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A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO

A CAUSA REAL NO DISTRITO DE AVEIRO
Autor: Nuno A. G. Bandeira

Tradutor

domingo, 24 de dezembro de 2017

RECORDAR UMA GRANDE RAINHA: DONA MARIA I DE PORTUGAL, BRASIL E ALGARVES

Foto de Nova Portugalidade.

Muito difamada, em parte, pelo modo enérgico como agiu com o Marquês de Pombal, Maria I marcou os últimos anos felizes do império. A sua vida foi de mudança profunda. Última monarca portuguesa a nascer no Palácio da Ribeira, destruído pelo devastador terramoto de 1755, Maria veio ao mundo quando reinava ainda o seu avô, João V. Aos 16 anos, tornando-se Rei o seu pai Dom José, Maria tomou os títulos de Princesa do Brasil e de Duquesa de Bragança.
Em 1760, a Princesa do Brasil contraiu matrimónio com o seu tio, Dom Pedro. A solução é fácil de entender e prendia-se com a vontade portuguesa em evitar que a dinastia de Bragança se visse substituída por outra caso Maria desposasse varão exterior à família. Mas a união entre tio e sobrinha, tendo servido propósito político, tornou-se-lhes natural e era animada por fortes sentimentos. Pedro e Maria desenvolveram grande intimidade e foram, ao que tudo indica, casal muito feliz. Tiveram seis filhos, o segundo dos quais, Dom João, sucederia a Maria como Rei em 1816.
O seu reinado foi de intensa actividade económica, legislativa, científica e diplomática da parte do Estado português. Lançaram-se grandes campanhas de exploração em África, das quais merecem destaque as realizadas por Francisco de Lacerda para a exploração do interior africano entre Moçambique e Angola. Essas expedições, infelizmente goradas, anteciparam em muitas dezenas de anos as do britânico David Livingstone. A Rainha foi ainda responsável pela fundação da Academia Real de Ciências de Lisboa e da Real Biblioteca Pública da Corte, predecessora directa das actuais bibliotecas nacionais de Portugal (Biblioteca Nacional de Portugal) e do Brasil (Biblioteca Nacional do Brasil). Fez ainda a Casa Pia e a Academia Real da Marinha, uma das várias instituições de ensino superior de capital que acabariam fundidas em 1911 para que delas se criasse a Universidade de Lisboa. Na activa política diplomática que desenvolveu, a Rainha assinou ainda tratados comerciais de importância com a Prússia e a Rússia, nação com que Portugal acordou ainda um tratado de amizade e aliança militares. Mais, foi durante o reinado de Maria que Portugal expulsou da baía de Lourenço Marques, em Moçambique, o contingente austríaco que lá se tinha instalado. Já o seu alvará de 1785 limitando a criação por privados de novas indústrias no Brasil, muito mal compreendido pela historiografia tendenciosa que quis ver nele prova de má-vontade com o Brasil, deve entender-se como tributário da ideia de vantagem comparativa que Adam Smith, e depois David Ricardo, desenvolveram.
A Rainha Dona Maria foi afastada da liderança do Estado em 1792 por motivo de grave enfermidade mental. Se enlouqueceu devido a dramas pessoais - o Rei Dom Pedro III, de quem era muito próxima, faleceu em 1786, e o Príncipe do Brasil, herdeiro da Coroa, morreu dois anos depois - ou por outro motivo, não nos é dado saber. Parece muito provável que a Rainha tenha sofrido de porfiria, a maleita que perseguiu também Jorge III do Reino Unido. Conhecendo a enfermidade do monarca britânico, Lisboa requisitou o seu médico pessoal, Dr. Francis Willis, para que viesse a Lisboa tratar a soberana debilitada. Willis assim fez, mas retornou a Londres irritado com as restrições a que os portugueses submeteram os seus métodos.
Não voltando a recuperar da doença, a Rainha afastou-se definitivamente dos negócios públicos, que passaram às mãos do Príncipe do Brasil, agora Príncipe-Regente, Dom João. Foi já Dom João quem determinou a participação portuguesa na campanha do Rossilhão (1793-95) contra a França revolucionária, assim como o envio da Armada portuguesa contra a da França para o Canal da Mancha e o Mediterrâneo. Em 1801, a mesma Espanha por cuja defesa Portugal tanto sacrificara no Rossilhão mudou de lado e, aliando-se à Espanha, declarou-nos guerra para anexar Olivença. Em 1807, nova invasão franco-espanhola obriga à transferência da corte para o Brasil, de onde Maria I reinaria até à morte. Dirigindo-se ao Brasil, Maria foi a primeira monarca da História europeia a pisar solo americano, e a única, com João VI, a haver reinado sobre um império europeu sediada nas Américas. Foi ainda, a partir de 1815, a primeira soberana especificamente brasileira, pois tomou o título de Rainha do Brasil. E foi, por fim, a primeira mulher a aceder de pleno direito e sem controvérsia à coroa portuguesa. Sem dúvida, uma senhora notável.

RPB


Foto de Nova Portugalidade.

Foto de Nova Portugalidade.

Foto de Nova Portugalidade.

Foto de Nova Portugalidade.
Maria I e Pedro III, pela Graça de Deus Reis de Portugal e dos Algarves.


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