No fundo esta república nunca foi dirigida por pessoas sérias mas por
evangelistas da boa vida. Uns escroques com outros escroques que sabiam
ler fizeram uma revolução em 1910. À lei da bala. Seguiu-se o caos até
1926. À lei da bala. Segui-se uma ditadura. À lei da bala e da refrega.
Seguiu-se uma "revolução" em 1974. Os escroques voltaram e com eles
muitos oportunistas que sabiam ler. Escreveram uma constituição
surrealista e montaram uma feira de vaidades. O país foi vendo, fica a
ver. Porquê? Porque emprenhamos em demasia pelos ouvidos. Temos um
estômago manso e ávido das promessas não cumpridas, todas elas floreadas
pelas armas apontadas à nossa consciência. Que República exemplar. Os
evangelistas dos cravos ainda foram mais longe que a demagogia dos
terroristas da I República, trocaram as emboscadas e as armas pelo
gatilho das palavras: – ... viva a liberdade que vos "damos", ide
curtir, está tudo bem, olhai para a frente, cuidado com o passado, quais
valores? isso é reacção... Há!... não se esqueçam de nos dar o vosso
voto, sejam democratas em nome da Liberdade que conquistamos para vós,
deêm-nos "meios", "nós" não somos como os demais. Sejam iguais, lindos,
ricos, famosos em todas as áreas e mais algumas, não se preocupem com
pátrias, a moeda única de duas caras há-de dar-nos o conforto do
socialismo rosa-laranja, bronzeiem-se, povão, que alguém há-de pagar
caro a vida que "nós" proclamamos e que vocês, de certo modo, merecem...
João Amorim
Fonte: Os Carvalhos do Paraíso
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