião pública de curto prazo ,algo que comprometeu a Instituição Monárquica nos anos 90. Postula que ,apesar de residual (ou mesmo nulo) no contexto de políticas governamentais a figura da Família Real (percepção de proximidade) é crucial como parâmetro daquilo que define a identidade Nacional e em última instância a relação do indivíduo com o próprio Estado e governo eleito.
Apoio popular à República da Austrália
O fracasso da propaganda anti-monárquica, apesar de ter a total indiferença da população segundo as sondagens, chegou ao ponto do canal público SBS sugerir num artigo de um comediante que a única forma de instaurar a República seria “matar a Rainha e atirar o corpo ao rio” como se pode ler aqui
A República como contrário de Monarquia é uma abordagem que só aparece em meados do sec XIX em França com a assumpção do Estado livre como aquele que é governado pela multiplicidade dos seus cidadãos. Diferente ideia mantiveram os ingleses com a continuação da interpretação da Res Pública (Bem Comum) ,que já adviria da Revolução Francesa .Para Estes a Commonwealth (Bem Comum) era a ideia de um Estado Livre que teria como verdadeira antítese a Tirania, o Depotismo, o servilismo e a corrupção, não estando em causa a Monarquia como Instituição ou o Monarca, como escreveria Robespierre : “A República não significa qualquer forma particular de governo” ,outro dos principais obreiros da Revolução de 1789 e grande amigo de Robespierre, Camille Desmoulines: “Por República entendo um Estado Livre , com um rei ou um terratenente ou um governador, ou um imperador, a denominação não tem qualquer efeito”(Les Revolutions de France et de Brabant, 1789-1791).
Uma vitória do Palácio e não da Instituição Monárquica
Um aumento no apoio à monarquia na década de 2000, após os mínimos da década de 1990, não deve surpreender até mesmo o observador casual da opinião pública australiana.Em comparação com as décadas anteriores, a década de 1990 apresentava escândalos reais significativos. Entre eles estão o annus horribilis de 1992, o divórcio de Charles e Diana de 1996 e a morte de Diana em 1997. Paralelamente a esses acontecimentos, o apoio à monarquia na Austrália diminuiu abruptamente de 58% em 1990 para 40% em 1993, E depois diminuiu para 34 % em 1998. Desde então, o apoio tem aumentado. Em 2010, 42% da população pesquisada expressou apoio à monarquia. De 2010 a 2013, houve outro aumento no apoio – de 42 para 47 por cento. Isto foi inferior ao ponto alto de 60 por cento em 1987-88, mas significativamente superior ao nível de apoio em 1998.
Os anos mais recentes viram melhorias consideráveis no perfil público da Monarquia, culminando no casamento do príncipe William a Catherine Middleton em 2011, e os nascimentos do príncipe George e da princesa Charlotte em 2013 e em 2015. Isso permitiu que as gerações mais jovens dos australianos desenvolvessem atitudes mais positivas em relação à Monarquia e exposição às representações diárias da monarquia no simbolismo do Estado para reparar as atitudes dos mais velhos.
Ricardo Gomes da Silva
Ainda tem grandes chances do princípe Charles renunciar em nome de seu filho William.
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