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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

NA REVOLUÇÃO DO SIÃO SÓ ESCAPARAM OS PORTUGUESES

Foto de Nova Portugalidade.

Há cerca de cinco anos, vivia então na Tailândia, dediquei uma semana de folga para uma viagem na companhia de um simpático grupo de académicos tailandeses. Passámos por Ayutthaya, em revisitação dos lugares por onde passaram, viveram e morreram gerações de portugueses; ecos grandiosos e esforçados de uma gesta que teima em assomar à lembrança, mesmo quando, regressados e fechados ao autismo da micro-Europa, as pedras das casas, dos entrepostos e das igrejas entretanto caídas em ruínas nos dizem que fomos grandes, que arrostámos perigos, que o mundo suspendeu a respiração perante a nossa feroz ousadia.

Passagem por Lopburi, cem quilómetros a norte de Ayutthya, antiga capital do Sião, onde o Rei Narai mandou edificar um palácio. Este lugarejo, agora entregue ao formigueiro do bazar e dos trabalhos agrícolas, foi testemunha de uma tragédia.

Constantino Falcão, o aventureiro grego que servira e traíra os britânicos, que se servira dos missionários portugueses para ganhar a confiança do monarca siamês para logo se transformar em factotum dos franceses, aqui mandou construir um verdadeiro palácio. O homem, vindo do nada mas cheio de expediente e inteligência, galgou a hierarquia do mandarinato até se transformar na eminência parda do monarca. Encheu-lhe a cabeça de mirabolantes ideias imperiais, precipitou uma crise nas relações com os holandeses da VOC e com os ingleses da Companhia das Índias e mancomunou-se com os padres das Missions Etrangères de Paris, que serviam mais os ânimos do Rei Sol que o interesse dessas muitas comunidades católicas que Jesuítas e Dominicanos portugueses haviam laboriosamente constituído ao longo de dois séculos.

O nosso embaixador Pero Vaz de Siqueira ali esteve em 1686 na vã tentativa de alertar o Grande Rei thai para os perigos em que incorria ao franquear as portas a esses sui generis prelados franceses, génios da calúnia anti-portuguesa e mansos servos da megalomania do monarca de Versalhes. Em vão, pois não lhe deram ouvidos.

O Grego subiu ao zénite, fez da sua casa o emblema do triunfo e fortuna. Os siameses - o povo, a nobreza, o exército - não gostaram. A água transbordou quando se fez constar que os missionários franceses se preparavam para converter o Grande Rei. A indignação atingiu o rubro quando um exército francês desembarcou em Bangkok com a pueril desculpa de vir "proteger o Sião". Revolta popular, revolta do exército, aprisionamento do monarca, já doente e incapaz de controlar os acontecimentos. O Grego foi apanhado à porta da sua sumptuosa mansão, arrastado pelas ruas, cortado às postas e dado a servir à canzoada faminta. Os missionários franceses fugiram e só conseguiram sobreviver graças à protecção dos bons padres portugueses. Quanto ao corpo expedicionário francês, meteu a cauda entre as pernas e retirou-se sem dar protecção àqueles que o haviam mandado vir. Ao olhar para estas ruínas, paradigma da inutilidade de tanto esforço, não posso deixar de me lembrar que os padres portugueses e os católicos por eles semeados eram - e continuaram a ser - respeitados por terras do Sião. Em frente à casa do Grego, a suprema ironia. A rua que conduz às ruínas exibe o nome de Avenue de France !

Miguel Castelo-Branco 


Foto: Lopburi, ruínas do palácio de Constantino Falcão.+



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